Família

Como explicar o mal às crianças?

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Uma leitura importante para os pais

Crimes, guerras, terrorismo e violência fazem parte do mundo que as crianças têm para descobrir. O confronto entre um mundo seguro e protetor e o mundo real pode traduzir-se em dúvidas e medos. E as questões começam a surgir em catadupa. Como podem os educadores responder às crianças? Como colocá-las perante o inevitável sem que isso as deixe paralisadas?

O Homem e o mundo são feitos de contrastes, entre bem e mal, certo e errado, paz e guerra, extremismo e tolerância, e, ainda que se tentasse, seria quase impossível tentar privar os mais novos desta dicotomia. Mas é isto o mesmo que dizer que os miúdos devem estar expostos a todas as violências?

Nos últimos meses, a História da humanidade tem-se construído também com atos particularmente difíceis de assimilar: pessoas assassinadas por uma opinião expressada, pessoas perseguidas pela religião que professam, meninas raptadas, maltratadas e mortas, cujo “crime” foi irem à escola, crianças, muitas crianças assassinadas e algumas utilizadas como bombas.

Nem sempre é fácil perceber onde fica a fronteira entre o contato desejável com a realidade e a informação em excesso, entre o que é essencial e o que é “sensacionalista”, entre o que é necessário e dispensável.

Essa gestão deve, em primeiro lugar, «ser feita pelos educadores», começa por dizer Bento Sério, psicólogo.

E há aspetos a ter em conta. A exposição à violência deve ter «alguns filtros». «Há coisas que nós podemos, se as crianças são muito pequeninas, ter cuidado… naquilo que se vai mostrar, naquilo que se vai dizer.»

O que não é o mesmo que dizer afastar a criança da realidade ou mantê-la numa «paz podre», continua o psicólogo. Até porque em algum momento a criança poderá ser confrontada com a violência, possivelmente sem o enquadramento desejável por parte de um adulto. «A paz que a ignorância traz pode ser rapidamente abalada quando a informação chega de forma inadequada», por exemplo, através de outras crianças e sem a devida contextualização.

A opinião é partilhada por Maria da Conceição Moita, educadora de infância que, numa entrevista por e-mail, explicou que, consoante a fase de desenvolvimento da criança, poderá não fazer sentido expor as crianças a determinadas imagens. «Não faz sentido que vejam telejornais (e mesmo outros programas…) quando não têm capacidade de distanciamento crítico, quando ainda não têm possibilidade de entender o conteúdo da notícia e só veem imagens que lhes sugerem qualquer coisa que as perturba.»

A educadora entende também que, quando já conseguem compreender o que se lhes apresenta, os educadores devem acompanhar as crianças em matéria de violência. «Não só lhes dá segurança como pode ser uma ajuda fundamental no entendimento do que se está a ver/ouvir e na construção de um sentido crítico que não deixe as crianças “desamparadas” perante uma situação que pode ser para elas muito agressiva e chocante. Conheço famílias em que todos veem o telejornal em conjunto, o que propicia o comentário partilhado e emergência de perguntas. O abandono das crianças diante de um televisor é que me parece muito negativo», continua.

Nas explicações dadas pelos educadores, Bento Sério considera que há também outros fatores a que os adultos devem dar atenção, nomeadamente ao que a criança já sabe sobre o tema, «porque provavelmente ela já ouviu qualquer coisa e só quando nós perguntamos à criança o que é que ela sabe sobre isso é que nós ficamos a perceber qual o tipo de resposta que temos de lhes dar, sem ter de estar a dar demasiada informação e a contribuir para que ela se baralhe ainda mais quando se calhar ela apenas queria saber uma coisa simples».

Igualmente importante, em idades mais jovens, é simplificar a linguagem. «Se nós não simplificarmos, provavelmente a seguir a esta questão virá outra. Temos de saber responder de forma clara para garantir que a resposta que lhe damos a satisfaz por completo», afiança o psicólogo. Para além disso, «não vou deixar a criança a pensar sobre o a

ssunto, pois ela não tem capacidade de abstração» para poder «refletir» sobre a questão.

