No Vietnã, uma Igreja mártir e alegre

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O site Zenit.org publicou na quarta-feira (13/08/14) o Testemunho de um missionário do PIME referente ao país asiático, no dia da chegada do Papa na Coreia.

“Escrevo do Vietnã, onde estou há já uma semana, aos leitores de Zenit. Encontrei-me com a realidade de uma Igreja corajosa e bem presente, perseguida por séculos mas bem enraizada na vida dos cristãos; fecundada pelo sangue dos mártires que resiste silenciosamente ao controle do regime comunista.

Cerca de 10 por cento da população vietnamita é católica. Dentro do âmbito geográfico das paróquias e das igrejas são iniciativas e celebrações, como aquela comovente de hoje, 13 de agosto, no Centro Mariano de Bai Dau Vung Tau, com a participação de cerca de trinta mil católicos, evento que se repete no dia 13 de cada mês.

Os missionários não podem entrar como tais, mas sob outros títulos, tais como professores, e assim por diante. Nas relações diplomáticas com a Santa Sé, somente no dia 18 de junho de 2011 o Papa Bento XVI nomeou o arcebispo Leopoldo Girelli o seu núncio apostólico não residente para o Vietnã. Fiquei principalmente na diocese de Xuan Loc, criada 50 anos atrás e onde é bispo auxiliar e reitor do Seminário inter-diocesano Mons. José Dinh Duc Dao, com quem trabalhei durante anos na atividade de animação missionária em Roma.

I-ne-Khu (Inácio) foi o primeiro missionário que, em 1533, pregou o Evangelho na província de Nam Dinh (Tonkin), imediatamente atingido por um decreto de proscrição. Oficialmente, a Igreja vietnamita nasceu no domingo de Páscoa em 1615, quando dois jesuítas, o napolitano Francisco Buzzoni e o Português Diego Carvalho, desembarcaram em Tourane (Cochin China) e celebraram a Missa com um grupo de cristãos japoneses exilados do seu país. Em 1626 outros jesuítas chegaram em Hanói e começaram a evangelização de Tonkin.

O verdadeiro fundador da Igreja vietnamita foi o jesuíta francês Alexandre de Rhodes, que chegou em Hue em 1625. Em 1630 foi expulso, mas estabeleceu-se em Macau mantendo os contatos com os catequistas vietnamitas. A genialidade de Rhodes foi a transcrição dos sons da língua falada com as letras do alfabeto latino, em vez de caracteres chineses e a iniciativa de evangelizar os vietnamitas por meio dos vietnamitas, fundando a Congregação dos Catequistas.
Apesar da proibição da difusão do cristianismo, a Igreja continuou a crescer, embora em segredo. Em 1659 foram estabelecidos o Vicariato Apostólico de Tonkin e Cochinchina; em 1670 foi realizado o primeiro sínodo de bispos do Vietnã em Nam Din. Durante o século XIX os cristãos foram cruelmente perseguidos. Em 1933 ele foi eleito o primeiro bispo vietnamita de nascimento.

Com a retirada definitiva da França do país o Vietnã foi dividido em duas partes: o norte sob influência comunista e o sul sob o Ocidente. Os cristãos fugiram em massa para o sul; emigraram paróquias inteiras e dioceses inteiras com os seus bispos, enquanto o regime comunista expulsou todos os missionários estrangeiros, fechou os seminários e nacionalizou as escolas. Em 1976, o Vietnã foi reunificado sob o regime comunista.

A história da Igreja no Vietnã está cheia de mártires: cerca de 130 mil, desde começo até hoje. 118 deles foram elevados à honra dos altares. Como sempre, o sangue dos mártires é semente de cristãos no Vietnã e, especialmente das vocações para o sacerdócio. Existem oito seminários regionais que formam mais de 11 mil seminaristas que, por ordem governativa, podem começar os estudos filosóficos e teológicos só depois de ter conseguido um diploma universitário. Hoje existem no Vietnã 44 dioceses, 4.050 sacerdotes, 1.424 religiosos, 3.946 seminaristas, 56.593 catequista com um total de 6.400.567 de católicos em uma população de 89.029.559 habitantes (dados de 2011).

Estive em Saigon – Ho Chi Min,  viajei por regiões inteiras. Em Saigon me encontrei com o cardeal arcebispo emérito, em seguida, o bispo de Ba Ria e aquele de Xuan Loc; conversei com várias congregações religiosas; aos 350 seminaristas em Xuan dei cópia da pintura de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia e distribuí duzentos rosários; No domingo, 10, participei de uma solene concelebração presidida pelo Mons. Dao com mais de cinqüenta confirmações e o começo dos preparativos para o batismo de tantos jovens; encontrei-me com as crianças da escola materna administrada pelas Irmãs Amantes da Cruz, a mais antiga Congregação religiosa presente no Vietnã.

Onde quer que seja uma fé serena e comprometida, uma oração muito doce, uma veneração comovente a Maria e uma descoberta para mim, uma grande devoção à São José, padroeiro da Igreja vietnamita. Um exemplo para todos os cristãos do mundo!”

Pe. Giuseppe Buono, PIME

Fonte: http://www.zenit.org/pt/articles/no-vietna-uma-igreja-martir-e-alegre

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