Sagrado Coração de Jesus

Formação | Ensinamentos dos Santos | Escrito por Administrator

Vinde a Mim e não temais porque Eu vos Amo! 

Ah! Se as almas soubessem como as espero cheio de misericórdia! Sou o Amor dos amores! E não posso descansar senão perdoando!

Estou sempre esperando com amor que as almas venham a Mim! Venham!... Atirem-se nos meus Braços! Não tenham medo! Conheço o fundo das almas, suas paixões, sua atração pelo mundo e pelos prazeres. Sei, desde toda a eternidade, quantas almas me hão de encher o Coração de amargura e que, para grande número, meus sofrimentos e meu sangue serão inúteis! Mas, como as amei, assim as amo...

Não é o pecado que mais fere meu Coração... O que O despedaça é não quererem as almas refugiar-se em Mim depois de o terem cometido. Sim, desejo perdoar e quero que minhas almas escolhidas deem a conhecer ao mundo como meu Coração, transbordando de amor e de misericórdia, espera os pecadores.

Queria também mostrar às almas que nunca lhes recuso a minha graça, nem mesmo quando estão carregadas dos mais graves pecados, e que não as separo então daquelas que amo com predileção. Guardo-as todas no meu Coração, para dar a cada uma os socorros que o seu estado reclama. Queria dar-lhes a compreender que não é pelo fato de estarem em pecado mortal que devem afastar-se de Mim. Não julguem que já não há remédio para elas e que nunca mais serão amadas como o foram outrora!

Não, pobres almas, não são estes os sentimentos de um Deus que derramou todo o seu sangue por vós!

Vinde a Mim e não temais, porque Eu vos amo! Purificar-vos-ei no meu sangue e vos tornareis mais brancas que a neve. Os vossos pecados serão mergulhados nas águas da minha misericórdia e não será possível arrancar do meu Coração o amor que vos tenho.

Vós, que estais mergulhados no mal e que há mais ou menos tempo viveis errantes e fugitivos por causa de vossos crimes... se os pecados de que sois culpados vos endureceram e cegaram o coração; se, para satisfazerdes às vossas paixões, caístes nos piores escândalos... ah! Quando vossa alma reconhecer o seu estado, e os motivos ou os cúmplices de vossas faltas vos abandonarem não deixeis que de vós se apodere o desespero. Enquanto tiver o homem um sopro de vida, poderá ainda recorrer à misericórdia e implorar perdão. Vosso Deus não consentirá que vossa alma seja presa do inferno.

Pelo contrário, deseja, e com ardor, que d’Ele vos aproximeis para vos perdoar. Se não ousais falar-Lhe, dirigi para Ele vossos olhares e os suspiros do vosso coração e em breve vereis que sua mão bondosa e paternal vos conduz à fonte do Perdão e da Vida!

Desejo que as almas creiam na minha misericórdia, esperem tudo da minha bondade e não duvidem nunca do meu perdão. Sou Deus, mas Deus de amor! Sou Pai, mas Pai que ama com ternura e não com severidade.

Meu Coração é infinitamente sábio, mas também infinitamente santo, e como conhece a miséria e a fragilidade humanas, inclina-se para os pobres pecadores com misericórdia infinita. Amo as almas depois que cometeram o primeiro pecado, se vêm pedir humildemente perdão. Amo-as ainda, quando choraram o segundo pecado e, se isso se repetir, não digo um bilhão de vezes, mas milhões de bilhões. Amo-as e perdoo-lhes sempre, e lavo no mesmo sangue o último como o primeiro pecado!

Não me canso das almas, e o meu Coração sempre espera que venham refugiar-se n’Ele, por mais miseráveis que sejam. Não tem um pai mais cuidado com filho que é doente, do que com os que têm boa saúde? Para com este filho, não são maiores as suas delicadezas e a sua solicitude. Assim também o meu Coração derrama sobre os pecadores, com mais liberalidade do que sobre os justos, a sua compaixão e a sua ternura.

Deem-me o seu amor e nunca desconfiem do meu, e sobretudo me deem a sua confiança e não duvidem da minha misericórdia. É fácil esperar tudo do meu Coração!” (1)

Assim falou o Divino Redentor. Assim continua a nos falar, com o mesmo entranhado e infinito amor de Pai e de Deus. Procuremos ouvi-Lo, esforcemo-nos em seguir o seu carinhoso apelo, em depositar n’Ele essa confiança completa de filhos que tudo podem alcançar das infinitas misericórdias de um Coração onipotente.

Roguemos a Maria Santíssima, Mãe deste Sagrado Coração, que interceda por nós junto a Ele, a fim de que essa Fornalha ardente de caridade “nunca cesse de iluminar o horizonte da vida de cada um de nós, aqueça nossos próprios corações e nos faça abrir nossas almas para o seu amor que é eterno e nunca se consome. O único amor capaz de transformar o mundo e a vida humana” (João Paulo II, Meditações da Ladainha do Sagrado Coração de Jesus, junho de 1985).

(“Sagrado Coração de Jesus, Tesouro de Bondade e Amor”, Mons. João Clá Dias, EP)

 

Santa Margarida Maria Alacoque

A mensageira do Sagrado Coração de Jesus

A mensagem da qual Santa Margarida Maria Alacoque foi portadora mostraria à humanidade, de um modo nunca antes imaginado, a insondável intensidade do amor que Ele tem a cada um de nós.

Laura de Melo Aquino

Quando Margarida tinha apenas quatro anos de idade, começou a sentir- se levada a dizer diversas vezes: "Ó meu Deus, eu Vos consagro minha pureza e Vos faço voto de castidade perpétua".

Santa Margarida Maria Alacoque

Algo surpreendente numa menininha daquela idade, que nem sabia o que isso significava - como diria mais tarde em suas memórias. Era já o início extraordinário da história desta alma, na qual a graça divina agia preparando-a para pertencer somente a Jesus. Assim, ela poderia cumprir eximiamente uma crucial missão em benefício da humanidade: ser a mensageira do Sagrado Coração.

Luta entre a vocação e o atrativo pela vida comum

Margarida nasceu em 22 de julho de 1647 na Borgonha, França. Seu pai era juiz e notário real, mas homem de pequenas posses. Quando tinha 8 anos de idade, foi surpreendida pelo falecimento de seu pai, e a família precisou enviá-la para a escola das Clarissas de Charolles.

Ali, uma estranha enfermidade reduziu-a a um tal estado de debilidade que, ao cabo de algum tempo, sua mãe a levou de volta para casa.

"Passei quatro anos sem poder caminhar", dirá ela depois. Vendo a ineficácia dos remédios, voltou-se para a Virgem das Virgens e fez-lhe o voto de entrar para a vida religiosa, se ficasse curada. Foi atendida com rapidez, restabelecendo-se instantaneamente.Entretanto, quando Margarida completou 17 anos, sua mãe e seus irmãos decidiram que ela devia se casar.

Deixando-se levar pelo amor filial, a jovem aos poucos começou a tomar parte nos folguedos de sua idade - embora se guardando de ofender a Deus - e a acariciar a ideia de contrair matrimônio, mesmo porque já tinha vários pretendentes. No seu interior travou-se então uma demorada e intensa batalha: de um lado, a atração pela vida comum lhe sussurrava ser até um dever de piedade filial constituir um lar, pois assim poderia amparar melhor sua mãe enferma.

De outro, a voz da graça lembrava-lhe o voto de castidade perfeita que fizera já na infância, bem como a promessa de fazer-se esposa de Cristo. Não importa, você era muito criança para entender o que dizia, portanto, essas promessas não tinham valor; você agora é livre! - era a resposta que lhe vinha em seguida à mente.

Esse cruel embate de alma durou alguns anos. Mas, ajudada de modo sensível por Nosso Senhor, a vocação religiosa acabou por vencer: em 1671, ela entrou como postulante no Mosteiro da Visitação, de Paray-le-Monial.

