Família

Apoio da Igreja e dos católicos evita aborto “já autorizado pela justiça”.

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A adolescente de 14 anos, grávida de quatro meses após sofrer abusos do pai, não vai mais abortar a criança que espera.

Segundo o tio da menina, o soldador Urbano Silva Ataíde, 50, a decisão foi tomada em conjunto pela família após receberem a visita de religiosos um dia antes da data marcada para a realização do procedimento autorizado pela Justiça. “Estava tudo programado para que o aborto fosse na segunda-feira (20), mas antes, no domingo, veio um grupo de pessoas da igreja católica para conversar e mostrar que tirar a vida da criança não seria a melhor atitude e que há outras soluções para esse problema, como a adoção”, conta Urbano. “Até a Elba Ramalho [cantora e católica fervorosa] ligou para a minha sobrinha para conversar pessoalmente e pedir para que ela não fizesse o aborto.”

RELEMBRE O CASO

-Polícia investiga estupro a adolescente
-Arcebispo clama para adolescente evitar o aborto

De acordo com uma das tias da menina, que prefere não se identificar, a decisão inicial de abortar foi precipitada e tomada num momento de muito nervosismo.

Ela conta que durante a visita dos religiosos foi apresentado um vídeo aos familiares, mostrando como é o procedimento de interrupção da gravidez. “Vimos que nesse estágio, após 16 semanas de gestação, há muito sofrimento para o feto. Estávamos vendo apenas o nosso lado e não o da criança que vai nascer e não tem culpa de nada”, conta a tia.

No entanto, acrescenta ela, a decisão do cancelamento do aborto começou a surgir logo após os exames feitos na adolescente para saber se o bebê apresentava algum tipo de problema de formação. “A saúde da criança está ótima, graças a Deus, pois havia o risco de apresentar alguma anomalia pelo fato do grau de parentesco dos pais, mas vimos que o bebê já está formado e será uma menina”, lembra.

De acordo com Urbano, a intenção da adolescente agora é dar a criança para adoção. “Ela está satisfeita por evitar tirar uma vida e ainda poder fazer outra família feliz”, diz.

Segundo ele, a garota já começou a ter acompanhamento psicológico para enfrentar a gravidez e está sob os cuidados das tias – a mãe abandonou os filhos há cerca de um ano.

Apelo/ Conforme os familiares da adolescente, entre os integrantes do grupo de católicos que visitou a residência estava o arcebispo metropolitano de Sorocaba, Dom Eduardo Benes de Sales, que na semana retrasada deu início a uma cruzada religiosa contra o aborto.

No dia 17, após a divulgação da intenção da menor em acabar com a gestação, Dom Eduardo enviou uma nota ao BOM DIA onde reconhecia a tragédia pessoal da menina, mas se posicionava contra a interrupção da gravidez e conclamava a sociedade a ajudar a adolescente a criar o filho.

Já no dia 19, o arcebispo ainda ofereceu a missa de encerramento do 29º Cenáculo de Sorocaba em intenção da manutenção da vida. “Ofereço especialmente esta missa para uma criança que está sendo testada no seu quarto mês de gestação”, disse.

Ontem, o BOM DIA tentou entrar em contato com o arcebispo para saber mais detalhes sobre a intervenção realizada junto a família da adolescente, mas ele não estava na cidade e o diácono responsável por acompanhá-lo nas conversações não tinha autorização para falar em nome da igreja.

Entenda o caso/ No dia 14, o pedreiro Alexandre Vieira, 37, foi preso em flagrante acusado de tentativa de estupro contra uma das três filhas adolescentes. Em depoimento, a vítima, de 14 anos, confirmou que estava grávida do pai e que era abusada desde os 12 anos. A filha mais velha, 17, também teria sofrido abusos.

De acordo com Ana Luiza Salomone, delegada da Mulher de Sorocaba, responsável pelo caso, o pedreiro continua preso na Cadeia Pública de Pilar do Sul, onde aguarda julgamento pelos crimes de tentativa de estupro e estupro de vulneráveis.

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A Vasectomia pode “invalidar” o matrimônio?

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A vasectomia é uma intervenção cirúrgica que visa a esterilização do homem.

A Igreja Católica aprova essa intervenção ou qualquer outra que provoque a esterilização?

