Gaudium Press entrevista Mons. Jonas Abib, Fundador da Canção Nova

 
Gaudium Press - 2012/03/02
 

Cachoeira Paulista - SP (Sexta-feira, 02-03-2012, Gaudium Press) Transcrevemos abaixo uma entrevista de nosso correspondente Roberto Kasuo realizada com o Monsenhor Jonas Abib, fundador do movimento Canção Nova:

Gaudium Press: Como surgiu a comunidade Canção Nova? Como ocorreu ao senhor essa fundação?

Mons. Jonas: Nessa altura eu trabalhava com jovens. Justamente por isso, Dom Antônio Afonso de Miranda, Bispo de Lorena, quando recebeu o documento "Evangelii Nuntiandi", chamou-me e disse-me: "Monsenhor Jonas, este é um documento muito importante, precisa ser colocado em prática". Apontou-me o artigo 44, dizendo-me: "Os batizados não são evangelizados; então, comece por aí!"

 

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Mons. Jonas Abib
Respondi-lhe: "Vejo inspiração nas suas palavras. Vou parar, rezar e já lhe trago o resultado". Trouxe como resultado o curso que fizemos, uma espécie de "catecumenato" para jovens e adultos. Chamamos de "Catecumenato", porque é esta a palavra usada no número 44 do documento "Evangelii Nuntiandi". Os batizados, hoje, precisam de um catecumenato, porque não foram evangelizados.

 

Feito o curso com os jovens, aquilo que estava no documento aconteceu: eles ficaram de tal maneira apaixonados por Cristo, que quiseram entregar-Lhe sua vida.

Dois anos depois, foi só lançar o desafio, que muitos desejaram deixar seus estudos, suas ocupações, suas casas, para viver em comunidade e fazer esse trabalho de evangelização. Doze deles, com autorização dos pais, tiveram oportunidade de passar a viver em comunidade, no dia 2 de fevereiro de 1978.

Como vê, nascemos da evangelização e para a evangelização.

Passado um tempo, nos perguntamos: "Será que é só isso: fazer esse trabalho de evangelização com jovens?" Deus foi respondendo com fatos. Começamos por ganhar aparelhos de comunicação. Iniciamos com um programa numa rádio, que depois foi cancelado. Mas este obteve tanto sucesso que outras três emissoras nos abriram as portas. Com isso, fomos obrigados a gravar os programas em casa e não mais ir fazê-los ao vivo. Não sabíamos nada de rádio, fomos treinados por Deus.

Logo depois, o grande desafio de adquirir uma emissora própria. Sem termos dinheiro, apenas com fé e coragem, compramos a "Rádio Bandeirantes de Cachoeira Paulista". Dela surgiu uma pequenina televisão, em 1989.

Essa TV cresceu a ponto de ser nacional, a partir de 1997, e internacional, a partir de 2001, quando Nossa Senhora de Fátima nos levou daqui para Portugal. O próprio bispo de Leiria-Fátima, Dom Serafim Ferreira da Silva, nos solicitou que transmitíssemos para Portugal.

O bonito é que o número de consagrados aumentou, dos 12 membros iniciais, para mais de 600 atualmente, fora o grande público que, graças a Deus, atingimos com esta evangelização.

GP: Em que consiste a espiritualidade de Canção Nova? Como o senhor caracteriza seu carisma?

Mons. Jonas: Dizemos com muita simplicidade que nossa missão é evangelizar. Para poder realizar essa missão, Deus quis que nós fôssemos comunidade. Então, para nós, o viver em comunidade é essencial, para realizar a finalidade da evangelização.

A própria "Evangelii Nunciandi" insiste muito na necessidade de, não apenas proclamar o Evangelho, mas anunciar uma vida. Daí o fato de vivermos em comunidade.

Em nossos Estatutos, pode-se ver que nossa primeira regra de vida é o Evangelho. Este é o meio que Deus nos deu para sermos uma evangelização viva, onde fazemos tudo para viver o Evangelho, para poder anunciá-lo.

Daí advêm todas as conseqüências de uma vida espiritual de oração, uma vida de palavra de Deus, uma vida centrada na Eucaristia, para poder viver e anunciar o Evangelho, não só com palavras, mas principalmente com vida.

GP: A espiritualidade que o senhor prega fundamenta-se na Eucaristia, na devoção a Nossa Senhora e na adesão ao Papa, o que coincide com a dos Arautos do Evangelho...

Mons. Jonas: Perfeito. Eu posso dizer que essas três devoções se realizam em nós também. Dizemos com muita simplicidade, mas com muita veracidade: na Canção Nova foi Ela quem tudo fez. Tanto assim que o nosso verdadeiro nome é: "Canção Nova, a casa de Maria".

 

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"Viver, em tudo, do jeito de Maria"
E é a "casa de Maria" no sentido de ser a raça, a estirpe, a descendência de Maria. Nós queremos ser da estirpe da Virgem!