De acordo com cada momento, a criança, à medida que se vai desenvolvendo, vai pedindo explicações mais elab

oradassobre os temas, e Maria da Conceição Moita recorre a um exemplo prático. «Ninguém janta uma vez por todas. As crianças vão aprendendo a História, vão aprendendo a contextualizar, vão vendo as relações humanas de forma mais complexa. É toda uma aprendizagem. Que também se faz ao longo da vida», conclui.

Bento Sério considera que, por vezes, pode acontecer que as crianças fiquem um pouco assustadas quando são confrontadas com o lado escuro da realidade, mas que «há sempre formas de desconstruir algo que não é bom. Não nos podemos esquecer de que estamos a trabalhar com crianças e às vezes demora a que elas consigam entender ou aceitar aquela explicação de uma forma mais leve, não tão assustadora.»

Ainda assim, é possível chegar a um meio-termo entre o medo e a segurança, entre uma vivência descontraída e alguns cuidados a ter. Ao explicar à criança episódios violentos, o adulto pode não só ajudar a criança a aperceber-se e proteger-se dos perigos, mas também a percepcionar, para cada aspeto negativo, um positivo.

No fim da história, o que é importante é que a criança perceba que «não está sozinha», defendem os dois especialistas, e que tenha sempre presente que «o Amor nos acompanha», conclui Maria Conceição.

Fonte: POR PROF. FELIPE AQUINO25 DE MAIO DE 2015 - RELACIONAMENTOS - http://www.aleteia.org/pt/educacao/conteudo-agregado/como-explicar-o-mal-as-criancas-1-5855283855228928?page=2

 

 

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Papa Francisco fala da necessidade da paz na família

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"Com licença, obrigado e desculpas": estas foram as palavras-chave da catequese proferida nesta quarta-feira, 13/05, pelo papa Francisco, na audiência geral. Segundo explicou, suas reflexões semanais terão como fulcro, a partir de agora, a vida real, cotidiana das famílias, em cuja porta, elas devem estar escritas.

A Praça São Pedro, iluminada e aquecida pelo sol de primavera, ficou lotada pela multidão de fiéis e turistas que acolheram com carinho o papa quando entrou para a habitual volta com o Papamóvel. Francisco se deteve em oração alguns instantes diante de uma réplica da imagem de Nossa Senhora de Fátima. 

Reflexões

Prosseguindo suas reflexões preparatórias para o Sínodo de outubro próximo, o pontífice voltou sobre a questão da 'boa educação', lembrando que aquelas três palavras, que já citou outras vezes no passado, são simples, mas ao mesmo tempo difíceis de colocar na prática. E quando não são usadas, podem-se abrir 'rachaduras' que levam as famílias a 'desmoronar'.

Mas o hábito de ser 'bem educado' não pode se traduzir apenas em formalismo, em aridez – ressalvou Francisco, lembrando o provérbio "Por trás das boas maneiras escondem-se maus hábitos" e citando "o diabo, que quando tentou Jesus, parecia um cavalheiro".

A boa educação deve ser entendida nos seus termos autênticos: o estilo das relações deve ser profundamente radicado no amor do bem e no respeito do outro. A família vive da 'fineza' de se querer bem.

 

Três palavras

O papa começou pela palavra 'licença', explicando que "entrar na vida do outro, mesmo que faça parte da nossa, requer a delicadeza de um comportamento não invasor.

"A intimidade não autoriza a dar tudo por certo. Quanto mais íntimo e profundo o amor, mais exige respeito da liberdade e a capacidade de aguardar que o outro abra as portas de seu coração".

A segunda palavra, 'obrigado', nos lembra que na nossa civilização atual, a gentileza e a capacidade de agradecer são vistas às vezes como um sinal de fraqueza.

"Sejamos intransigentes na educação à gratidão: a dignidade da pessoa e a justiça social passam por aqui. Se a vida familiar subestima este estilo, a vida social também o perderá. A gratidão, para quem crê, está no coração da fé: um cristão que não sabe agradecer é alguém que esqueceu a linguagem de Deus", repetiu duas vezes.