O Catecismo da Igreja Católica, em seu nº 2399, afirma que:

“A regulação da natalidade representa um dos aspectos da paternidade e da maternidade responsáveis. A legitimidade das intenções dos esposos não justifica o recurso a meios moralmente inadmissíveis (por exemplo, a esterilização direta ou a contracepção.”

Desta forma, a vasectomia, enquanto esterilização direta, é reprovada pela Igreja. Mas, sabe-se que existem situações que indiretamente contribuem para a esterilização, como, por exemplo, a extração de um tumor nos testículos. Nesse caso, não há problema.

A fim de aprofundar o tema, reportamo-nos a uma resposta da Congregação pda Doutrina da Fé a Conferência Episcopal norte-americana “Haec Sacra Congregatio”, de 13 de março de 1975, cujo teor transcrevemos:

Qualquer esterilização que, por si mesma ou por sua natureza e condição própria, tem por único efeito tornar incapaz a potência procriadora deve ser considerada esterilização direta., assim como é entendida pela pelas declarações do Magistério pontifício, especialmente de Pio XII.

Por isso, ela permanece absolutamente proibida segundo a doutrina da Igreja, não obstante toda reta inteção subjetiva dos que a praticam no intuito de curar ou de prevenir um mal físico ou psíquico que se pode prever ou recear como consequência de uma gravidez. E a esterilização da faculdade procriadora mesma é proibida mais estritamente ainda que a esterilização de atos determinados, porque acarreta para a pessoa quase sempre um estado de esterilidade irreversível.

E não vale invocar mandato da autoridade pública que, pretextando a necessidade do bem comum, queira impor uma esterilização direta, pois isso lesaria a dignidade e inviolabidade da pessoa humana.

Também não se pode invocar aqui o princípio de totalidade pelo qual as intervenções nos órgaos são justificados pelo bem superior da pessoa; uma esterilidade procurada em si não visa o bem integral da pessoa humana desejado do modo justo, “guardada a ordem das coisas e dos bens”, pois ela causa dano a seu bem ético, que é o mais elevado, já que deliberadamente, priva de seu elemento essencial a atividade sexual prevista e livremente escolhida. Por essa razão, o art. 20 do Código de ética médica, promulgado pela Conferência em 1971, traduz fielmente a doutrina a ser guardada e cuja observação deve ser urgida.

Confirmando esta doutrina tradicional da Igreja, a Congregação não ignora o fato de existir a respeito dela dissensão da parte de diversos teólolgos. Nega, porém, que a este fato se possa dar um significado teológico, como se constituísse um ‘lugar teológico’ que os fiéis poderiam invocar para, preterindo o magistério autêntico, aderir às posições dos teólogos que dele se afastam.”

No caso de a intervenção direta ser irreversível, uma sugestão é que a pessoa faça penitência, pois, a ideia de que o sexo não terá como consequência uma nova vida, pode induzi-la a aventurar-se em terrenos pecaminosos, com fins egoístas. Trata-se de um conselho espiritual, pois a Igreja entende que há algo de ruim na esterilização direta, seja pela vasectomia ou pela laqueadura.

Em 11 de agosto de 1936, o Santo Ofício emitiu uma resposta, cujo teor pode ser aqui utilizado:

“Uma esterilização feita com esta finalidade, a saber, de impedir uma descendência, é uma ação intrinsecamente má, por ausência do direito no agente; e por isso ela é proibida pela própria lei natural, seja ela efetuada por força de uma autoridade privada ou de uma autoridade pública.”

Um outro ponto importante é o de que a vasectomia não invalida o sacramento do matrimônio. A Congregação para a Doutrina da Fé emitiu no dia 13 de maio de 1977, um documento sobre o assunto. Nele, explica que o que pode invalidar um matrimônio é a impotência, portanto, não é o caso da vasectomia.

O documento mencionado sanou às seguintes dúvidas: “se a impotência, que faz nulo o matrimônio, consiste na incapacidade, antecedente e perpétua, seja absoluta, seja relativa de consumar a cópula conjugal.

Em caso de que se responda afirmativamente, se para a cópula conjugal se requer de maneira necessária a ejaculação do sêmem formado nos testículos. A primeira foi respondida: “sim”; a segunda: “não”.