Santa ou visionária?

Desde a infância, Margarida fora beneficiada por experiências místicas.

As mais importantes, porém, ocorreram no convento, a partir de 27 de dezembro de 1673, quando passou a receber uma série de revelações do Sagrado Coração de Jesus, o qual a incumbia de ser a encarregada de divulgar essa devoção. As três superioras que, a cada seis anos, assumiram sucessivamente a autoridade no convento de Paray-le-Monial convenceram-se da santidade de Margarida e da autenticidade das revelações que recebia. Contudo, ela sofreu acirrada oposição dentro da comunidade, que a tratava como uma excêntrica visionária. Seu principal apoio veio de São Cláudio de la Colombière, jovem sacerdote jesuíta que foi durante certo tempo confessor das freiras e testemunhou serem reais as visões da Santa.

São Cláudio foi enviado à Inglaterra, como confessor da duquesa de York - esposa do futuro rei Jaime II -, e ali pregou pela primeira vez a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, obtendo várias conversões entre as damas da nobreza. No entanto, sofreu perseguição em virtude de um complô anticatólico, e passou um tempo na prisão. De volta à França, com a saúde abalada, poucas vezes pôde encontrar-se com Santa Margarida, morrendo muito cedo. Sua partida deste mundo, porém, não abalou a religiosa. Por sua perseverança, docilidade, espírito de obediência e caridade, ela acabou vencendo as oposições e conseguiu cumprir sua missão, começando por introduzir em 1686 - no início para um círculo restrito de seu próprio convento - a festa do Sagrado Coração de Jesus. Esta se espalhou com rapidez por outros mosteiros da Visitação, e transbordou para o exterior da congregação.

Após uma existência na qual consumiu- se sem cessar no amor ao Sagrado Coração de Jesus, Santa Margarida Maria Alacoque morreu em 17 de outubro de 1690, aos 43 anos de idade. Foi canonizada por Bento XV em 1920. Seu corpo está colocado sob o altar da capela do convento onde viveu, e os peregrinos que ali vão rezar a ela alcançam insignes graças.

 

(Revista Arautos do Evangelho, Jun/2006, n. 54, p. 22 e 23)    

       

As grandes Revelações de Paray-le-Monial

Ao longo da história da Igreja, Nosso Senhor tem revelado de maneiras diversas os tesouros de seu Coração Sagrado aos homens. A devoção a Ele tornou-se uma luz de misericórdia e de esperança continuamente derramada sobre a face da Terra.

Uma dessas manifestações divinas, entretanto, sobressai pelo extraordinário conteúdo de sua mensagem. Ela se deu no abençoado recesso de um convento de Visitandinas, erguido no centro da França, às margens de um rio de águas límpidas e tranquilas.

Fiel reprodução arquitetônica da célebre abadia de Cluny, o mosteiro de Paray-le-Monial foi construído no séc. XII, e até hoje causa admiração pela grandiosa harmonia de suas proporções, a sobriedade e o equilíbrio de suas torres, a força e a sobranceria de seu campanário octogonal. No interior, a feria policromada dos vitrais tocados de sol difunde, entre paredes de pedra e elegantes colunas romanas, uma claridade própria à oração e à meditação.

No século XVII, este ambiente de fé e austeridade era habitado pelas religiosas da Ordem da Visitação, fundada por São Francisco de Sales e Santa Joana de Chantal. Ora, segundo expresso desejo de seu Pai e Fundador, essas monjas eram muito devotas do Sagrado Coração de Jesus, e de modo particular a Irmã Margarida Maria Alacoque. Para tanto a conduziam a riqueza de suas virtudes, o entranhado fervor de uma vida de oração que a uniam cada vez mais ao Divino Mestre, como também o fato de ser favorecida por diversas visões nas quais Nosso Senhor lhe ia revelando, pouco a pouco, os infinitos tesouros de seu amor para com os homens.

Entre essas aparições, quatro se destacam pela importância das palavras e promessas que encerram. A primeira delas ocorreu no dia 27 de dezembro de 1673, festa de São João Evangelista. A data parece ter sido escolhida com cuidado pela Providência, a fim de conferir a essa visão um significado especial.

Encontrava-se a Irmã Margarida-Maria na capela do convento, ajoelhada junto à grade do coro, em profunda adoração ao Santíssimo Sacramento exposto sobre o altar-mor. De súbito, sentiu-se assumida por essa divina presença, de maneira tão forte que se esqueceu de todo o resto, do tempo e do lugar onde estava, não vendo senão o Espírito que havia envolvido e cativado sua alma. E assim arrebatada em êxtase, ouviu Nosso Senhor que a convidava para tomar ao lado d’Ele o lugar que São João tinha ocupado na Santa Ceia.

Em sua autobiografia, redigida por obediência a seus superiores, Irmã Margarida-Maria descreve o desenrolar dessa extraordinária aparição: Jesus me fez repousar longamente sobre seu peito, desvendando-me as maravilhas de seu amor e os insondáveis segredos de seu Coração Sagrado. Ele o fez de maneira tão efetiva e sensível que não me deixou nenhuma possibilidade de dúvida. Disse-me: “Meu divino Coração encontra-se tão repleto de amor pelos homens e por ti em particular, que, não podendo mais conter as labaredas de sua ardente caridade, sente-se forçado a difundi-las por teu intermédio. Cumpre que ele se manifeste aos homens, para enriquecê-los com esses preciosos tesouros que te revelo, portadores de graças santificantes e salvadoras, necessárias para resgatá-los das vias da perdição. E Eu escolhi a ti, abismo de indignidade e de ignorância, para a realização desse grande desígnio, a fim de que todos vejam de modo claro que tudo isso é feito por Mim”.

Sob o influxo dessa visão, a Irmã Margarida-Maria penetrou mais fundo que nunca nos mistérios do Sagrado Coração de Jesus, manifestados a ela em anteriores aparições, por assim dizer preparatórias das grandes revelações que agora começavam. Sobrepujando as outras em importância, esta do dia 27 de dezembro de 1673 acontecia em proveito da Igreja e da humanidade inteira. Nesse dia, Nosso Senhor apareceu à santa vidente, menos para consolá-la e instruí-la, do que para encarregá-la de apresentar ao mundo os tesouros de misericórdia e de graças acumulados em seu Coração Sagrado.

O Mestre falou, e tão claramente, que a discípula não pôde duvidar da autenticidade da ordem que lhe era dada. E Santa Margarida-Maria não recuaria diante de nenhum obstáculo e sacrifício para obedecer à divina intimação.

Entretanto, nesse contato tão luminoso e capital, Nosso Senhor ainda não dissera tudo à sua amada serva. “A grande dádiva que então me concedeu — observa ela — não foi senão o fundamen¬to de todas as que Ele ainda haveria de me outorgar.”

Várias semanas se passaram desde a primeira grande revelação até que ocorresse a segunda, cuja data não se pode determinar com exatidão. Há motivos para se supor ter acontecido numa sexta-feira, no início de 1674. Em carta dirigida a um de seus confessores e biógrafos, o Pe. Croiset, Sor Margarida-Maria lhe fala nos seguintes termos dessa nova aparição: Esse divino Coração me foi apresentado como sobre um trono de chamas, mais resplandecente que um sol e transparente como um cristal, com a chaga adorável bem visível, e todo ele circundado por uma coroa de espinhos, significando as feridas que nossos pecados lhe infligiam. Era encimado por uma cruz, dando a entender que ela havia sido plantada nele desde o primeiro instante em que foi formado (nas entranhas imaculadas de Maria), e que a partir de então esteve cheio de todas as amarguras que lhe causariam as humilhações, dores e desprezos sofridos por sua humanidade santíssima ao longo de sua vida e de sua Paixão. Ele me fez ver que seu ardente desejo de ser amado pelos homens, e de retirá-los da via da perdição na qual Satanás os precipitou, levou-O a formar esse desígnio de manifestar ao mundo seu Coração, com todos os tesouros de amor, de misericórdias, de graças, de salvação e santificação nele contidos. E àqueles que procurassem amá-Lo, honrá-Lo e glorificá-Lo plenamente, Ele os enriqueceria com a profusão e a abundância desses divinos tesouros do seu Coração.