Improvisando, o papa revelou ter conhecido uma senhora de muita 'sabedoria', que dizia que "a gratidão é uma planta que cresce somente na terra de pessoas de alma nobre".

Enfim, o termo 'desculpas', palavra difícil, mas muito necessária, afirmou o Papa, mencionando a oração do Pai Nosso: "Perdoai-nos as nossa ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido".

"Se não formos capazes de pedir desculpas, não seremos capazes de perdoar. Nas casas aonde não se pede desculpas, falta ar e feridas começam a se abrir. Também na vida de casal briga-se muitas vezes, mas o conselho do Papa é sempre o mesmo: nunca terminar o dia sem fazer as pazes, e para isso, é suficiente um pequeno gesto.. pode ser até um carinho, sem palavras...".

Concluindo, Francisco reiterou que "estas três palavras são tão simples que até podem nos fazer sorrir... mas quando as esquecemos, não é muito engraçado".

"Que o Senhor nos ajude a colocá-las no lugar certo, no nosso coração, em nossas casas e também na convivência civil", completou, convidando a Praça a repetir com ele as três palavras-chave e a invocação de fazer as pazes com a família antes de ir dormir.

 

Fonte - http://www.cnpf.org.br/noticias/882-2015-05-13-13-12-47 - c/ informações da Rádio Vaticano.

 

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Paternidade em crise? Ausência dos pais gera órfãos dentro da própria família, adverte o Papa Francisco

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Papa Francisco cumprimenta uma família na Audiência Geral na Sala Paulo VI. Foto: Petrik Bohumil / ACI – Digital

 

Vaticano, 28 Jan. 15 / 11:58 am (ACI).- Nesta quarta-feira, 28, o Papa Francisco dedicou sua habitual alocução prévia à oração do ângelus com os fiéis na Praça de São Pedro ao tema da ausência da figura paterna na família devido à omissão dos pais de assumir seu papel para com os filhos. Segundo o Santo Padre, hoje os pais muitas vezes se tornam ausentes devido ao trabalho excessivo, mas sobretudo porque, quando estão em casa, não se comportam como pais, não cumprem o seu papel educativo, não dão aos filhos princípios, valores, regras de vida dos quais precisam como precisam do pão.

Retomando as catequeses sobre família o Papa falou sobre a palavra “pai”. “Uma palavra mais que qualquer outra querida a nós cristãos, porque é o nome com o qual Jesus nos ensinou a chamar Deus: pai. Hoje o sentido deste nome recebeu uma nova profundidade justamente a partir do modo em que Jesus o usava para se dirigir a Deus e manifestar a sua especial relação com Ele. O mistério abençoado da intimidade de Deus, Pai, Filho e Espírito, revelado por Jesus”.

“Pai” é uma palavra conhecida por todos, uma palavra universal. Essa indica uma relação fundamental cuja realidade é tão antiga quanto a história do homem. Hoje, todavia, chegou-se a afirmar que a nossa seria uma “sociedade sem pais”. Em outros termos, em particular na cultura ocidental, a figura do pai seria simbolicamente ausente, dissipada, removida. Em um primeiro momento, a coisa foi percebida como uma libertação: libertação do pai-patrão, do pai como representante da lei que se impõe de fora, do pai como censor da felicidade dos filhos e obstáculo da emancipação e da autonomia dos jovens. Às vezes, em algumas casas, reinava no passado o autoritarismo, em certos casos até mesmo a opressão”.

O Papa destacou que hoje, porém, passou-se de um extremo ao outro. O problema dos nossos dias não parece mais ser tanto a presença invasiva dos pais mas sim a sua ausência, a sua falta de ação. “Os pais estão, por vezes, tão concentrados em si mesmos e no próprio trabalho e às vezes nas próprias realizações individuais a ponto de esquecer a família. E deixam sozinhos os pequenos e os jovens”.