Esta informação não invalida o fato de que a vasectomia é considerada imoral pela doutrina da Igreja, trata-se apenas de informar que alguém que tenha sido submetido a tal intervenção cirúrgica é passível de contrair um matrimônio válido.

Que todos possam ter sempre em mente que “a fecundidade é um bem, um dom, um fim do casamento. Dando a vida, os esposos participam da paternidade de Deus” (CIC 2399).

Fonte: Padre Paulo Ricardo

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A preciosa Bênção dos Pais

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A importância da bênção dos pais na vida dos filhos

Quando eu era criança, estava acostumado a pedir a bênção aos meus pais – a qualquer hora que saísse ou chegasse em casa, – naquele apressado “Bença, pai!”, “Bença, mãe!”, tão apressado que quase não ouvia a resposta. Todos nós, quando crianças, estávamos tão acostumados a pedir a bênção dos pais que, quando saíamos sem ela, parecia-nos que faltava algo à nossa segurança ou ao sucesso de nossos planos… Ao menos quatro vezes por dia eu e meus oito irmãos pedíamos a bênção a nossos pais: ao acordar, ao irmos para a escola, ao voltar da escola, e ao se deitar.

Hoje, passados os anos, tenho profunda consciência da importância da bênção dos pais na vida dos filhos. É a Sagrada Escritura que nos alerta da necessidade dessa bênção. Toda a Bíblia está repleta de passagens indicando a importância que Deus dá aos pais na vida dos filhos. Os pais são os cooperadores de Deus na criação dos filhos e, dessa forma, são também um canal aberto para que a bênção divina chegue aos filhos.

O livro do Deuteronômio registra o quarto mandamento: “Honra teu pai e tua mãe, como te mandou o Senhor, para que se prolonguem teus dias e prosperes na terra que te deu o Senhor teu Deus” (Dt 5,16). Desta forma, Deus promete vida longa e prosperidade àqueles que honram os pais. São Paulo disse que esse é “o primeiro mandamento acompanhado de uma promessa de Deus” ( Ef 6,2).

Os livros dos Provérbios e do Eclesiástico estão cheios de versículos que trazem a marca da presença dos pais. Eis um deles: “A bênção paterna fortalece a casa de seus filhos, a maldição de uma mãe a arrasa até os alicerces” (Eclo 3,11). Esse versículo mostra que a bênção dos pais (e também a maldição!) não é simplesmente uma tradição do passado ou mera formalidade social. Muito mais do que isso, a Escritura nos assegura que a bênção dos pais é algo eficaz e real, isto é, um meio que Deus escolheu para agraciar os filhos. Deus quis outorgar aos pais o direito e o poder de fazer a Sua bênção chegar aos filhos. É a forma que Deus usou para deixar clara a importância dos pais. Analisemos estas passagens marcantes:

“Ouvi, meus filhos, os conselhos de vosso pai, segui-os de tal modo que sejais salvos. Pois Deus quis honrar os pais pelos filhos, e cuidadosamente fortaleceu a autoridade da mãe sobre eles.

Quem honra sua mãe é semelhante àquele que acumula um tesouro. Quem honra seu pai achará alegria em seus filhos, será ouvido no dia da oração. Honra teu pai por teus atos, tuas palavras, tua paciência, a fim de que ele te dê sua bênção, e que esta permaneça em ti até o teu último dia. Pois um homem adquire glória com a honra de seu pai,      e um pai sem honra é a vergonha do filho. Como é infame aquele que abandona seu pai, como é amaldiçoado por Deus aquele que irrita sua mãe!” (Eclo 3, 2-3.5-6.9-10.13.18).

Todos esses versículos do capítulo 3 do Eclesiástico mostram claramente a grande importância que Deus dá aos pais na vida dos filhos e, de modo especial, à bênção paterna e materna. Infelizmente, muitos pais parece que já não sentem a prerrogativa que Deus lhes deu para educar formar e abençoar os filhos. Muitos já não acreditam no poder da bênção paterna e nem mesmo ensinam os filhos a pedi-la.