Em seguida, a santa vidente assinala a necessidade de se venerar o Sagrado Coração sob a forma de uma imagem que reproduzisse a figura apresentada a ela nessa aparição. E conclui: Em todos os lugares onde essa imagem for exposta e venerada, Nosso Senhor difundirá suas graças e bênçãos, como um último esforço de seu amor em benefício dos homens ...., resgatando-os da tirania de Satanás e os colocando sob a doce liberdade do império de seu amor, o qual Ele quer estabelecer na alma de todos aqueles que procurem abraçar a devoção ao seu Coração Sagrado.

Nesta segunda aparição, reiterando os apelos que fizera na primeira, Nosso Senhor mostra a grandeza de seu amor por nós, refletida nas graças que Ele tanto deseja nos conceder, assim como na magnitude dos sofrimentos que se dispôs a padecer pelos homens desde o primeiro instante de sua Encarnação. De nossa parte, Ele espera que Lhe retribuamos este amor, e promete suas bênçãos aos que O honrarem e venerarem sua imagem.

Essa ardente caridade de um Deus em relação às suas débeis criaturas haveria de se manifestar mais intensa e mais comovedora na aparição seguinte.

A data da terceira visão é, como a da segunda, também incerta. Em seus escritos, Sor Margarida-Maria diz apenas que, nesse dia, “o Santíssimo Sacramento estava exposto”, e parece insinuar tratar-se de uma sexta-feira.

Daí a conjectura de que o fato se passou em começos de junho de 1674, na oitava de Corpus Christi. Seja como for, eis o relato deixado pela santa vidente: Uma vez diante do Santíssimo exposto, e depois de me sentir imersa num profundo recolhimento, meu doce Mestre Jesus Cristo se apresentou a mim, reluzente de glória, com suas cinco chagas brilhantes como outros tantos sóis. Chamas jorravam de todas as partes dessa humanidade sagrada, sobretudo de seu admirável peito, que parecia uma fornalha. Abrindo-se, descobriu-me seu amantíssimo Coração, fonte viva dessas labaredas. Aí me foram reveladas as maravilhas inexplicáveis de seu puro amor, e os excessos a que este chegou em proveito dos homens, recebendo em troca apenas ingratidões e menosprezos. Jesus me disse:“Essa ingratidão me é mais penosa do que todos os sofrimentos que padeci em minha Paixão. Se me retribuíssem em algo esse amor, Eu tomaria como pouco tudo o que fiz pelos homens, e estaria disposto a fazer ainda mais, se possível fosse. Neles, porém, encontro somente friezas e recusas diante de minhas solicitudes e bondades. Tu, pelo menos, alivia-me ao suprires a ingratidão deles, em toda a medida de que fores capaz.”

Confessando então sua indignidade e fraqueza, Sor Margarida-Maria suplica ao Divino Redentor que tenha compaixão de sua miséria. E d’Ele ouviu como resposta: Eu serei tua força, não temas. Esteja, porém, atenta à minha voz e ao que te peço para cumprires os meus desígnios. Primeiramente, me receberás no Santíssimo Sacramento sempre que lhe permitir a obediência, e deverás aceitar algumas mortificações e humilhações como provas de meu amor. Além disso, comungarás nas primeiras sextas-feiras de cada mês; e em todas as noites de quinta para sexta, far-te-ei participar da tristeza mortal que se abateu sobre Mim no Horto das Oliveiras. Para me acompanhares nessa humilde prece que então apresentei a meu Pai, tu te levantarás entre onze e meia-noite, prosternando-te durante uma hora comi-go, tanto para aplacar a cólera divina, pedindo misericórdia para os pecadores, como para suavizar em algo a amargura que senti quando me vi abandonado pelos meus apóstolos. Durante esta hora, farás o que Eu te indicar.”

Nesse comovedor e grave colóquio que manteve com a sua confidente, Nosso Senhor faz ouvir a queixa secreta de seu Coração: Ele ama tanto os homens, e é por estes tão pouco amado! E pede uma reparação de amor que se traduza em atos externos e fervorosos, como a comunhão frequente, a recepção da Eucaristia nas primeiras sextas-feiras de cada mês e a Hora Santa.

Entretanto, o ciclo das grandes revelações ainda não estava completo. Algo faltava a ser dito, para que o culto ao Sagrado Coração de Jesus tivesse seu pleno florescimento na piedade cristã.

A data da quarta aparição é mais conhecida que a das duas precedentes, embora não possa ser fixada com toda a segurança. A santa religiosa se limita a nos dizer que foi num dia da oitava de Corpus Christi de 1675. Ora, sabe-se que, naquele ano, tal festa caiu no 13 de junho, o que situa a visão entre os dias 13 e 20 do referido mês.

Dessa que pode ser considerada a mais importante de todas as revelações, deixou-nos a eleita do Senhor o seguinte relato: Estando certa vez diante do Santíssimo Sacramento, num dia de sua oitava, recebi de Deus graças excessivas de seu amor, e me senti tocada pelo desejo de retribuição, de Lhe pagar amor por amor. Ele me disse: “Tu me darás a maior prova de seu amor, fazendo o que já te pedi inúmeras vezes”. Então, descobrindo-me seu divino Coração, acrescentou: “Eis o Coração que tanto amou os homens, e nada poupou até esgotar-se e consumir-se para testemunhar-lhes o seu amor. Em reconhecimento, da maior parte só recebo ingratidões: por suas irreverências e sacrilégios, pelas friezas e os desprezos que eles têm por Mim nesse Sacramento de amor. Porém, o que mais me mágoa é o fato de que assim procedem corações que me são consagrados. Por isso, peço-te que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa especial para honrar meu Coração: comungando nesse dia, e prestando a Ele uma solene retra¬tação, a fim de desa¬gravá-Lo pelas indignidades que recebe quando está exposto so¬bre os altares. Eu te pro¬meto, também, que meu Coração se dilatará pa¬ra difundir com abundância os influxos de seu divino amor sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra, e se empenharem para que Lhe seja tributada.”

Insistindo na necessidade de ser retribuído em seu infinito amor pelos homens, e de ser desagravado pelas incessantes ingratidões que deles recebe, Nosso Senhor entregava assim a Santa Margarida-Maria os segredos e anelos mais recônditos de seu adorável Coração.

(“Sagrado Coração de Jesus, Tesouro de Bondade e Amor", Mons. João Clá Dias, EP)

 

Pedidos e Promessas do Sagrado Coração de Jesus

 

Completada pelo que se encontra nas cartas e outros escritos da vidente de Paray-le-Monial, a mensagem do Sagrado Coração de Jesus, ademais da tocante revelação de sua inextinguível caridade para conosco, encerra importantes solicitações do Divino Mestre e as mais consoladoras promessas de sua infinita misericórdia.

O que Ele nos pede é a consequência lógica do que se dignou nos revelar. Quer dizer, seu amoroso Coração ferido pelas nossas infidelidades, fere por sua vez os nossos. Destes, tão duros e frios, Ele espera contrição, arrependimento e firmes pro¬pósitos de honrá-Lo em toda a medida que nos seja possível.

