Bento XVI: com Cristo é possível superar o muro da morte

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Intervenção por ocasião do Ângelus

Apresentamos as palavras que Bento XVI dirigiu neste domingo, ao rezar a oração mariana do Ângelus junto a milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.    

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Queridos irmãos e irmãs:


Faltam apenas duas semanas para a Páscoa e todas as leituras bíblicas deste domingo falam da Ressurreição. Mas não da ressurreição de Jesus, que irromperá como novidade absoluta, e sim da nossa ressurreição, à qual aspiramos e que Cristo propriamente nos doou, ressurgindo dentre os mortos. A morte representa para nós uma espécie de muro que nos impede de ver além; no entanto, nosso coração tenta ver para além desse muro e, ainda que não possamos conhecer o que esconde, nós o pensamos, imaginamos, expressando com símbolos nosso desejo de eternidade.

O profeta Ezequiel anuncia ao povo judeu, em exílio, afastado da terra de Israel, que Deus abrirá os sepulcros dos deportados e os fará voltar à sua terra, para descansar em paz (cf. Ez 37, 12-14). Esta aspiração ancestral do homem a ser sepultado junto a seus pais é o anseio de uma "pátria" que o receba no final de suas fadigas. Esta concepção não implica a ideia de uma ressurreição pessoal da morte, pois esta só apareceu no final do Antigo Testamento e, na época de Jesus, ainda não era compartilhada por todos os judeus. De fato, inclusive entre os cristãos, a fé na ressurreição e na vida eterna é acompanhada por muitas dúvidas, por muita confusão, porque se trata de uma realidade que supera os limites da nossa razão e exige um ato de fé. No Evangelho de hoje - a ressurreição de Lázaro -, ouvimos a voz da fé dos lábios de Marta, a irmão de Lázaro. Jesus lhe diz: "Teu irmão ressuscitará" e ela responde: "Sei que ele ressuscitará no último dia" (Jo 11, 23-24). E Jesus afirma: "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá" (Jo 11, 25-26). Esta é a verdadeira novidade, que irrompe e supera toda barreira! Cristo derruba o muro da morte; nele se encontra toda a plenitude de Deus, que é vida, vida eterna. Por isso, a morte não teve poder sobre ele; e a ressurreição de Lázaro se converte em sinal do seu domínio sobre a morte física, que diante de Deus é como um sonho (cf. Jo 11, 11).

Mas há outra morte, que custou a Cristo a luta mais dura, inclusive o preço da cruz: trata-se da morte espiritual, do pecado, que corre o risco de arruinar a existência do homem. Cristo morreu para vencer esta morte e sua ressurreição não é a volta à vida precedente, mas a abertura a uma nova realidade, a uma "nova terra", finalmente reconciliada com o céu de Deus. Por este motivo, São Paulo escreve: "Se o Espírito daquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos habita em vós, aquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós" (Romanos 8,11).
Queridos irmãos, confiemo-nos a Nossa Senhora, que já participa desta ressurreição, para que nos ajude a dizer com fé: "Sim, Senhor, eu creio que tu és o Messias, o Filho de Deus" (Jo 11, 27), a descobrir que Ele é verdadeiramente a nossa salvação.

[Tradução: Aline Banchieri.
©Libreria Editrice Vaticana]   

CIDADE DO VATICANO, domingo, 10 de abril de 2011 (ZENIT.org)

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