Os pais têm uma missão sagrada na terra, pois deles dependem a geração e a educação dos filhos de Deus. Eles são os primeiros mensageiros de Deus na vida dos filhos, sobre os quais têm o poder de atrair as dádivas de Deus. Não importa qual seja a idade do filho, ele sempre deve pedir a bênção de seus pais. E também não importa se o velho pai é um doutor ou um analfabeto, o filho não deve perder a oportunidade de ser abençoado por ele, se possível todos os dias, mesmo já adulto.

Se você ainda tem seus pais (ou apenas um deles) não perca a oportunidade que Deus lhe dá de beijar-lhes as mãos e pedir-lhes a bênção, para que Deus abençoe você, guiando seus passos e protegendo sua vida. Importa jamais nos esquecermos de que enquanto “a bênção paterna fortalece a casa de seus filhos, a maldição de uma mãe a arrasa até os alicerces” (Eclo 3,11).

Prof. Felipe Aquino

 

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Celebrando o Dia dos Pais

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Eles também têm seu dia no calendário da "sociedade de consumo", exploradora comercialmente de nossos mais nobres sentimentos. Esse dia costuma ser comemorado com menos manifestação exterior que o Dia das Mães. Sem dúvida, com igual amor e gratidão. Tudo no pai é mais sóbrio e austero; tudo na mãe, mais carinho e doçura.

Ambos carregam, no entanto, a mesma missão com serviços complementares e igualmente necessários: são dois chamados a serem um. Na matemática do amor, um mais um não são dois, mas sempre um. Quando separados, nada mais difícil entender e desempenhar o que são: pai e mãe. Nada mais pesado do que um fazer também as vezes do outro, ou seja, um ser dois. O ideal seria homenageá-los, os dois juntos, em um só dia do calendário, em total respeito ao plano do Criador, conforme a palavra do próprio Jesus: "O que Deus uniu o homem não deve separar." (Mt 19, 6)

Em busca da realização de seus sonhos, atrás de cada família há um homem chamado de pai. Sua dedicação e seu desprendimento jamais serão bastante proclamados. Uma de suas principais tarefas: sustentar o clima de segurança dentro do lar que não se restringe aos limites de mero fornecedor do necessário, em termos materiais, para a família. Sua função paterna é de imprescindível valor para a formação da personalidade sadia dos filhos.

Essa segurança, como a transmite? Não há de ser só por palavras com orientações e conselhos. Há de ser, sobretudo, por uma presença amiga, serena, sem perder a cabeça diante de intrincados problemas. Há de ser exercendo uma autoridade que brota do amor viril e maduro, terno e acolhedor, comunicativo e envolvente. Há de ser com aquele amor que o faz capaz de dialogar, que lhe dê força para tornar-se, não agressivo e prepotente, mas paciente e capaz de perdoar; de dizer "sim" com alegria e dizer "não" com carinho. E ser um pai para a vida toda...

Nada fácil desempenhar esta missão. Mais difícil o é em tempos atuais quando a figura de um pai autoritário não tem mais vez. A vez agora é de pai mais companheiro. Ser pai é dar a vida. É isso, e isso é tudo. Dar a vida não é, simplesmente, fazer alguém existir. A maior grandeza da missão paterna é existir para quem deu a vida.

O Dia dos Pais oferece-nos a oportunidade de refletir sobre o que seja ser filho. Comecemos por lembrar o mandamento do Senhor: "Honra teu pai e tua mãe". A criança honra-os prestando-lhes obediência. Ao adulto, Deus ordena honrá-los sendo para eles o melhor amigo e companheiro e não os deixando sós e desamparados na velhice. Há que se dar toda ênfase ao conselho bíblico: "Meu filho, cuida de teu pai na velhice, não o desgostes em vida. Mesmo se sua inteligência faltar, sê indulgente com ele, não o menosprezes, tu que estás em pleno vigor. Pois uma caridade feita a um pai não será esquecida e no lugar dos teus pecados ela valerá como reparação." (Eclo 3, 12-14)

Quem não precisa de um pai? A criança precisa dele para brincar de cavalinho e correr para abraçá-lo. Ele, o adolescente, para educar virilmente sua personalidade; ela, a adolescente, para descobrir no seu comportamento a figura do homem. Os jovens precisam dele para receber estímulos que os encorajem a assumir o engajamento profissional e uma família. O filho adulto há de ver nele um insubstituível amigo. E o pai, na sua velhice, não deve ser considerado um ser inútil. Se não conseguir ensinar o filho a envelhecer, terá o direito de receber dele a manifestação de um coração sempre agradecido. Precisa do pai até mesmo quem não mais o tem no mundo dos vivos.