Ele deseja, portanto:

* Uma solene retratação de nossa parte, pedindo-Lhe perdão por cada um de nós e por todo o mundo;

* A Comunhão reparadora, na qual nos esforçamos em confortar o Coração do Mestre, tão desprezado;

* A Comunhão especialmente reparadora das primeiras sextas-feiras de cada mês;

* A instituição de uma festa especial em honra de seu Coração, para agradecer-Lhe por seu amor e Lhe pedir perdão por nossas ingratidões e tibiezas;

* A prática da Hora Santa, quando nos unimos às dores de sua agonia no Horto das Oliveiras;

* A veneração à imagem de seu Coração Sagrado;

* A consagração pessoal a Ele, maduramente refletida e de plena vontade, como sinal de aliança definitiva;

* E, finalmente, a propagação do culto ao Sagrado Coração e de seu Reino.

É muito necessário ressaltar o espírito de desagravo inerente aos pedidos do Divino Salvador. A chaga aberta em seu Coração adorável não cessa de sangrar, sempre renovada pela maldade humana. E só poderemos corresponder ao seu infinito amor por nós se procurarmos estancar esse sangue, se nos esforçarmos em aliviar suas dores, tributando-Lhe amor, respeito e, sobretudo, reparação. É através desta que a devoção ao Coração de Jesus adquire todo o seu sentido e alcança seu pleno florescimento.

Se, porém, de um lado Nosso Senhor anseia pela correspondência dos homens aos apelos de seu amor, de outro tem para eles reservadas as mais preciosas dádivas de sua inexaurível misericórdia. Na mensagem de Paray-le-Monial, as promessas divinas refulgem como joias celestiais, feitas de consolação e esperança. Jesus assegura:

* Que todos os seus devotos e a Ele consagrados não (se condenarão) jamais;

* Que seus apóstolos possuirão o dom de tocar os corações mais empedernidos;

* Que as almas tíbias tornar-se-ão fervorosas, e as fervorosas, perfeitas;

* Que Ele espalhará com abundância suas bênçãos em todos os lugares onde seja exposta e venerada a imagem de seu divino Coração;

* Que Ele reunirá as famílias divididas, protegerá e socorrerá aquelas que se encontrem em dificuldades e para Ele se voltem com confiança;

* Que difundirá a suave unção de sua ardente caridade sobre todas as Comunidades que O honrem e se coloquem sob a sua especial proteção.

* E, por fim, o dom em que mais reluz a generosidade divina: “Prometo-te — afirma Jesus a Santa Margarida-Maria —, na excessiva misericórdia de meu Coração, que meu amor onipotente concederá a todos os que comungarem na primeira sexta-feira de nove meses seguidos, a graça da penitência final; não morrerão de modo algum na minha desgraça e sem receber os Sacramentos, tornando-se meu divino Coração o seu asilo seguro nesse último momento.”

Temos, assim, uma ideia da mensagem no seu conjunto, com a tocante revelação do insondável amor do Coração de Jesus e de sua ferida íntima, seus paternais pedidos, e suas consoladoras promessas para aqueles que, humilde e fervorosamente, corresponderem a seus divinos apelos.

É ao coração de cada um de nós que Nosso Senhor nos fala, do fundo de seu próprio Coração Sagrado. Por conseguinte, não é apenas de nossos lábios ou de nossas atitudes exteriores que Ele deseja uma resposta, e sim do mais recôndito de nossas almas. Esforcemo-nos em atendê-Lo, em desagravá-Lo de tantas chagas que Lhe causam os pecados do mundo, para sermos dignos de suas celestiais misericórdias, de seu incomensurável amor que “repousa perdoando”.

(“Sagrado Coração de Jesus, Tesouro de Bondade e Amor", Mons. João Clá Dias, EP)

 

O Detente

Entre as diversas representações do Sagrado Coração de Jesus, uma se destaca pela milagrosa circunstância em que se tornou célebre aos olhos do mundo católico. Trata-se do “Detente!”, um recorte de pano onde se pinta ou borda a figurado Coração divino revelada a Santa Margarida-Maria, emoldurado pela frase: “Detém-te! O Coração de Jesus está comigo!”

A origem desse objeto piedoso se prende a um caso de proteção sobrenatural com que se viu favorecido um jovem romano, o qual se alistou como zuavo pontifício para defender o Papado nas guerras da unificação italiana do séc. XIX. Antes de partir, sua mãe lhe pendurou ao pescoço um pedaço de pano em que ela havia bordado o Coração de Jesus com a cruz, a coroa de espinhos e as chamas, assim como fora visto em êxtase pela vidente de Paray-le-Monial.

Armado com esse singular escudo que lhe forjara a solicitude materna, o jovem combatente lançou-se com denodo e coragem em renhidas e sangrentas batalhas. Durante um desses confrontos, quando as balas adversárias faziam grande estrago nas fileiras pontifícias, uma delas atingiu em cheio o peito do heróico rapaz, ficando cravada na estampa do Coração de Jesus que lhe pendia do pescoço.

Ao tomar conhecimento desse fato, o Papa Pio IX concedeu uma bênção especial a todos os escapulários elaborados segundo o modelo feito por aquela carinhosa mãe cristã.

(“Sagrado Coração de Jesus, Tesouro de Bondade e Amor", Mons. João Clá Dias, EP)

 

O coração é símbolo do Amor

 

O Coração de Jesus, tomado em seu significado próprio e natural, é o símbolo sensível desta devoção cujo objeto espiritual é o amor imenso do Verbo Encarnado.

Considerada em sua essência, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus é tão antiga quanto o Cristianismo.

Considerada em sua forma atual, ela data do fim do século XVII.

Qual sua finalidade? Amar e honrar o Coração de Jesus Cristo, abrasado de amor pelos homens e ultrajado por suas ingratidões, e oferecer- Lhe reparação pelas injúrias que Ele recebe especialmente no Santíssimo Sacramento.

Trata-se de uma devoção admiravelmente fecunda em frutos de salvação, e destinada, como dizia o Papa São Pio X, a regenerar o mundo.

Um duplo objeto

Em todas as devoções ou festas relativas à humanidade santíssima de Jesus, há sempre um duplo objeto: um sensível e secundário, que dá seu nome à devoção ou comemoração, e outro espiritual e principal.

Por exemplo, os objetos da festa da Santa Cruz são dois, estreitamente unidos: um sensível, a própria Cruz; e outro espiritual, que é Jesus crucificado, operando através da Cruz o mistério da Redenção. O motivo espiritual comunica à Cruz sua dignidade e a faz, pela união de Jesus com ela, digna dessa singular veneração que toda a Igreja lhe presta com tanta solenidade.

O mesmo se dá com a devoção ao Sagrado Coração.

O objeto sensível, secundário, é o Coração de Jesus, tomado em seu significado próprio e natural, seu Coração de carne semelhante ao nosso. É daí que a devoção tira seu nome. Quanto ao objeto espiritual e principal, é o amor imenso do qual o Sagrado Coração é o símbolo e o órgão.

Em todos os povos, o coração é símbolo do amor

O coração físico, material, participa largamente dos sentimentos e das afeições da alma, com eles colabora ativamente e deles recebe impressões muito vivas. Ele é a sede, o órgão principal dos afetos sensíveis.

Em todos os povos ele é considerado o símbolo do amor, o mais terno penhor que alguém pode dar de uma íntima e verdadeira afeição. É nele que a alma, espalhada por todo o corpo, faz sua pousada predileta. É no coração que ela faz sentir de maneira mais profunda as influências de sua santidade. É nele que o Espírito Santo habita mais especialmente e de maneira mais sensível. O coração é também visto pela Igreja como a mais preciosa relíquia de seus santos.

Quando aplico essas verdades ao Coração de Jesus, como Ele me parece digno de nosso culto e de nossas homenagens! A devoção ao Coração de Jesus é, pois, bem legítima e bem excelente se eu a considero no seu objeto sensível e secundário.

E mais ainda quando examinada no seu objeto espiritual e principal: o amor infinito de Jesus pelos homens.

