Estudo: nascituros podem diferenciar toques e dor no útero

Bruno Linhares, Blogueiro católico

(tradução do original publicado no site LifeNews.com em 09/09/2011)

Um novo estudo da Inglaterra descobriu que nascituros (bebês em gestação) têm a capacidade de diferenciar toques de dor dentro do útero e são capazea de fazê-lo até mesmo antes de 28-35 semanas de gravidez. Outros estudos mostraran que os nascituros podem experimentar dor muito antes.

Conduzido por pesquisadores da University College London, o estudo descobriu que nascituros podem sentir dor por volta da 35ªsemana de gravidez. Os cientistas determinaram isso utilizando EEG (Eletroencefalgrama) para registrar a atividade cerebral em resposta à dor e comparando as respostas a um toque positivo contra uma dolorosa punção no pé.

“Bebês conseguem distinguir estímulos dolorosos como diferentes de um toque comum por volta de 35 a 37 semanas de gestação – exatamente quando um nascituro normalmente nasce”, Lorenzo Fabrizi, líder da pesquisa, contou à ABC News sobre o estudo publicado no jornal Current Biology.

Os bebês que a pesquisa avaliou foram da idade entre 28 e 35 semanas de gestação e eles todos mostraram os mesmos níveis elevados de atividade cerebral para tanto toque como punção, mas o estudo mostrou que bebês com 35 semanas tinham uma resposta de atividade cerebral maior para a punção que para o toque.

Dr. David Prentice, ex-professor de biologia da Indiana State University que agora é filiado ao Family Reserch Council, contou à LifeNews que a dor fetal não é um conceito novo e que é medido muito antes do que os estudos sugerem. Ele também alerta sobre a interpretação do estudo, apontando que uma matéria ABC News dizendo “Bebês sentem dor da 35ª a 37ª semanas de desenvolvimento, dizem os especialistas” é imprecisa e conduz ao erro.

“É importante para as pessoas compreenderem que o estudo sugere que nascituros podem diferenciar o toque da dor às 35 semanas”, diz Prentice. “Mas numerosos estudos documentaram que os nascituros podem certamente sentir dor bem antes deste ponto em suas vidas.

De fato, abortistas já estão usando o estudo para tentar fazer parecer que a dor fetal não se desenvolve até a porção mais tardia da gravidez

Dr. F. Sessions Cole, diretor da divisão de medicina nascitura na Washington University School of Medicine de St. Louis, disse à ABC, “As descobertas … devem ajudar a informar a percepção da porção da dor no debate sobre o aborto. Embora esse estudo trate especificamente da diferença das ondas cerebrais entre prematuros e bebês prestes a nascer, não fetos, depois de receber estîmulos dolorosos e táteis, ele sugere que a maturação cerebral requerida para percepção fetal da dor ocorre ao final da gestação, mais de 11 semanas depois do limite legal para o aborto nos EUA.”

E o blog pró-aborto Jezebel respondeu a essa história com um artigo entitulado “Mais um estudo que sugere que leis para ‘dor fetal’ são totalmente furadas.”

Mas o líder da pesquisa Dr. Lorenzo Fabrizi diz: “É claro, bebês não podem nos dizer como se sentem, então é impossível saber o que os bebês realmente experimentam. Nós não podemos dizer que antes dessa mudança na atividade cerebral eles não sentem dor.”

Enquanto isso, Mary Spaulding Balch, uma agente pró-vida ligada ao National Right to Life Commitee que é o principal autor do projeto de lei sobre dor fetal que foi aprovado em vários estados, disse à LifeNews que o estudo não é uma refutação de outras pesquisas por trás da legislação.

“Este estudo foca na maturação da diferenciação do córtex cerebral do toque para a dor”, diz Balch. “Ele não trata da evidência médica substancial, de que no cérebro há o tálamo, e que mais que o córtex cerebral, ele é que é o principal responsável pela percepção da dor. Enquanto o córtex cerebral possa afetar a reação e a modulação da dor percebida, crianças que nascem com ausência de maior parte do córtex cerebral, aquelas com hidranencefalia, mesmo assim experimentam dor – e em adultos, a estimulação ou ablação do córtex cerebral não altera a percepção da dor, enquanto a estimulação ou ablação do tálamo, sim.”