Feliz do filho e da filha que não esquecem a memória de seu pai e podem lembrar-se do exemplo deixado por ele a ser seguido.

***
Dom Eduardo Koaik

Bispo emérito de Piracicaba - SP

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E quando o jogo na internet e o videogame se tornam um vicio?

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O bom senso materno e paterno no controle dos jogos de internet utilizados pelos filhos

A revista Catolicismo publica uma entrevista muito proveitosa para os pais de família. A entrevistada é a Sra. Elizabeth Woolley — norte-americana fundadora do Online Gamers Anonymous (Jogadores Anônimos Online). Ela alerta os pais sobre o perigoso mundo da internet e dos videogames, que poderá viciar seus filhos.

Tendo como objetivo auxiliar as famílias a controlar e salvaguardar os pequenos dos malefícios dos jogos de computador, aqui transcrevo a entrevista com a Sra. Woolley.

Aos pais, um apelo ao dever

 

A senhora poderia explicar por que fundou Online Gamers Anonymous?

Sra. Wooley — Em 2002, meu filho Shawn viciou-se em um jogo chamado Everquest. Em três meses ele largou o emprego, foi despejado de sua casa e ficava a noite inteira acordado jogando no computador. Apesar de nossos ingentes esforços para auxiliá-lo a restabelecer a normalidade em sua vida, ele cometeu suicídio um ano e meio mais tarde.

Pouco tempo depois de seu suicídio, concedi uma entrevista ao “Milwaukee Journal Sentinel”, e foi então que me dei conta de quantas famílias estão sendo destruídas e sofrem como a minha.

Em 2002 eu decidi fundar o site Online Gamers Anonymous para ajudar essas pessoas a terem um lugar para se encontrar e saberem que não estão sozinhas. Faço questão de informar que esses jogos podem assumir o controle de suas vidas da mesma forma como o álcool e as drogas. Alguns jogadores me disseram que a pessoa pode tornar-se viciada em menos de 24 horas. Assim, ao passar dos jogos sociais para os jogos que provocam o vício, ela não consegue voltar atrás. Esses jogos podem tornar-se a droga preferida, devendo ser considerados como tal.

O nosso website www.olganon.org divulga pesquisas sobre o modo como esses jogos afetam as crianças, prejudicando o seu normal crescimento e seu desempenho social, e procura alertar os pais a esse respeito. Organizamos diversas reuniões semanais nas quais os viciados contam a sua história e apoiam-se mutuamente no esforço de abandonar o vício, além de debaterem muitos assuntos relacionados com o problema deles.

A senhora daria algum conselho aos pais que têm videogames em casa?

Sra. Wooley — O elemento crucial é garantir uma vida equilibrada aos filhos. Eles não podem ser criados com base em uma só atividade, pois do contrário vão ter problemas. Mesmo quando a criança protesta, a missão dos pais é dizer “não”, e guiá-los para outras atividades.

Ser pai ou mãe não é fácil, mas posso garantir que a vida podia ser perfeitamente normal antes da existência de videogames. Como pais, precisamos encontrar ou criar outras atividades para os nossos filhos que não sejam somente a de fazê-los sentar-se diante de uma tela de computador. Isso significa engajá-los em esporte, em encontros sociais e atividades educacionais. Mas é necessário oferecer-lhes opções. Se a criança disser que não quer abandonar o jogo, é preciso estabelecer limites ou então ela acabará tendo problemas.

 

Que tipo de pessoa tem inclinação para tornar-se viciada e quais são as consequências?