(Trechos de "L'Ami du clergé ", junho de 1880)
(Revista Arautos do Evangelho, Jun/2006, n. 54, p. 21)

 

Fonte de Toda consolação

 

A Ladainha do Sagrado Coração de Jesus nos desvenda o oceano de seu amor para conosco, enfatizando seu desejo de nos ouvir, perdoar e confortar.

Carlos Werner Benjumea

Toda noite, nas casas dos Arautos do Evangelho, concluído o jantar comunitário, canta-se a Ladainha do Sagrado Coração de Jesus. A melodia gregoriana, afável e sublime, realça o significado profundo de cada invocação.

Vemo-nos colocados ante um verdadeiro caudal de maravilhas e louvores próprios a encher nossas almas de ternura e adoração por nosso Redentor.

A série de títulos a Ele atribuídos procura realçar não apenas seus atributos divinos, mas seu amor infinito, à nossa espera para além dos umbrais da vida terrena.

Nós, que vivemos neste mundo uma vida mortal, tomamos o amor humano como o padrão da medida do amar, seja o amor maternal, o paternal, o filial, o conjugal, ou mesmo os amores ilícitos. Pobres de nós! Mal podemos imaginar como o amor inextinguível e santificante de Deus Nosso Senhor por suas criaturas.

A Ladainha do Sagrado Coração de Jesus nos permite vislumbrar algo da abrasadora intensidade desse amor divino.

Neste mês de junho, dedicado ao divino Coração, convido-o, caro leitor, a tomar algumas dessas invocações, procurando penetrar a mensagem de amor contida nelas.

"Eis o Coração que tanto amou os homens"

Numa de suas aparições a Santa Margarida Maria, Nosso Senhor mostrava- se transbordante de luz e com uma expressão repleta de bondade e misericórdia. Apontando seu próprio Coração, Ele transmitiu-lhe esta queixa afetuosa: "Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou até Se esgotar e consumir para lhes testemunhar seu amor, e que, como retribuição, da maior parte só recebe ingratidões".

Como essa revelação deveria deixar- nos consternados! É verdade que Ele nos ama acima de toda medida e que é impossível a cada um de nós, simples criatura, retribuir com igual intensidade. Entretanto, a questão é saber se nós O amamos tanto quanto nos permite nossa capacidade de amar. Certamente, se nos entregássemos por inteiro a seu amor, ajudados por sua graça, nosso coração palpitaria em uníssono com o d'Ele, nós nos enterneceríamos com Ele, sentiríamos como Ele e - por que não? - sofreríamos por Ele.

Esse deve ser o anelo da alma católica.

Façamos, pois, da leitura destas palavras algo mais que um puro exercício intelectual. Transformemo-la em um ato de amor.

"Coração de Jesus, fornalha ardente de Caridade"

Esta belíssima jaculatória não se contenta de comparar esse amor - caritas, caridade - tão intenso com uma fornalha, mas acentua ser uma fornalha ardente. Esplêndida imagem de sua divina Paixão, não só pela humanidade em seu conjunto, mas também por todos os seus filhos e filhas, individualmente considerados.

Assim relata Santa Margarida Maria como lhe foi revelado esse amor: "Uma vez, estando exposto o Santíssimo Sacramento, apareceu Jesus Cristo todo resplandecente de glória, com suas cinco chagas brilhando como sóis, e sua sagrada humanidade lançando labaredas de todos os lados, mas sobretudo de seu adorável peito, que parecia uma fornalha.

Abrindo-o, Ele descobriu-me seu amabilíssimo e amantíssimo Coração, que era a fonte viva das chamas. Mostrou- me então as inexplicáveis maravilhas de seu puro amor e o excesso a que tinha chegado no amor aos homens, dos quais só recebia ingratidões e friezas".

"Foi isso", disse Ele a Santa Margarida, "o que mais Me doeu de todos os sofrimentos que tive em minha Paixão, ao passo que, se Me retribuíssem com algum amor, consideraria pouco tudo o que fiz por eles. Se fosse possível, quereria ainda ter feito mais. Mas os homens têm apenas frieza e recusa para com todas as minhas solicitudes de lhes fazer bem. Dá-Me tu, pelo menos, esse prazer de suprir-lhes as ingratidões, conforme tuas possibilidades".

Oxalá esse apelo de Jesus encontre excelente acolhida, não apenas na alma das pessoas especialmente devotas do Sagrado Coração, mas também na de todos os católicos, despertando em cada um o desejo de oferecer a nosso amoroso Redentor digna reparação por tanta frieza. Que cada um, a exemplo de Simão Cireneu, ajude-O a carregar a cruz dos esquecimentos e das ingratidões. Será esta a melhor maneira de combater a tibieza que, às vezes, torna moroso nosso progresso espiritual, ou, pior ainda, nos paralisa num estado de torpor e de enfastiamento em relação às coisas de Deus.

Para avançarmos nesse luminoso caminho, contamos com um auxílio certo e preciosíssimo: a devoção ao Imaculado Coração de Maria, no qual Jesus é incomparavelmente mais amado do que em qualquer outra criatura, humana ou angélica. "Foi vontade de Deus que, na obra da redenção humana, a Santíssima Virgem Maria estivesse inseparavelmente unida a Jesus Cristo" - escrevia o Papa Pio XII. Por isso convém que cada cristão, "depois de prestar ao Sagrado Coração o devido culto, renda também ao amantíssimo Coração de sua Mãe celestial os correspondentes obséquios de piedade, de amor, de agradecimento e de reparação" (Encíclica Haurietis acquas, n. 74).

Ajudados pela poderosa mediação dessa terna Mãe, penetraremos com maior facilidade no mistério do divino amor, que Ela portou em seu puríssimo seio e alimentou, ao qual contemplou de perto com incêndios de adoração e enlevo.

"Coração de Jesus, paciente e misericordioso"

Este título traz-nos à mente uma exclamação de Santa Margarida Maria: "Esse divino Coração é todo doçura, humildade e paciência".

"Paciente" (do latim, patiens, "aquele que sofre") é um qualificativo muito adequado ao Coração misericordioso de Jesus, disposto a todos os sofrimentos pela nossa salvação. Contemplamos aqui um Coração cujo afeto se mede pela sua disposição de sofrer.

Não seria demasiado afirmar que o valor de um homem, ou de uma mulher, é proporcional à sua capacidade de superar, com ânimo e resignação, os insucessos e dificuldades que a Providência permite em seu caminho - especialmente quando se vê alvo de incompreensões da parte das pessoas que lhe são mais próximas.

Temos, então, ante nosso olhar o Divino Mestre como modelo de paciência.

Ser paciente significa, por exemplo, saber suportar os defeitos do próximo, responder com amabilidade às suas manifestações de mau gênio, e tantos outros atos de virtude do mesmo tipo.

Se imitarmos, neste ponto, nosso Salvador, faremos jus à sua amizade, conforme escreveu Santa Margarida Maria: "Tereis de vos mostrar mansos, suportando com paciência as grosserias, manias e amolações do próximo, sem vos deixar inquietar pelas contrariedades que ocasionem. Pelo contrário, fazei de boa vontade os serviços que puderdes, porque este é o modo de ganhar a amizade e a graça do Sagrado Coração de Jesus".

Exatamente assim procede Nosso Senhor com cada um de nós. Se agirmos do mesmo modo para com os outros, crescerá em nós a confiança em sua predisposição de nos perdoar sempre, não só uma vez, mas todas as vezes que d'Ele nos aproximarmos arrependidos.

Sim, precisamos nos convencer dessa maravilhosa verdade: o Divino Redentor suportou meus pecados e por eles sofreu; por minha salvação imolou-Se, derramando todo o seu Preciosíssimo Sangue. Devo, pois, considerar minha maldade com grande contrição, é verdade, mas ao mesmo tempo com inabalável confiança.

Não nos deixemos nunca desanimar!

"Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados"

Esta é a jaculatória que então aflora em nossos lábios.

Propiciar (do latim, propitiare) é tornar propício, tornar favorável por meio de um sacrifício, oferecer um sacrifício expiatório. Isso é o que fez Jesus, oferecendo-Se ao Pai como "expiação pelos nossos pecados" (1Jo 2,2).

E o Apóstolo do amor empenha-se em acentuar: "Nisso se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo seu Filho único, para que vivamos por Ele (...) para expiar nossos pecados" (1Jo 4, 9-10).

Nosso Papa Bento XVI também se refere de modo ardoroso ao sacrifício do Salvador: "Em sua morte na Cruz realiza-se esse voltar-Se de Deus contra Si mesmo, entregando-Se para dar vida nova ao homem e salvá-lo: isso é o amor em sua forma mais radical" (Deus caritas est, n. 12).

Já morto em "propiciação por nossos pecados", quis Jesus dar-nos uma demonstração do extremo limite aonde chegou seu amor por nós: de seu divino Coração brutalmente transpassado pela lança do soldado, manaram as últimas gotas de sangue, misturadas com água.

Por aí podemos avaliar quanto é censurável nossa frieza em relação a Ele, sobretudo nossa falta de confiança!

"Coração de Jesus, fonte de toda consolação"

Tal doação generosa até o ponto de dar-Se a Si mesmo perpassa nossas almas de alegria. Como não experimentarmos grandíssimo consolo ao vernos objeto de tão dadivoso amor? Na verdade, a palavra consolação encerra dois sentidos: por um lado, significa fortalecimento, novo vigor, novo alento; por outro, uma sensação de alegria, de suavidade, de unção do Divino Espírito Santo.

Em ambos os sentidos, o Sagrado Coração de Jesus é fonte de toda consolação, pois enche de júbilo e satisfação espiritual aqueles que se abrem para sua infinita bondade. Mas Ele é também nossa fortaleza. Assim, quando nos sentirmos débeis ou cansados, quando nos faltar coragem para praticar algum ato de virtude que o dever de católicos nos impõe, lembremo-nos: não estamos sozinhos, Jesus está a nosso lado! N'Ele encontraremos as forças necessárias para amar a Deus e ao próximo, cumprindo fielmente os divinos preceitos de sua Lei.

Sobretudo nessas horas, precisamos lançar-nos nos braços do Divino Mestre... Ah! se soubéssemos como Ele suspira por nos ajudar! Eis como Ele revela a Santa Margarida Maria essa sua predisposição: "Meu divino Coração está tão abrasado de amor para com os homens, e em particular para contigo, que, não podendo conter em Si as chamas de sua ardente caridade, precisa derramá-las por teu meio, e manifestar-Se a eles para os enriquecer com os preciosos dons que te mostro, os quais contêm as graças santificantes e salutares necessárias para os afastar do abismo da perdição".

Querido leitor, esperamos que esta curta meditação tenha servido para fazê-lo sentir-se mais próximo do Coração de Jesus, e mais confiante na sua bondade sem limites. E que também lhe seja de algum proveito quando tiver a graça de se aproximar do altar para receber o divino Alimento.

Lembre-se, então, de que recebemos na alma, realmente presente, esse Coração no qual adoramos todas as perfeições expressas tão belamente em sua ladainha.

(Revista Arautos do Evangelho, Jun/2006, n. 54, p. 17 a 20)

 

Sagrado Coração. Eucaristia e Nossa Senhora

A fim de mais nos afervorarmos nessa devoção, não será supérfluo salientar o vínculo indissociável entre o Sagrado Coração e o Sacramento da Eucaristia. Neste, Jesus está realmente presente em corpo, sangue, alma e divindade. Portanto, nele se acha vivo e palpitante o seu Coração adorável que convida a si todos os homens. É através da Eucaristia que Ele realiza as suas promessas, fazendo-nos objetos de seu insondável amor, conforme nos ensina o Papa João Paulo II: “A infinita majestade de Deus se oculta no Coração humano do Filho de Maria. Este Coração é nossa Aliança. Este Coração é a máxima proximidade de Deus junto à história e aos corações humanos. Este Coração é a maravilhosa condescendência de Deus: o Coração humano que pulsa com a vida divina; a vida divina que pulsa no coração humano.

“Na Santíssima Eucaristia descobrimos com o sentido da fé esse mesmo Coração — o Coração de Majestade Infinita — que (nela) continua latejando com o amor humano de Cristo, Deus-Homem.

“Quão profundamente sentiu este amor o Santo Papa Pio X! Quanto desejou que todos os cristãos, desde os anos da infância, se aproximassem da Eucaristia, recebendo a santa comunhão: para que se unissem a este Coração que é, ao mesmo tempo, para cada um dos homens, Casa de Deus e Porta do Céu.

“Casa, uma vez que, através da comunhão eucarística, o Coração de Jesus estende sua morada a cada um dos corações humanos. Porta, porque em cada um destes corações humanos, Ele abre a perspectiva da eterna união com a Santíssima Trindade” (Meditações da Ladainha do Sagrado Coração, junho de 1985).

Devemos, pois, ir ao Santíssimo Sacramento para encontrarmos o Sagrado Coração, aí acessível a todos, infatigável, prodigalizando as maravilhas de sua bondade, de sua terníssima compaixão pela humanidade pecadora.

Melhor ilustração desse vínculo não poderíamos evocar, senão a que nos mostram as próprias aparições de Paray-le-Monial: na maioria das vezes, o Sagrado Coração se revelou a Santa Margarida-Maria numa hora em que esta, humilde e recolhida nos abençoados silêncios da capela, orava fervorosamente diante do Santíssimo Sacramento.

Imitemos o edificante exemplo dessa zelosa filha de São Francisco de Sales, dessa alma eleita que, por suas excelentes virtudes e obras, até o fim de sua vida não cessou de glorificar e exaltar o divino Coração de Jesus. E, por isso mesmo, mereceu ser inscrita para sempre no rol dos heróis da Fé.

Sim, procuremos seguir o caminho traçado por Santa Margarida-Maria. Sem nunca nos esquecermos, porém, de que devemos fazê-lo implorando a onipotente mediação de Nossa Senhora. Melhor intercessora não poderíamos invocar, pois Ela é a Mãe do Homem-Deus, Aquela que engendrou e nutriu de seu próprio sangue o Coração de Jesus, A que trouxe encerrado no seu claustro virginal essa fonte de amor infinito, cujas pulsações desde então batem em uníssono com as de seu Coração Imaculado.

Ela é, sobretudo, A que soube corresponder de modo exímio, crescente e ininterrupto às ardentes efusões da caridade de seu Divino Filho, junto a Quem não cessa de pedir por todos e cada um de nós. “Através do Imaculado Coração de Maria permanecemos na aliança com o Coração de Jesus, que é o mais esplêndido e perfeito Tabernáculo do Altíssimo” (João Paulo II, idem).

(Sagrado Coração de Jesus, Tesouro de Bondade e Amor”, Mons João Clá Dias, EP)

 

Fonte de Vida e Santidade

 

Uma palavra sobre o desenvolvimento e a importância da devoção ao Sagrado Coração de Jesus no conjunto da piedade católica.

As aparições a Santa Margarida-Maria não criaram essa devoção. Ela já existia e se remonta aos primórdios da Igreja. Antes da mensagem de Paray-le-Monial, grandes santos e renomados teólogos já haviam se destacado na prática e na propagação desse culto tão precioso. Entre muitos outros, poderíamos citar Santa Gertrudes, São Boaventura, Santa Matilde, São Bernardo, São Francisco de Assis, Santa Catarina de Siena, Tomás de Kempis, São Francisco de Sales e, de modo particular, São João Eudes, que reunia sempre as devoções ao Coração de Jesus e ao Coração de Maria. Foi ele o primeiro a conseguir, em 1672, o esplendor de um culto litúrgico ao Sagrado Coração, com ofício e Missa próprios, celebrados nas dioceses em que eram permitidos pelos respectivos Bispos.