 

O nosso lema é este: "Viver, em tudo, do jeito de Maria". Desde o início, foi Ela quem tudo fez. Esta rádio, foi Ela quem fez. A comunidade, é Ela quem faz. Nossa ida a Portugal, foi Ela quem fez. Nós vemos a presença d'Ela em tudo!

Ao mesmo tempo, Deus nos diz que a Canção Nova é um território eucarístico, onde a própria terra que pisamos deve ser de adoração ao Santíssimo Sacramento. De modo que as pessoas que aqui vêm respiram um ar e pisam um chão de adoração.

Portanto, tudo se centraliza na Eucaristia. Nossa Missa é diária. Praticamente, temos adoração durante 24 horas por dia. Durante a madrugada, há pessoas fazendo adoração.

A Canção Nova é a instituição religiosa. A Fundação João Paulo II é a instituição civil. Não foi à toa que nós colocamos "Fundação João Paulo II", porque percebemos que, mais do que nunca, a pessoa do Papa precisa ser acolhida, e acolhida com espírito de fé. O grande presente que Deus deu à humanidade foi João Paulo II. Não somente à Igreja. João Paulo II é um patrimônio da humanidade, um presente de Deus para a humanidade.

Portanto, nós temos uma devoção - vamos dizer assim - especial pelo Santo Padre o Papa. Primeiro, à pessoa dele, e depois àquilo que ele é e representa na Igreja.

Eu vejo que estamos em grande sintonia com os Arautos do Evangelho: essas três grandes devoções nos são comuns.

GP: Qual a participação da juventude na comunidade Canção Nova?

Mons. Jonas: Fui colhido pelos salesianos na periferia de São Paulo. Papai era pedreiro, éramos muito pobres. Mais tarde fui para as Escolas Profissionais Salesianas, na Alameda Glete, no Liceu Coração de Jesus.

Com isto, sendo menino das Escolas Profissionais, tinha o direito de fazer os estudos gratuitos, tanto na escola profissional como na outra. Fui coroinha no Santuário do Coração de Jesus.

Já naquela época, todos os meses, eu, com vários colegas, fazíamos a adoração do Santíssimo, durante a noite, na igreja de Santa Efigênia. Já havia a Adoração Perpétua.

Portanto, a gente vê como Deus nos prepara, desde muito cedo. Eu já tinha toda uma vocação salesiana, mas os encontros de jovens é que marcaram a minha vida: foi nesses encontros onde vi os jovens se encontrarem com Cristo, onde vi os jovens se converterem, onde vi os jovens mudarem completamente de vida.

A tônica da Canção Nova são os jovens. Uma grande graça de nossos encontros é que 70% dos presentes são jovens.
Uma outra característica que Deus nos deu foi esta: fazendo a evangelização pelos meios de comunicação, nós realizamos a união dos carismas. Pode-se ver nos nossos programas, o desfile dos vários carismas que a Igreja tem.

GP: Vimos no programa, agora, o senhor dar uma demonstração de ampla visão das coisas, pedindo ajuda financeira em benefício de outro movimento de leigos. Como vê o futuro, nessa perspectiva?

Mons. Jonas: Exatamente. Uma vez que estamos nos encontrando de uma maneira mais íntima com os Arautos do Evangelho e nos conhecendo melhor em nossa espiritualidade, também nesse algo em comum, que é a união dos carismas, oxalá a colaboração entre a Canção Nova e os Arautos possa produzir mais e melhor a união dos carismas na Igreja.

 

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"Pode-se ver nos nossos programas, o desfile
dos vários carismas que a Igreja tem".
Em 1997 começamos a ser uma televisão de âmbito nacional. Isso nos facilitou trabalhar pela união dos vários carismas. Nós queremos continuar prestando esse serviço, que o próprio João Paulo II enfaticamente nos pede. Os carismas em movimento fazem a verdadeira face de Cristo. Cada movimento é uma parte da face de Cristo. Portanto, unir os carismas é apresentar ao mundo a verdadeira face de Cristo.

 

Portanto, esta nossa colaboração vai ser muito propícia para a Igreja, para que a vontade de Deus se realize: que todos sejam um! Cada movimento, cada comunidade com o seu carisma, mas realizando a verdadeira face de Nosso Senhor Jesus Cristo.

E vamos também unir forças neste sentido: nós temos a televisão e vocês estão dispostos a produzir matérias de evangelização. Então, vocês produzem e nós exibimos. Vamos unir forças e o mundo inteiro vai ver a obra que Deus está fazendo no mundo de hoje.

Hoje, mais do que nunca, a Igreja precisa de visibilidade. Vocês, Arautos do Evangelho, não têm receio, não têm respeito humano. Vocês têm a ousadia de se manifestar, de levar para a rua a visibilidade da Igreja. É só abrir os olhos e ver. Alegro-me muito com vocês.

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