Sra. Wooley — Qualquer pessoa pode se viciar. Certas universidades confessam que o videogame é responsável por uma grande porcentagem de desistências. Muitas delas mantêm agora psicólogos para tratar do problema do vício no jogo entre os alunos. Estão também investigando se os estudantes estão envolvidos em videogames antes de lhes conceder bolsas de estudo. Elas sabem que podem estar perdendo uma bolsa se o candidato for um viciado. Eu conheço diversos pais que perderam as economias aplicadas no estudo dos filhos por causa disso. Muitos jovens que estão sendo arrastados para esse vício são de fato gênios. Eles são bastante inteligentes e cheios de motivação. A prova é que muitos desses jogos exigem horas de esforço tedioso, concentração e paciência. É triste ver todo esse potencial intelectual sendo jogado no lixo. Além das considerações que se podem fazer sobre o modo pelo qual o videogame prejudica as vidas e a educação, temos que levar em conta o quanto se poderia ganhar caso esses jovens capazes estivessem resolvendo os reais problemas da sociedade. Os videogames se tornaram em vez disso um poderoso fator de estupidificação da sociedade.

Às vezes, pessoas já crescidas e com emprego sério podem ficar viciadas. Eu conheço várias delas que possuíam trabalho e casa, mas perderam tudo por causa dos videogames.

Houve um caso extremo de um senhor na Flórida que perdeu seu emprego e teve que ir viver na rua. Ele acabou arranjando trabalho num restaurante a fim de conseguir dinheiro suficiente para ir ao gaming café, onde fica jogando o resto do dia. Quando o gaming café fecha, ele vai dormir na rua e no dia seguinte repete a mesma coisa. Muitos pais deixam a família para terem mais tempo de jogar. Eles perdem completamente a preocupação pelos filhos, porque tudo quanto eles julgam poder fazer é jogar. Mulheres adultas são mais inclinadas a engajar-se em jogos sociais como Farmville, SIMS e Second Life, porque gostam de fazer coisas conjuntas. Isso frequentemente causa problemas, pois as mulheres casadas acabam deixando os maridos e a família, abandonando os próprios filhos, para estarem com uma pessoa do jogo. Há muitos exemplos disso. Um caso extremo foi o do casal coreano que deixou o filho real morrer de má nutrição porque passavam todo o tempo disponível cuidando do “filho virtual”.

 

A maioria dos videogames dá às crianças uma sensação de que elas são algo ou que estão realizando alguma coisa. Isso é errado?

Sra. Wooley — Um dos perigos maiores é precisamente o de ser muito fácil obter uma sensação de valor e realização através do jogo. Se a pessoa não consegue um resultado ou não gosta do que fez, pode recomeçar até conseguir o resultado certo. Bem, a vida real não é assim. A vida real não é tão fácil e com frequência não se tem uma segunda oportunidade. Com isso, por contraste, a criança fica desanimada com a vida real e termina abandonando-a inteiramente. Ela diz a si mesma: “Isto é muito difícil”, e foge de volta para os jogos.

Tal atitude representa um perigo enorme para a vida social da criança. Em vez de satisfazer seus desejos de coisas como valor e realização através de intercâmbio social, ela os obtém por meio dos jogos. Desta forma ela não tem a experiência necessária da vida real, especialmente do sofrimento normal da vida, e não aprende a lidar com bons e maus momentos. Vida real não é fácil para ninguém, e permitir que uma criança use jogos como droga para fugir da vida real não vai ensiná-la a lidar com ela.

Eu pude comprovar isso em meu filho (foto acima). No jogo ele podia facilmente fazer o que queria e sentir-se realizando algo. Ao mesmo tempo, ele não estava usando seu tempo para cuidar de sua vida real, de modo que não havia nada para sustentá-lo. A um certo ponto ele passou a não se importar mais com o futuro e de como progredir na vida real. Se a maior parte de seu tempo é usada nos jogos, não haverá tempo suficiente para aprimorar a educação, habilidades e amizades na vida real. Todos aqueles que de fato queiram realizar algo na vida precisam abandonar os jogos e se dedicar à vida real.

Qual é a sua mensagem aos pais que usam videogames para ajudar a entreter seus filhos?

Sra. WooleyEu tenho visto muitas atitudes irresponsáveis de pais que desejam usar os videogames como babás. Isso infelizmente acontece porque muitos pais são com frequência eles próprios jogadores.

Primeiramente, não é bom pai aquele que dá à criança um jogo de computador para que ela não o amole. Ocupe-se de seu filho na vida real! Conheci um pai que ensinou seu filho de três anos a jogar com ele World of Warcraft, achando que se conseguisse tornar a criança viciada naquele jogo, poderia vir a ter um melhor relacionamento com ela. Faço questão de dizer aos pais que jogar tais jogos com os filhos não pode ser chamado de relacionamento, uma vez que durante os mesmos não há quase nenhuma troca de palavras; o modo de a criança se relacionar com qualquer coisa durante o jogo é unicamente através dos controles.