“Ora, neste caminho comum de reflexão sobre família, gostaria de dizer a todas as comunidades cristãs que devemos ser mais atentos: a ausência da figura paterna na vida dos pequenos e dos jovens produz lacunas e feridas que podem ser também muito graves. E, de fato, os desvios de crianças e de adolescentes podem, em boa parte, ser atribuídos a esta falta, à carência de exemplos e de guias regulatórias em suas vidas diárias, à carência de proximidade, à carência de amor por parte dos pais. O sentido de orfandade que tantos jovens vivem é mais profundo do que pensamos”.

“São órfãos na família, porque os pais muitas vezes são ausentes, mesmo fisicamente, da casa, mas sobretudo porque, quando estão ali, não se comportam como pais, não dialogam com os seus filhos, não cumprem o seu papel educativo, não dão aos filhos, com o seu exemplo acompanhado de palavras, aqueles princípios, aqueles valores, aquelas regras de vida de que precisam como precisam do pão. A qualidade educativa da presença paterna é tanto mais necessária quanto mais o pai é obrigado pelo trabalho a estar distante de casa”.

O Papa asseverou ainda que às vezes parece que os pais não sabem bem qual posto ocupar na família e como educar os filhos. E, então, na dúvida, se abstém, se retiram e negligenciam suas responsabilidades, talvez refugiando-se em uma relação “em pé de igualdade” com os filhos.

“É verdade que você deve ser “companheiro” do teu filho, mas sem esquecer que você é o pai! Se você se comporta somente como um companheiro em pé de igualdade com o filho, isto não fará bem à criança”, disse o Pontífice.

“Os jovens permanecem, assim, órfãos de caminho seguros a percorrer, órfãos de mestres em quem confiar, órfãos de ideais que aquecem o coração, órfãos de valores e de esperanças que os apoiam cotidianamente. São preenchidos, talvez, por ídolos, mas se rouba o coração deles; são impelidos a sonhar com diversão e prazer, mas não se dá a eles o trabalho; são iludidos com o deus dinheiro, e se nega a eles as verdadeiras riquezas”.

“E então fará bem a todos, aos pais e aos filhos, escutar novamente a promessa que Jesus fez aos seus discípulos: “Não vos deixarei órfãos” (Jo 14, 18). É Ele, de fato, o Caminho a percorrer, o Mestre a escutar, a Esperança de que o mundo pode mudar, que o amor vence o ódio, que pode haver um futuro de fraternidade e de paz para todos”, concluiu o Santo Padre.

 

Fonte – ACI Digital - Etiquetas: Paternidade, ausência dos pais, Órfãos, pais, Família, Papa Francisco, Audiência geral http://www.acidigital.com/noticias/paternidade-em-crise-ausencia-dos-pais-gera-orfaos-dentro-da-propria-familia-adverte-o-papa-francisco-23879/

 

 

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PAPA FRANCISCO AUDIÊNCIA GERAL - FAMÍLIA

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Francisco Audiências 2015


PAPA FRANCISCO

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2015

[Multimídia]


 

Caros irmãos e irmãs, bom dia!

Depois de ter meditado sobre a figura da mãe e do pai, nesta catequese sobre a família gostaria de falar sobre o filho, ou melhor, os filhos. Inspiro-me numa linda imagem de Isaías. Escreve o profeta: «Os teus filhos vêm ter contigo para se reunir ao teu redor; chegam de longe. E as tuas filhas são carregadas no colo. Esta visão tornar-te-á radiante; o teu coração palpitará e dilatar-se-á!» (60, 4-5a). É uma imagem maravilhosa, uma imagem da felicidade que se realiza na reunião entre os pais e os filhos, que juntos caminham rumo a um futuro de liberdade e paz, após um longo período de privações e separação, quando o povo judeu está distante da pátria.