Entretanto, foi na abençoada atmosfera de Paray-le-Monial que se realizaram os prodígios e atos fundamentais para que essa devoção se consolidasse, assumisse seus definitivos aspectos e se espalhasse pela Igreja universal.

Para um vigoroso impulso inicial, assim como para levar adiante a missão que lhe confiara o Divino Mestre, Santa Margarida-Maria encontrou grande apoio em São Cláudio de la Colombière - seu confessor e homem de virtudes extraordinárias -, bem como na Ordem dos jesuítas a que este pertencia. Tornaram-se os filhos de Santo Inácio, desde logo, denodados arautos dessa devoção.

Assim fomentado, o culto ao Sagrado Coração começou a propagar-se rapidamente, sendo protegido e favorecido pelos Sumos Pontífices com importantes indulgências. Em 1856, o Papa Pio IX estendeu a toda a Igreja a festa do Sagrado Coração de Jesus, fixada para a primeira sexta-feira após a oitava de Corpus Christi, data em que até hoje é celebrada.

No início da década de 1920 tiveram lugar as aparições do Sagrado Coração de Jesus a Soror Josefa Menéndez, religiosa coadjutora da Societé du Sacré Coeur de Jésus, conhecidas como o "Apelo ao Amor". Nessa mensagem - cujos pontos mais salientes transcrevemos no começo deste trabalho - Nosso Senhor não faz senão redescobrir aos homens, com solicitude ainda maior, o insondável tesouro de clemência e de misericórdia que Ele nos tem reservado.

No que diz respeito ao alcance e aos frutos dessa devoção, já sobre eles se manifestara Santa Margarida-Maria: "Não há", disse ela, "caminho mais curto nem mais seguro para a perfeição do que consagrar-se ao divino Coração, para prestar-Lhe todas as homenagens de amor, honra e louvor de que somos capazes. Acredito que, na vida espiritual, não existe devoção mais própria para, num breve prazo, levar uma alma à santidade e fazê-la experimentar a verdadeira felicidade no serviço do Coração de Jesus."

Por essa devoção, estabelecemos a mais íntima e preciosa relação que podemos ter com Jesus, conhecendo a que extremos somos amados por Ele e, em conseqüência, quanto Lhe devemos em amor, gratidão, reparação e em fidelidade a seus superiores desígnios. Portanto, "todos devemos beber do Coração divino, que é fonte de vida e de santidade. Não há, no universo criado, outro lugar do qual possa brotar a santificação para a vida humana, fora deste Coração que tanto nos amou" (João Paulo II, idem, agosto de 1986).

Já para o conjunto da humanidade, essa devoção tem igualmente extraordinário alcance, produzindo frutos não menos valiosos. Ela oferece eficaz remédio para os males que afetam o mundo contemporâneo. Com efeito, é a devoção da bondade e da misericórdia. Ela recorda aos homens tão ávidos de afeto e, entretanto, tão cheios de egoísmo, que um amor incomparável fez descer do Céu o Verbo de Deus; que este amor foi seu ali¬mento sobre a Terra e O acompanhou até a eternidade, onde não Lhe deixa descansar um só instante, sempre voltado para nós.

A agonia no Horto, a Cruz, a Sagrada Eucaristia, milagres do amor divino esquecidos pelos homens, voltam-lhes à lembrança através da devoção ao Sagrado Coração. Esta os obriga a acreditar que existe Alguém que os quer apaixonada e infinitamente.

Alem disso, "no Coração de Cristo, cheio de amor ao Pai e aos homens, seus irmãos, teve lugar a perfeita reconciliação entre o Céu e a Terra. Quem quiser experimentar a doçura dessa reconciliação, deve acolher o convite do Senhor e dirigir-se a Ele. Em seu Coração encontrará paz e descanso; ali, sua dúvida se transformará em certeza; a ânsia, em quietude; a tristeza, em alegria; a perturbação, em serenidade. Ali encontrará alívio para a dor, força para superar o medo, generosidade para não render-se ao envilecimento e para retomar o caminho da esperança" (João Paulo II, idem, setembro de 1989).

Nada mais próprio, pois, a levantar os espíritos abatidos pela tibieza e pelo desalento, do que a vista de um Deus que oculta sua onipotência, a fim de que brilhe e triunfe apenas a misericórdia de seu Coração. Nada mais próprio a resgatar os homens das vias da descrença, da irreligiosidade e da indiferença moral - causas principais da imensa crise moderna -, do que o prestar ouvidos à mensagem repassada de fé, perdão e clemência inesgotáveis que o Sagrado Coração dignou-se trazer-lhes da eternidade.

E como não nos munirmos de uma confiança sem limites ao pensarmos que esse Coração, apresentado a nós tão compassivo e indulgente, é o Senhor do mundo e o supremo Juiz dos acontecimentos, e que nada nos sucede sem que tenha sido ordenado e permitido por Ele com vistas à nossa santificação e felicidade?

Tal é a devoção ao Sagrado Coração bem entendida. Não é uma prática de culto como outras, mas é o completo desenvolvimento da piedade cristã. É no Sagrado Coração que o amor divino se revelou em todo o seu esplendor; e é em relação a Ele que a caridade humana se reveste de toda a sua plenitude.

Enfim, pelo conhecimento e culto verdadeiro do Sagrado Coração, a humanidade se aproxima de Deus; e por meio d'Ele, a rogos de Maria Santíssima, as bênçãos do Céu se difundem com abundância sobre a Terra. Saibamos, pois, corresponder a essa maravilhosa profusão de graças, para que, revelando-se novamente ao mundo, possa Jesus mostrar-se repleto de divina alegria, afirmando: "Eis o Coração que tanto amou os homens, e que por eles foi tanto e tão profundamente amado!"

(Sagrado Coração de Jesus, Tesouro de Bondade e Amor”, Mons João Clá Dias, EP)

Ladainha do sagrado coração de Jesus

 

Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, tende piedade de nós.

R/.Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.

R/.Jesus Cristo, atendei-nos.

Deus, Pai dos Céus, tende piedade de nós.

Deus Filho, Redentor do mundo,
Deus Espírito Santo,
Santíssima Trindade, que sois um só Deus,

Coração de Jesus, Filho do Pai Eterno,
Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe,
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus,
Coração de Jesus, de majestade infinita,
Coração de Jesus, templo santo de Deus,
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo,
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do Céu,
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade,
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e de amor,
Coração de Jesus, cheio de bondade e de amor,
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes,
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor,
Coração de Jesus, Rei e centro de todos os corações,
Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência,
Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade,
Coração de Jesus, no qual o Pai põe as suas complacências,
Coração de Jesus, de cuja plenitude nós todos participamos,
Coração de Jesus, desejo das colinas eternas,
Coração de Jesus, paciente e misericordioso,
Coração de Jesus, rico para todos os que Vos invocam,
Coração de Jesus, fonte de vida e santidade,
Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados,
Coração de Jesus, saturado de opróbrios,
Coração de Jesus, atribulado por causa de nossos crimes,
Coração de Jesus, feito obediente até a morte,
Coração de Jesus, atravessado pela lança,
Coração de Jesus, fonte de toda a consolação,
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição,
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação,
Coração de Jesus, vítima dos pecadores,
Coração de Jesus, salvação dos que esperam em Vós,
Coração de Jesus, esperança dos que expiram em Vós,
Coração de Jesus, delícia de todos os santos,

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
R/. perdoai-nos, Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, 
R/. atendei-nos, Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, 
R/. tende piedade de nós.

V/. Jesus, manso e humilde de Coração,
R/. Fazei nosso coração semelhante ao vosso.

