Apoio da Igreja e dos católicos evita aborto “já autorizado pela justiça”.

 

A adolescente de 14 anos, grávida de quatro meses após sofrer abusos do pai, não vai mais abortar a criança que espera.

Segundo o tio da menina, o soldador Urbano Silva Ataíde, 50, a decisão foi tomada em conjunto pela família após receberem a visita de religiosos um dia antes da data marcada para a realização do procedimento autorizado pela Justiça. “Estava tudo programado para que o aborto fosse na segunda-feira (20), mas antes, no domingo, veio um grupo de pessoas da igreja católica para conversar e mostrar que tirar a vida da criança não seria a melhor atitude e que há outras soluções para esse problema, como a adoção”, conta Urbano. “Até a Elba Ramalho [cantora e católica fervorosa] ligou para a minha sobrinha para conversar pessoalmente e pedir para que ela não fizesse o aborto.”

RELEMBRE O CASO

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De acordo com uma das tias da menina, que prefere não se identificar, a decisão inicial de abortar foi precipitada e tomada num momento de muito nervosismo.

Ela conta que durante a visita dos religiosos foi apresentado um vídeo aos familiares, mostrando como é o procedimento de interrupção da gravidez. “Vimos que nesse estágio, após 16 semanas de gestação, há muito sofrimento para o feto. Estávamos vendo apenas o nosso lado e não o da criança que vai nascer e não tem culpa de nada”, conta a tia.

No entanto, acrescenta ela, a decisão do cancelamento do aborto começou a surgir logo após os exames feitos na adolescente para saber se o bebê apresentava algum tipo de problema de formação. “A saúde da criança está ótima, graças a Deus, pois havia o risco de apresentar alguma anomalia pelo fato do grau de parentesco dos pais, mas vimos que o bebê já está formado e será uma menina”, lembra.

De acordo com Urbano, a intenção da adolescente agora é dar a criança para adoção. “Ela está satisfeita por evitar tirar uma vida e ainda poder fazer outra família feliz”, diz.

Segundo ele, a garota já começou a ter acompanhamento psicológico para enfrentar a gravidez e está sob os cuidados das tias – a mãe abandonou os filhos há cerca de um ano.

Apelo/ Conforme os familiares da adolescente, entre os integrantes do grupo de católicos que visitou a residência estava o arcebispo metropolitano de Sorocaba, Dom Eduardo Benes de Sales, que na semana retrasada deu início a uma cruzada religiosa contra o aborto.

No dia 17, após a divulgação da intenção da menor em acabar com a gestação, Dom Eduardo enviou uma nota ao BOM DIA onde reconhecia a tragédia pessoal da menina, mas se posicionava contra a interrupção da gravidez e conclamava a sociedade a ajudar a adolescente a criar o filho.

Já no dia 19, o arcebispo ainda ofereceu a missa de encerramento do 29º Cenáculo de Sorocaba em intenção da manutenção da vida. “Ofereço especialmente esta missa para uma criança que está sendo testada no seu quarto mês de gestação”, disse.

Ontem, o BOM DIA tentou entrar em contato com o arcebispo para saber mais detalhes sobre a intervenção realizada junto a família da adolescente, mas ele não estava na cidade e o diácono responsável por acompanhá-lo nas conversações não tinha autorização para falar em nome da igreja.

Entenda o caso/ No dia 14, o pedreiro Alexandre Vieira, 37, foi preso em flagrante acusado de tentativa de estupro contra uma das três filhas adolescentes. Em depoimento, a vítima, de 14 anos, confirmou que estava grávida do pai e que era abusada desde os 12 anos. A filha mais velha, 17, também teria sofrido abusos.

De acordo com Ana Luiza Salomone, delegada da Mulher de Sorocaba, responsável pelo caso, o pedreiro continua preso na Cadeia Pública de Pilar do Sul, onde aguarda julgamento pelos crimes de tentativa de estupro e estupro de vulneráveis.

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