Com efeito, há um vínculo estreito entre a esperança de um povo e a harmonia entre as gerações. Devemos pensar bem sobre isto. Com efeito, há um vínculo estreito entre a esperança de um povo e a harmonia entre as gerações. A alegria dos filhos faz palpitar o coração dos pais e reabre o porvir. Os filhos são a alegria da família e da sociedade. Não são um problema de biologia reprodutiva, nem um dos numerosos modos de se realizar. E muito menos uma posse dos pais... Não, os filhos constituem um dom, um presente: entendestes? Os filhos são uma dádiva! Cada um é único e irrepetível; mas, ao mesmo tempo, está inconfundivelmente ligado às suas raízes. Com efeito, ser filho e filha, segundo o desígnio de Deus, significa trazer em si a memória e a esperança de um amor que se realizou precisamente acendendo a vida de outro ser humano, original e novo. E para os pais cada filho é singular, diferente, diverso. Permiti-me mencionar uma recordação de família. Lembro-me que de nós a minha mãe dizia — éramos cinco: «Tenho cinco filhos!». Quando lhe perguntavam: «Qual é o teu preferido?», ela respondia: «Tenho cinco filhos, como cinco dedos. [Mostra os dedos da mão] Se batem num, faz-me mal; se batem noutro, também me faz mal. Em todos me faz mal. Todos eles são meus filhos, mas são diferentes como os dedos de uma mão». E assim é a família! Os filhos são diferentes, mas todos são filhos.

Um filho é amado porque é filho: não porque é bonito, nem porque é assim ou diverso; não porque é filho! Não porque pensa como eu, nem porque encarna as minhas aspirações. O filho é filho: uma vida gerada por nós, mas destinada a ele, ao seu bem, ao bem da família, da sociedade, da humanidade inteira.

Daqui deriva também a profundidade da experiência humana do ser filho e filha, que nos permite descobrir a dimensão mais gratuita do amor, que nunca cessa de nos surpreender. É a beleza de ser amado primeiro: os filhos são amados antes de chegar. Quantas vezes encontro na praça mães que me mostram a sua barriga, pedindo a bênção... estas crianças são amadas antes de vir ao mundo. É algo gratuito, isto é amor; elas são amadas antes do nascimento, como o amor de Deus que nos ama sempre antes. São amadas antes de ter feito algo para o merecer, antes de saber falar ou pensar, até antes de vir ao mundo! Ser filho é a condição fundamental para conhecer o amor de Deus, que é a fonte derradeira deste autêntico milagre. Na alma de cada filho, por mais vulnerável que seja, Deus põe o selo deste amor, que está na base da sua dignidade pessoal, uma dignidade que nada, ninguém, poderá destruir.

Hoje parece mais difícil para os filhos imaginar o seu futuro. Os pais — disse-o nas catequeses precedentes — deram, talvez, um passo atrás e os filhos tornaram-se mais incertos na hora de dar passos em frente. Podemos aprender a relação entre as gerações do nosso Pai celeste, que deixa cada um de nós livre mas não sozinho. E quando erramos, Ele continua a acompanhar-nos com paciência, sem diminuir o seu amor por nós. O Pai celeste nunca desiste no seu amor por nós! Progride sempre e se não pode ir em frente, espera por nós, mas nunca caminha para trás; quer que os seus filhos sejam corajosos e que vão em frente.

Os filhos, por sua vez, não devem ter medo do compromisso de construir um mundo novo: é bom que eles desejem que seja melhor do que aquilo que receberam! Mas isto deve ser feito sem arrogância, nem presunção. É preciso saber reconhecer o valor dos filhos, e os pais devem ser sempre honrados.

