Família

Afinal, o que é ser Emo?

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Maria Emmir Oquendo Nogueira

Co-Fundadora da Com. Católica Shalom

Tenho encontrado cada vez mais pais e familiares preocupados com o que, afinal, vem a ser um Emo. Alguns pelo medo de que os filhos estejam “metidos nesta furada”,outros porque, infelizmente, já vêem filhos, parentes e outros adolescentes e jovens presas desta tribo, deste grupo, deste “seja-lá-o-que-for” que Emo signifique.

Não é difícil conhecer um Emo e menos difícil ainda localizar um dos seus points. Em geral, são adolescentes entre 13 e 20 anos e estão sempre em grupos. São facilmente encontrados em shoppings, beijam-se entre si sem importar-se com o sexo da pessoa beijada, promovem a homossexualidade e, acima de tudo, a tristeza, a depressão, a extravagância, o bizarro. Cultivam a técnica de enlouquecer os pais, agredi-los, não com palavras ou fisicamente, mas, sim, com comportamentos surpreendentemente infantis, depressivos, regressivos e condizentes com o sexo oposto ao seu. Dedicam-se a depredar o bem público e a não empreender nada, não pensar nada, não criar nada, em parecer o mais bobo possível, ainda que em pose de nerd. Freqüentam freneticamente a internet e mudam continuamente seu nick no orkut. Vestem-se de preto, maquiam os olhos desta mesma cor e usam unhas pintadas de negro, naturalmente. Cultuam os tênis All-Star e fecham-se em um mundo ao qual ninguém que não seja Emo tem acesso.

Para quem quer informar-se antes de tentar socorrer e encarar ao vivo estes pobres produtos das “famílias modernas”, basta pesquisar no Google. Há informações a valer. O site “100 regras para ser Emo” traz 100 características deste triste grupo metido em verdadeira esquizofrenia social. Para proteger-se de qualquer incursão sadia, as regras de número 1 e número 100 coincidem: nunca dizer que é Emo.

Percorrendo as 100 características dos Emos, encontramos aberrações como o número 24, que é“o número Emo”, o 33 que orienta chamar a melhor amiga de “marida”, ou o 22, que incentiva o cultivo da auto-depreciação. Bizarrices como o jeito de vestir e pintar os cabelos de cores berrantes, usar piercings e mexer com as pessoas nas ruas ou fazer-se de maníaco-depressivo andam lado a lado com o claro incentivo ao comportamento anti-social, como chorar por qualquer coisa, gritar na rua e depois cair no choro, ignorar todos os que não são Emos, ter sempre razão e ser sempre a vítima.

A internet informa que o termo Emo vem de “emotional”, em inglês, um tipo de música que exalta o emocionalismo em suas letras e ritmo. A partir deste estágio, tornou-se um estilo de vida propagado especialmente pela internet e através de outros Emos. Milhares de adolescentes, em sua grande maioria os que encontram problemas familiares, aderem a este estilo por pura imitação, por “curtição” e acabam por tornar-se fechados aos pais, amigos, família e sociedade, vivendo em um mundo alienado da realidade, fechando-se em tristeza demoníaca.

Alguns questionam se “demoníaco” não seria um termo por demais pesado. A estes convido, se morarem em Fortaleza, a passarem uma madrugada na Vigília de Evangelização, promovida pela Comunidade Shalom, a estarem um pouco mais atentos ao trafegarem pela Praça Portugal aos sábados a partir das 20 horas. Ao verem jovens Emos, góticos, vampiros modernos e de outras “tribos” caídos bêbedos pelas calçadas, vomitando os próprios intestinos, a beijarem na boca todos os membros da roda, sejam homens ou mulheres, ao verem sua alienação, incapacidade de relacionamento e de resposta à realidade, me dirão se o que vêem é ou não demoníaco.

