Conheça Ronda Chervin: do ateísmo e o desprezo mais profundo ao catolicismo à conversão do coração.

Formação | Testemunho | Escrito por Administrator

 

Escreveu mais de 50 livros sobre pensamento católico

Com o avô maçom e pais ateus militantes; Chesterton, Lewis e Newman a levaram à Igreja.

Ronda Chervin se converteu ao catolicismo apesar de seus antecedentes: origem judia, avô maçom, educação ateia e formação universitária numa faculdade de Filosofia agnóstica.

Muitas vezes parece que Deus segue e persegue uma pessoa, até se encontrar com ela. Parece que a busca em sua história concreta até que é impossível continuar olhando para um lado eliminando a realidade que se tem por diante. «Chamei-te pelo teu nome, és meu», disse o profeta Isaías. E esta é precisamente a história de Ronda Chervin: do ateísmo e o desprezo mais profundo para o catolicismo, até chegar à conversão do coração. Ela mesma conta a «amorosa perseguição de Deus» ao longo dos anos.

Uma peça que não se encaixa

Ronda nasceu em 1937 em Nova York e tem uma irmã gêmea. Seus pais se conheceram no Partido Comunista, e depois passaram a ser informantes do FBI.

«Os comunistas os ameaçaram em bombardear nossa casa», conta. Ambos os pais eram de origem judia mas militantemente ateus. Não foram educados na religião judia e então não tinham nenhum interesse em observar as festas nem iam à sinagoga. Separaram-se quando suas filhas tinham oito anos.

Tão peculiar família fez de Ronda uma pessoa que não se encaixava em nenhum lugar: nem com os católicos, nem com os protestantes, certamente não com os judeus ortodoxos em plena expansão, tampouco com os judeus reformistas, nem com os sionistas ateus, nem muito menos com os judeus de esquerda anti-sionistas.

«Mais tarde, como católica, me dei conta que meu desejo de pertencer a um grupo identificável para sempre tinha uma razão psicológica e também teológica», explica Ronda. «No entanto, todos meus familiares se orgulhavam de ser americanos socialistas livre pensadores», lamenta.

Dos avós conflitantes

A vida de Chervin estava marcada por ser descendente de dois avós absolutamente contrários em vida e pensamentos. Por um lado, seu avô paterno, de ascendência sefardi judia, imigrou aos Estados Unidos graças a um programa financiado por judeus maçons que consistia em introduzir jovens brilhantes nas faculdades, de modo que no dia de amanhã pudessem converter-se nos grandes líderes das lojas maçônicas. De fato, seu avô se estabeleceu como dentista em uma das ruas mais centrais de Nova York, Madison Avenue. Isso sim, Ronda pontualiza: «Meu avô nunca observou as festas judias, porque era ateu».

Por outro lado estava sua avó paterna, que conheceu seu futuro esposo precisamente na consulta. Considerada como «loira e frágil», não deixou de ir nem um só domingo à Igreja e rezou sempre por seu marido, seus filhos e seus netos, todos ateus. Lia a Bíblia dia e noite.

«Tinha sido absolutamente proibida —sob ameaça de não voltar a ver-nos— falar às suas netas de Deus ou da religião». Depois de sua morte, Ronda herdou a Bíblia de sua avó, em que ela havia escrito a mão: «Rezo para que algum dia minhas netas possam ler isto». Os pais de Ronda ridicularizavam constantemente a avó por sua fé: «Usavam-na como prova de como só as pessoas estúpidas e débeis ainda acreditavam em Deus depois de que tanto Nietzsche como a evolução tinham demonstrado que Deus não existia ou que estava morto».

A moral sexual da juventude

Ronda começou seus estudos de Filosofia na Universidade de Rochester e, ao mesmo tempo, sua independência juvenil. « Como muitos ateus, tinha sido educada para considerar ridícula a moral sexual das pessoas religiosas. Por temor a uma gravidez, tinha evitado ter relações sexuais. Mas ao estabelecer-me por minha conta, meu grande desejo era dar minha virgindade tão logo quando encontrasse algum jovem atraente disposto a iniciar-me. Graças à providência de Deus não fiquei grávida, porque estou segura de que teria abortado nesse caso. Eras Tu, Pai da vida, protegendo-me de uma vida inteira de culpabilidade?», reflete.