O quarto mandamento exige que os filhos — como todos sabemos! — honrem o pai e a mãe (cf. Êx 20, 12). Este mandamento vem logo após aqueles que se referem ao próprio Deus. Com efeito, contém algo sagrado, divino, algo que está na raiz de todos os outros tipos de respeito entre os homens. E na formulação bíblica do quarto mandamento acrescenta-se: «para que os teus dias se prolonguem sobre a terra que te dá o Senhor, teu Deus». O vínculo virtuoso entre as gerações é garantia de futuro e de uma sociedade verdadeiramente humana. Uma sociedade de filhos que não honram os pais é uma sociedade sem honra; quando não se honram os pais perde-se a própria honra! É uma sociedade destinada a encher-se de jovens áridos e ávidos. Contudo, inclusive uma sociedade avarenta de geração, que não gosta de se circundar de filhos, que os considera sobretudo uma preocupação, um peso, um risco, é uma sociedade deprimida. Pensemos nas várias sociedades que conhecemos aqui na Europa: são sociedades deprimidas, porque não querem filhos, não têm filhos, e o nível de nascimentos não alcança nem sequer 1%. Porquê? Cada um de nós pense e responda. Se uma família generosa de filhos é considerada como se fosse um peso, algo não funciona! A geração de filhos deve ser responsável, como ensina a Encíclica Humanae vitae, do Beato Papa Paulo VI, mas ter mais filhos não pode tornar-se automaticamente uma escolha irresponsável. Não ter filhos é uma escolha egoísta. A vida rejuvenesce e adquire energias multiplicando-se: enriquece-se, não empobrece! Os filhos aprendem a responsabilizar-se pela sua família, amadurecem na partilha dos seus sacrifícios, crescem no apreço dos seus dons. A feliz experiência da fraternidade anima o respeito e a atenção aos pais, aos quais devemos a nossa gratidão. Muitos de vós aqui presentes têm filhos, e todos nós somos filhos. Façamos algo, um minuto de silêncio. Cada um de nós pense intimamente nos seus próprios filhos — se os tiver — mas em silêncio. E todos nós pensemos nos nossos pais e demos graças a Deus pelo dom da vida. Em silêncio! Quantos têm filhos, pensem neles, e todos pensemos nos nossos pais. [silêncio]. O Senhor abençoe os nossos pais e os vossos filhos!

Jesus, o Filho eterno, que se tornou filho no tempo, nos ajude a encontrar o caminho de uma nova irradiação da experiência humana, tão simples e tão grandiosa, de ser filho. Na multiplicação da geração há um mistério de enriquecimento da vida de todos, que vem do próprio Deus. Devemos voltar a descobri-lo, desafiando os preconceitos; e vivê-lo na fé, na alegria perfeita. E digo-vos: como é agradável quando passo no meio de vós e vejo pais e mães que erguem os seus filhos para ser abençoados; é um gesto quase divino. Obrigado porque o fazeis!


Saudações:

Queridos peregrinos de língua portuguesa, sede bem-vindos! O mundo de hoje precisa que os cristãos testemunhem a sua confiança em Deus, através de uma generosa e responsável abertura à vida. Faço votos de que vossas comunidades sejam lugares onde as famílias se sintam apoiadas na sua missão de colaborarem no projeto divino para a criação. Que Deus vos abençoe!

Acompanho com preocupação as notícias que chegam de Lampedusa, onde entre os imigrantes se contam outros mortos por causa do frio durante a travessia do Mediterrâneo. Desejo garantir a minha prece pelas vítimas e animar novamente à solidariedade, a fim de que a ninguém falte o socorro necessário.

Enfim, convido a rezar pelo Consistório, que terá lugar nos próximos dias. O Espírito Santo assista os trabalhos do Colégio cardinalício e ilumine os novos Purpurados e o seu serviço à Igreja.

Dirijo um pensamento especial aos jovens, aos doentes e aos recém-casados. Hoje celebra-se a memória litúrgica da Bem-Aventurada Virgem Maria de Lourdes e o Dia Mundial do Doente. Caros jovens, sede «olhos para o cego e pés para o coxo»; amados doentes, senti-vos sempre sustentados pela oração da Igreja; e vós, diletos recém-casados, amai a vida que é sempre sagrada, mesmo quando está marcada pela fragilidade e pela doença. Obrigado!

 


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A Importância da mulher na família

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A mulher foi a última criação de Deus. Não para ser a última, mas para dar sentido e vida a tudo o que Ele fez.