O demônio tem, infelizmente, artimanhas inúmeras e adaptadas a cada tempo. Não é necessário que alguém se debata e urre para ser classificado como alguém atormentado por ele. Para bem discernir, basta a pergunta: Esta pessoa, este adolescente, busca a verdade? Ama a verdade? É capaz de realmente amar? É capaz de dar-se? É capaz de pensar nos outros? Respeita a si mesmo, aos pais, a Deus? Esforça-se para viver as virtudes, para tornar-se mais maduro, para contribuir com a felicidade da humanidade? Pensa nos mais pobres e aflitos? Tem ideais?

Mais frequentemente do que imaginamos, nossos filhos podem estar saindo de casa muito bem vestidos e trocando de roupa e maquiagem em seu trajeto para o point de sua tribo. É muito possível que só muito tarde descubramos que o que considerávamos “modismo”, “coisa de adolescente”, “fase passageira”, é, na realidade, uma armadilha demoníaca e sutil para alienar-lhes as mentes, as emoções, a sexualidade, o comportamento social e arruinar sua vida, dada por Deus para a felicidade e santidade.

Procure você mesmo a resposta para a pergunta que nos deveria inquietar a todos: “Será que meu filho é Emo, vampiro moderno, gótico?” Depois, procure no interior de seu relacionamento familiar e no mais profundo da vivência de sua fé a forma de ajudar seu filho querido a não afundar-se nesta lama.



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por Maria Emmir Nogueira, Co-fundadora da Comunidade Shalom
Revista Shalom Maná
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A Pílula do dia seguinte não é “contraceptiva”, mas “ABORTIVA”. Ela mata!

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Paulo Roberto Campos

O governo petista, como já sabemos, aprovou o PLC 3 /2013, o projeto aborticida sancionado pela presidente Dilma Rousseff no dia 1º de agosto para facilitar e ampliar casos de aborto no Brasil — ou seja, facilitar a prática desse crime.

Entretanto, tal aprovação despertou enorme reação de norte a sul do País. Incontáveis movimentos e pessoas publicamente manifestaram indignação pelo fato de a presidente não ter honrado a palavra dada, quando prometera que nada faria em seu mandato que pudesse facilitar a prática abortiva.

Devido a uma tão grande reação, fruto da indignação, e temendo que a mesma venha a repercutir significativamente no minguamento de votos favoráveis aos candidatos do PT nas próximas eleições, membros do governo — sobretudo o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha — vêm procurando enganar novamente a opinião pública.

O chefe desse Ministério, afirma que a “Pílula do Dia Seguinte” (PDS) não é abortiva; pílula que, com a sanção do referido projeto, passará a ser distribuída nos hospitais a todas as mulheres (ainda que adolescentes) que declararem (mesmo sem provas) ter tido alguma“relação sexual não consentida”.

 

 

 

 

O próprio fato de ser denominada “do dia seguinte”, é porque tal pílula impede a natural implantação na parede uterina do embrião possivelmente concebido no dia anterior. Ela não é um mero anticoncepcional, mas uma forte droga que conduz ao aborto quimicamente induzido, pois elimina o ser concebido (o embrião humano) ao evitar que o óvulo fecundado se implante no útero materno.

Disso não tem a menor dúvida a renomada cientista brasileira, a bióloga e biomédica Lilian Piñero Eça, quando declarou: A pílula do dia seguinte nada mais é do que uma bomba hormonal que provoca um aborto”.(1)

Na nova lei abortiva — nº 12.845 (antigo PLC 3/2013) — consta que os hospitais devem oferecer à mulher o “contraceptivo de emergência”, o que não passa de eufemismo de aborto de emergência e um jeito farisaico para evitar maiores reações do público.

Ora, uma lei humana não pode contrariar a Lei Divina, a qual condena o aborto como um pecado gravíssimo que “brada aos céus e clama a Deus por vingança”. Vemos então que o aborto não é apenas um atentado contra a vida, mas diretamente contra o Criador de todas as coisas.

 

Assim, devemos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para que a nova lei seja revogada, devendo os médicos e todo o pessoal de saúde alegar objeção de consciênciae não oferecer às mulheres a “pílula do dia seguinte”. Fazendo-o, eles estarão agindo de acordo com o prescrito no artigo 28º do Código de Ética Médica (em vigor desde 1988):“É direito do médico recusar a realização de atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de sua consciência.”