 

Oremos. Deus onipotente e eterno, olhai para o Coração de vosso Filho diletíssimo e para os louvores e as satisfações que Ele, em nome dos pecadores, Vos tributa; e aos que imploram a vossa misericórdia concedei benigno o perdão, em nome do vosso mesmo Filho Jesus Cristo, que convosco vive e reina por todos os séculos dos séculos. Amém.

 

Novena irresistível ao Sagrado Coração

 

1. Ó meu Jesus, que dissestes: Em verdade vos digo: pedi e recebereis, procurai e achareis, batei e servos-á aberto., eis que eu bato, procuro e peço a graça...
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.

Sagrado Coração de Jesus, confio e espero em Vós!


2. Ó meu Jesus, que dissestes: Em verdade vos digo: qualquer coisa que peçais a meu Pai em meu nome, Ele vo-la concederá., eis que a vosso Pai, no vosso nome, eu peço a graça...

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.

Sagrado Coração de Jesus, confio e espero em Vós!


3. Ó meu Jesus, que dissestes: Em verdade vos digo: passarão o Céu e a Terra, mas as minhas palavras, jamais, eis que, apoiado na infalibilidade de vossas santas palavras, eu peço a graça...

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.


Oremos:
Sagrado Coração de Jesus, confio e espero em Vós! Ó Sagrado Coração de Jesus, a Quem uma única coisa é impossível, isto é, a de não ter compaixão dos infelizes, tende piedade de nós, míseros pecadores, e concedei-nos as graças que Vos pedimos por intermédio do Coração Imaculado da vossa e nossa terna Mãe.


São José, amigo do Sagrado Coração de Jesus, rogai por nós.

Salve Rainha.

 

Ato de Consagração das famílias ao Sagrado Coração de Jesus 

 

(Texto aprovado por São Pio X em 1908)

Sagrado Coração de Jesus, que manifestastes a Santa Margarida Maria o desejo de reinar sobre as famílias cristãs, nós vimos hoje proclamar vossa realeza absoluta sobre a nossa família.

Queremos, de agora em diante, viver a vossa vida, queremos que floresçam, em nosso meio, as virtudes às quais prometestes, já neste mundo, a paz.

Queremos banir para longe de nós o espírito mundano que amaldiçoastes.

Vós reinareis em nossas inteligências pela simplicidade de nossa fé; em nossos corações pelo amor sem reservas de que estamos abrasados para convosco, e cuja chama entreteremos pela recepção frequente de vossa divina Eucaristia.

Dignai-Vos, Coração divino, presidir as nossas reuniões, abençoar as nossas empresas espirituais e temporais, afastar de nós as aflições, santificar as nossas alegrias, aliviar as nossas penas.

Se, alguma vez, algum de nós tiver a infelicidade de Vos ofender, lembrai-Vos, ó Coração de Jesus, que sois bom e misericordioso para com o pecador arrependido.

E quando soar a hora da separação, nós todos, os que partem e os que ficam, seremos submissos aos vossos eternos desígnios. Consolar-nos-emos com o pensamento de que há de vir um dia em que toda a família, reunida no Céu, poderá cantar para sempre a vossa glória e os vossos benefícios.

Digne-se o Coração Imaculado de Maria, digne-se o glorioso Patriarca São José apresentar-Vos esta consagração e no-la lembrar todos os dias de nossa vida. Viva o Coração de Jesus, nosso Rei e nosso Pai.

 

O coração de Jesus e a Nova Evangelização

 

Para encerrarmos com chave de ouro, transcrevemos a seguir alguns tópicos da mensagem pronunciada pelo Papa João Paulo II em junho de 1999, no Centenário da consagração do gênero humano ao Sagrado Coração de Jesus. Assim falou o Sumo Pontífice:

Amadíssimos irmãos e irmãs.

Por ocasião da festa do Sagrado Coração de Jesus, exortei os fiéis a que perseverem na prática desse culto o qual, em nossos dias, reveste-se de uma atualidade extraordinária, porque precisamente do Coração do Filho de Deus, morto na cruz, brotou a fonte perene da vida que dá esperança a todo homem. Do Coração de Cristo crucificado nasce a nova humanidade, redimida do pecado. O homem do ano 2000 tem necessidade do Coração de Cristo para conhecer a Deus e para conhecer-se a si mesmo. Tem necessidade d'Ele para cons¬truir a civilização do amor.

Diante da tarefa da nova evangelização, o cristão que, contemplando o Coração de Cristo, Senhor do tempo e da história, se consagra a Ele, redescobre-se portador da luz divina... e contribui para abrir a todos os entes humanos a perspectiva de serem elevados à plenitude pessoal e comunitária. Junto ao Coração de Cristo, o coração do homem aprende a conhecer o sentido verdadeiro e único de sua vida e de seu destino, a compreender o valor de uma existência autenticamente cristã, a evitar certas perversões do coração humano, a unir o amor filial a Deus com o amor ao próximo.

Desejo expressar minha aprovação e meu incentivo a quantos, de qualquer maneira, continuam cultivando, aprofundando e promovendo na Igreja o culto ao Coração de Jesus, com linguagem e formas adequadas a nosso tempo, para poder transmiti-lo às gerações futuras com o espírito que sempre o animou. Trata-se, ainda hoje, de guiar os fiéis para que contemplem com sentido de adoração o mistério de Cristo, Homem-Deus, a fim de que sejam homens e mulheres de vida interior, pessoas que sintam e vivam o chamado à vida nova, à santidade e à reparação, que é cooperação apostólica para a salvação do mundo. Pessoas que se preparem para a nova evangelização, reconhecendo que o Coração de Cristo é o coração da Igreja: urge que o mundo compreenda que o cristianismo é a religião do amor.

A contemplação do Coração de Jesus na Eucaristia levará os fiéis a .... degustar, em comunhão com seus irmãos, a suavidade espiritual da caridade em sua própria fonte. Ajudando a cada um a redescobrir seu batismo, os fará mais conscientes de sua dimensão apostólica, que devem viver difundindo a caridade e cumprindo a missão evangelizadora. Que todos se empenhem mais em pedir ao Senhor da messe que envie à Igreja "pastores segundo seu coração" (Jr 3, 15), os quais, enamorados de Cristo, Bom Pastor, modelem seu próprio coração à imagem do d'Ele e estejam dispostos a ir pelas sendas do mundo para proclamar a todos que Jesus é caminho, verdade e vida. A isto se acrescentará a ação concreta, para que também muitos jovens de hoje, dóceis à voz do Espírito Santo, aprendam a permitir que ressoem no íntimo de seus corações as grandes expectativas da Igreja e da humanidade, e respondam ao convite de Cristo para se consagrarem juntamente com Ele, entusiastas e alegres, "pela vida do mundo" (Jo 6, 51).

Rendamos graças a Deus, nosso Pai, que nos revelou seu amor no Coração de Jesus e nos abençoou com a unção do Espírito Santo, de modo que, unidos a Cristo, adorando-O em todo lugar e atuando santamente, consagremos-Lhe o mundo e o novo milênio.

Conscientes do grande desafio que temos diante de nós, invoquemos a ajuda da Santíssima Virgem, Mãe de Cristo e Mãe da Igreja. Que Ela guie o povo de Deus para além dos umbrais do novo milênio que está prestes a começar, o ilumine pelos caminhos da fé, da esperança e da caridade. E, especialmente, ajude a todos os cristãos a viverem com generosa coerência sua consagração a Cristo, que tem seu fundamento no sacramento do Batismo e que se confirma oportunamente na consagração pessoal ao Sacratíssimo Coração de Jesus, o único em quem a humanidade pode encontrar perdão e salvação.

Varsóvia, 11 de junho de 1999

(Sagrado Coração de Jesus, Tesouro de Bondade e Amor”, Mons João Clá Dias, EP)

 

 

 

 

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