A Bíblia tem belas palavras sobre a grandeza da mulher para o esposo e para os filhos:

“Feliz o homem que tem uma boa mulher, pois, se duplicará o número de seus anos. A mulher forte faz a alegria de seu marido, e derramará paz nos anos de sua vida. É um bom quinhão uma mulher bondosa; no quinhão daqueles que temem a Deus, ela será dada a um homem pelas suas boas ações. Rico ou pobre, (o seu marido) tem o coração satisfeito, e seu rosto reflete alegria em todo o tempo” (Eclo 26, 1-7).

“A graça de uma mulher cuidadosa rejubila seu marido, e seu bom comportamento revigora os ossos. É um dom de Deus uma mulher sensata e silenciosa, e nada se compara a uma mulher bem-educada. A mulher santa e honesta é uma graça inestimável; não há peso para pesar o valor de uma alma casta. Assim como o sol que se levanta nas alturas de Deus, assim é a beleza de uma mulher honrada, ornamento de sua casa. Como fundamentos eternos sobre pedra firme, assim são os preceitos divinos no coração de uma mulher santa”. (Eclo 26, 16-24).

Por outro lado, uma mulher má é a tristeza de seu esposo:  “Uma mulher ciumenta é uma dor de coração e um luto. A língua de uma mulher ciumenta é um chicote que atinge todos os homens. Uma mulher maldosa é como jugo de bois desajustado; quem a possui é como aquele que pega um escorpião”.(idem)

A mulher foi a última criação de Deus. Não para ser a última, mas para dar sentido e vida a tudo o que Ele fez; é o coroamento da Criação, o ápice.  Ela foi criada sobretudo para gerar, proteger  e preservar a vida, sempre, de qualquer ameaça.

O Mahatma Ghandi, falando da mulher, disse que: “As mulheres são as guardiãs por excelência de tudo o que é puro e religioso na vida. Se a não violência é a lei da nossa existência, o futuro do mundo está nas mãos da mulher. O sexo feminino é mais nobre, pois ainda hoje significa a encarnação do sacrifício, do sofrimento silencioso, da humildade, da fé e da responsabilidade. O homem ganha o pão. A mulher o guarda e distribui. É preciso tanta coragem para cuidar da casa e mantê-la em ordem quanta para defendê-la dos ataques do exterior”.

O Papa Pio XII, em 11/3/1942, fez um belo discurso intitulado “A esposa, o sol da família”, falando da grandeza da mãe e da esposa no lar e na sociedade, disse que: “A família tem o brilho de um sol que lhe é próprio: a esposa… Realmente a esposa e mãe é o sol da família. É o sol por sua generosidade e dedicação, pela disponibilidade constante e pela delicadeza e atenção em relação a tudo quanto possa tornar agradável a vida do marido e dos filhos. Irradia luz e calor do espírito.

A esposa é o sol da família pela limpidez do seu olhar e o calor de sua palavra. Com o seu olhar e sua palavra penetra suavemente nas almas, acalmando-as e conseguindo afastá-las do tumulto das paixões. Traz o marido de volta à alegria do convívio familiar e lhe restitui a boa disposição, depois de um dia de trabalho ininterrupto e muitas vezes esgotante, seja nos escritórios ou no campo, ou ainda nas absorventes atividades do comércio ou da indústria.

A esposa é o sol da família por sua natural e serena sinceridade, sua digna simplicidade, seu distinto porte cristão; e ainda pela retidão do espírito, sem dissipação, e pela fina compostura com que se apresenta, veste e adorna, mostrando ao mesmo tempo reservada e amável. Sentimentos delicados, agradáveis expressões do rosto, silêncio e sorriso sem malícia e um condescendente sinal de cabeça: tudo isto lhe dá a beleza de uma flor rara mas simples que, ao desabrochar, se abre para receber e refletir as cores do sol. Ah, se pudéssemos compreender como são profundos os sentimentos de amor e de gratidão que desperta e grava no coração do pai e dos filhos semelhante perfil de esposa  e de mãe!

Prof. Felipe Aquino

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