Em segundo lugar, recomendo aos pais que não permitam a nenhuma criança de menos de 16 anos jogar esses jogos ligados à Internet, e ponto final. Além de nunca se saber contra quem eles estão jogando, os pedófilos estão sempre imaginando meios de se conectarem com crianças através desses jogos. Os pais imaginam que é seguro por ser dentro de casa, mas não é. Dar aos filhos o jogo de Internet é como colocá-los num bar público sozinhos.

Há também o seguinte: muitas vezes os pais me dizem que não têm outra saída senão dar à criança o que ela quer, acabando não se dando conta do conteúdo do jogo. Esses jogos podem ter material sexual explícito, palavras imorais, uso de drogas, violência imoderada e destruição. Se isso estivesse num filme, apenas a violência já colocaria o filme na categoria “R” (proibido para menores de 17 anos). Apesar de a maior parte das famílias cristãs com as quais falo serem incapazes de dar a seus filhos um filme classificado como “R”, elas os deixam jogar jogos violentos. Isso lhes é muito prejudicial.

E se os filmes não forem violentos e online?

Sra. Wooley — O simples fato de não serem violentos nem on-line não significa que não sejam perigosos. Seria o mesmo que dizer que está bem dar às crianças drogas não violentas. Nunca é demais lembrar que videogames devem ser considerados como possíveis drogas, não se podendo permitir a ninguém de se tornar viciado nelas. É certo que, quando um jogador cruza a linha entre o poder decidir quando jogar e o ser forçado a jogar, sua mente foi já reprogramada pelo vício. Ele não está jogando porque quer, mas porque precisa. Nesse ponto, ele começa a odiar o jogo, mas não pode mais parar. Sua vida se despedaça e ele entra no círculo vicioso de sentir-se culpado e ter “euforias” nos jogos. Depois cai novamente na sensação de culpa e volta ao jogo, onde tudo recomeça. Ao “datilografar” constantemente o teclado nos jogos, ele se torna desumanizado, dando menor importância aos próprios sentidos, não saindo de casa para fazer exercício ou tomar sol e comer algo decente: ele se torna uma concha humana.

Eu ainda julgo que se deveria pesquisar mais a respeito disso, mas já há suficiente informação de como os jogos afetam especialmente os jovens, atrofiando o seu crescimento mental e sua capacidade de se relacionar socialmente.Isso foi um dos aspectos que me chocaram a respeito de meu filho. Ele parou de falar com as pessoas, inclusive comigo, sua mãe. Antes de começar a jogar os videogames, ele era como todos nós: tinha um futuro, planos, amigos e um emprego. Após tornar-se viciado, foi como se uma luz na sua cabeça tivesse sido desligada: desinteressou-se totalmente de como deveria passar a vida real, não se importando mais sobre o que poderia acontecer-lhe no futuro, perdeu completamente suas metas e princípios. Parou de pensar na realidade e tornou-se deprimido. Sua personalidade mudou radicalmente e ele se tornou anti-social. Essa é a razão pela qual eu sempre digo que tais jogos podem reprogramar o cérebro da pessoa, transformando-a em outro indivíduo. Os amigos de meu filho ficaram abismados de quanto ele efetivamente mudou.

A senhora poderia dar um exemplo de pais que acabaram intervindo tarde demais?

Sra. Wooley — Um dos garotos que conheci era um jovem canadense de 15 anos chamado Brandon. Ele começou a jogar um jogo chamado Call of Duty e seus pais, apesar de saberem que aquilo lhe estava causando problemas, não encontravam um meio de fazê-lo parar. Brandon considerava-se uma pessoa muito poderosa no jogo, e não queria largá-lo devido a essa sensação de importância que estava adquirindo e por ser alvo de atenção. Em 2008, seus pais finalmente decidiram pôr um freio na história e lhe tiraram o jogo. Brandon acabou fugindo de casa. Algumas semanas mais tarde, alguns caçadores descobriram seu cadáver a 10 quilômetros de onde residia.

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