Um de seus noivos foi um estudante estrangeiro do programa de pós-graduação de Filosofia. Era um alemão que tinha militado nas juventudes hitleristas em sua adolescência, mas que tinha sido salvo por um sacerdote católico em continuar nesse terrível movimento. «Começou a me alimentar com livros apologéticos, desde Chesterton até Karl Adam. Não tendo lido o Novo Testamento, quase não entendia uma palavra destes tratados, mas algo me tocava, porque comecei a querer conhecer os católicos, inclusive depois de romper minha relação com o alemão», conta.

Em busca da verdade

Especializar-se em Filosofia tinha sido para Ronda sua forma de buscar a verdade. «Nas universidades laicas que participei, o ceticismo estava tão em moda que, um ano depois me sentia desesperada: Onde estava a verdade? Onde estava o amor? Por que vivo?». Nesta organização, topou com um programa televisivo chamado «A Hora Católica». Os convidados eram Dietrich Von Hildebrand e Alice Jourdain, e estavam falando sobre a verdade e o amor. «Espontaneamente lhe escrevi uma carta contando-lhes minha infrutuosa busca da verdade».

Resultou que ambas viviam perto de sua casa e lhe convidaram a visitá-las. Sugeriram-lhe assistir as aulas de Dietrich Von Hildebrand e Balduin Schwarz, seu discípulo, na Universidade de Fordham. «Fui a umas poucas aulas. O que mais me impressionou não foram as ideias dos filósofos católicos, mas sua vitalidade pessoal e sua alegria. O ceticismo, o relativismo e o historicismo que caracterizava a maioria das universidades seculares nesse momento havia deixado a muitos dos professores tristes e secos». Assim que Ronda, atraída por esta alegria e pela amorosa amabilidade com que todos a receberam, continuou seus estudos nesta universidade.

Depois de uns meses em Fordham, não podia deixar de perguntar-se como era possível que católicos e jesuítas, brilhantes intelectualmente, pudessem crer em ideias tais como a existência de Deus, a divindade de Cristo, a realidade da verdade objetiva e da moral absoluta, e a necessidade de ir à igreja. «Obviamente, não só pessoas estúpidas e débeis pensavam desta maneira», reconhece.

Uma viajem cheia de milagres

Ronda se uniu com seus novos amigos em uma viajem-peregrinação à Europa para ver museus e obras de arte. Apesar de que odiava qualquer estilo artístico exceto o mais moderno, e não tinha ainda interesse em saber mais sobre Deus, Cristo ou a Igreja, aceitou ir para desfrutar do tempo com eles. «O primeiro milagre ocorreu quando entrei na catedral de Chartres na França. Pus-me a chorar e me perguntei: ‘Como pode ser tão belo se não há verdade nele, só ignorância medieval?´».

Porque seus amigos iam à missa todo dia, Ronda se uniu também com mais curiosidade que interesse real: «Ver meu nobre e sábio professor de Filosofia de joelhos me assombrava e me desgostava. Queria lhe dar um empurrão e gritar que nenhum homem deveria ajoelhar-se nunca», admite.

O segundo milagre chegou com a leitura da Bíblia.

E o terceiro poucos dias depois: «Tive o impulso de ajoelhar-me no corredor do hotel e recitar uma oração: ´Deus, se há um Deus, salva minha alma, se tenho uma alma´».

Outro milagre a mais em Lourdes, tocada pelo coro que cantava. E o seguinte em Florença, em frente ao quadro inacabado de “A Natividade’ de Leonardo Da Vinci: «Olhei a Virgem Maria, tão simples, pura e doce, e chorei. Ela tinha algo que eu nunca teria: pureza! Pela primeira vez me vi a mim mesma como pecadora». Depois uma grandíssima impressão diante de uma tapeçaria de Rafael com o rosto de Cristo. E o último na viajem: ver de perto o Papa Pio XII em São Pedro: «Tinha exatamente a mesma expressão em seus olhos que o rosto vivo de Jesus da tapeçaria de Rafael».

Período de reflexão

Depois de tanta profusão de impressões, acontecimentos e milagres, Ronda necessitava sentar-se e refletir: «Estudei livros como ‘ Cristianismo simples ’ de C.S. Lewis. Também, a leitura de livros de Chesterton e do cardeal Newman fez me converter ao catolicismo agora algo já inevitável».

Em 4 de junho de 1959, com 21 anos, Ronda foi batizada. «Não houve um só momento em minha vida em que tenha me arrependido de ser católica. Anos depois, minha irmã gêmea, minha mãe e meu esposo se converteram ao catolicismo», conta com agradecimento.

A página pessoal de Ronda é: http://www.rondachervin.com

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