“Uma nota importante encontrada no estudo, no entanto, é que ele não descobriu diferença na percepção ou reação neural à dor baseada em se a criança estava dormindo ou acordada”, destacou Balch. “Isso traz à discussãouma das reivindicações centrais do Grupo de Trabalhos da Royal College of Obstetrics and Gynaecology, de que nascituros estão em um estado de adormecimento que, de acordo com o grupo, os previne de sentir dor.”

A ciência por trás do conceito da dor fetal está completamente estabelecida e o Dr. Steven Zielinski, um físico-médico interno de Oregon, é um dos líderes nas pesquisas sobre este assunto. Ele publicou relatórios pela primeira vez nos anos 80 para validar pesquisas mostrando evidências disso.

Ele testemunhou perante o Congresso que um nascituro pode sentir dor desde “oito semanas e meia de vida e possivelmente antes” e que um bebê antes do nascimento “sob as circunstâncias corretas, é capaz de chorar”.

Ele e seus colegas Dr. Vincent J. Collings e Thomas J. Marzen foram os pesquisadores principais que apontaram para a dor fetal décadas atrás. Collings, antes de morrer, era Professor de Anestesiologia na Northwestern University e na University of Illinois e autor de “Princípios da Anestesiologia”, um dos maiores textos médicos sobre o controle da dor.

“A estrutura neurológica funcional necessária para se sofrer dor é formada no começo do desenvolvimento uterino da criança”, ele escreveu.

“Estruturas neurológicas funcionais necessárias para a sensação da dor já existem às por volta das 8 semanas, mas certamente pela 13ªsemana e meia de gestação. Nervos sensoriais, incluindo nociceptores, alcançam a pele do feto antes da 9ª semana de gestação. A primeira atividade cerebral detectável ocorre no tálamo entre a 8ª e 10ª semanas. O movimento dos impulsos elétricos através das fibras neurais e da coluna espinhal aparece entre a 8ª e 9ª semanas. Às 13 semanas e meia, todas as funções do sistema nervoso sensorial, por completo, em todas as partes do corpo”, ele continua.

Com Zielinski e seus colegas, os primeiros a proverem uma base científica para o conceito de dor fetal, Dr. Kanwaljeet Anand do Centro Médico da University of Arkansas, forneceu pesquisas adicionais para substanciar seu trabalho.

Ele disse que ele e outros especialistas no desenvolvimento de nascituros mostraram que bebês sentem dor antes de nascer antes de 20 semanas de gravidez. Anand disse que muitos estudos médicos concluem que nascituros são “muito provavelmente” “extremamente sensíveis à dor, durante a gestação, da 20ª a 30ª semanas”.

“Isso é baseado em múltiplas linhas de evidência”, diz Dr. Anand. “Não apenas a ausência de fibras inibitórias descendentes, mas também o número de receptores na pele, o nível de expressão de várias químicas, neurotransmissores, receptores e coisas como essas”.

Anand explica que procedimentos de aborto tardio, como o “aborto por nascimento parcial”, “seria capaz de causar grande dor”.

Outros cientistas se uniram a eles na validação da dor fetal.

“Os tratos neurais estão presentes para a experiência da dor muito cedo em nascituros”, explica o Doutor Steven Calvin, perinatologista, que possui cadeira no Programa de Direitos Humanos na Medicina, University of Minnesota, onde ele leciona obstetrícia.

Dra. Jean Wright, uma anestesiologista especializada em Cuidados Médicos Pediátricos Críticos, também confirmou a existência de dor fetal durante um depoimento no Congresso.

“Um feto nascituro após 20 semanas de gestação, tem todos os pré-requisitos anatômicos, fisiológicos, hormonais, neurotransmissores e corrente elétrica para fechar o loop e criar as condições necessárias para se perceber a dor. De um jeito similar para explicar a fiação elétrica em uma casa nova, nós poderíamos explicar que o circuito está completo, da pele ao cérebro”, ela disse.

E o Dr. Richard T. F. Schmidt, antigo Presidente do American College of Obstetricians and Gynecologists, confirma: “Pode ser claramente demonstrado que os fetos procuram se esquivar de certos estímulos do mesmo jeito que uma criança ou um adulto faria, como reação à dor”.

Além disso, um estudo britânico publicado em Abril de 2006 também confirmou a dor fetal. Publicado no Journal of Neuroscience pelo time da University College London, o estudo analizou varreduras cerebrais tomadas em bebês prematuros (já nascidos) quando era retirado sangue deles.

Os resultados revelaram que bebês da idade de 24 semanas após o parto podem sentir dor e os pesquisadores esperam que os estudos conduzam a novos métodos de tratamento da dor.

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