(..) O ex-seminarista Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência e amigo íntimo da CNBB, tentou enganar movimentos contrários à aprovação da nova lei do aborto, dizendo que ela presta “apoio humanitário” às vítimas“de relações sexuais não consentidas”. E concluiu: “Eu, que não sou favorável ao aborto, sou obrigado a defender esse projeto, porque ele implica exatamente na possibilidade de a mulher evitar uma gravidez indesejada pelo estupro”.(3)

 

 

Tal ministro petista, ou não conhece os efeitos da PDS, ou mente. A fim de relembrá-lo, bem como para uso de nossos leitores nesta polêmica, transcrevo abaixo um precioso documento(4) elaborado por especialistas que apontam os reais efeitos da PDS ou RU-486. Com isso se pode confirmar que o governo está fazendo “propaganda enganosa”, a respeito de um crime. O que constitui outro crime.

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PONTIFÍCIA ACADEMIA PARA A VIDA

 

COMUNICADO SOBRE A “PÍLULA DO DIA SEGUINTE”

Como sabemos, foi posta à venda nas farmácias da Itália a denominada pílula do dia seguinte. Trata-se de produto químico (de tipo hormonal) que frequentemente tinha sido apresentado por muitos da área e pela mídia como um simples contraceptivo ou, mais precisamente, como um “contraceptivo de emergência”, que se usado dentro de um curto tempo depois de um ato sexual presumivelmente fértil, deveria unicamente impedir a continuação de uma gravidez indesejada.

As inevitáveis reações polêmicas daqueles que levantaram sérias dúvidas sobre como esse produto funciona, em outras palavras, que sua ação não é meramente “contraceptiva”, mas “abortiva”, receberam rapidamente a resposta de que tais preocupações mostravam-se sem fundamento, uma vez que a “pílula do dia seguinte” tem um efeito “anti-implantação”, assim sugerindo implicitamente uma clara distinção entre o aborto e a intercepção (impedimento da implantação de um ovo fertilizado, isto é, o embrião, na parede uterina).

Considerando que o uso deste produto diz respeito a bens e valores humanos fundamentais, a ponto de envolver as origens da própria vida humana, a Pontifícia Academia para a Vida sente a responsabilidade premente e a necessidade definitiva de oferecer alguns esclarecimentos e considerações sobre o assunto, reafirmando, além disso, as já bem conhecidas posições éticas sustentadas por precisos dados científicos e reforçadas pela Doutrina Católica.

 

1. A pílula do dia seguinte é um preparado a base de hormônios (pode conter estrogênio, estrogênio/progestogênio ou somente progestogênio) que, dentro de e não mais do que 72 horas após um ato sexual presumivelmente fértil, tem uma função predominantemente “anti-implantação”, isto é, impede que um possível ovo fertilizado (que é um embrião humano), agora no estágio de blástula de seu desenvolvimento (cinco a seis dias depois da fertilização) seja implantado na parede uterina por um processo de alteração da própria parede. O resultado final será assim a expulsão e a perda desse embrião.

Somente se a pílula fosse tomada vários dias antes do momento da ovulação poderia às vezes agir impedindo a mesma (neste caso ela funcionaria como um típico “contraceptivo”).

De qualquer forma, a mulher que usa esse tipo de pílula, usa pelo medo de poder estar em seu período fértil, e assim pretende causar a expulsão de um possível novo concepto; sobretudo não seria realista pensar que uma mulher, encontrando-se na situação de querer usar um contraceptivo de emergência, pudesse saber exatamente e oportunamente seu atual estado de fertilidade.

2. A decisão de usar o termo “ovo fertilizado” para indicar as fases mais primitivas do desenvolvimento embrionário não pode de maneira alguma conduzir a uma distinção artificial de valor entre diferentes momentos do desenvolvimento do mesmo indivíduo humano. Em outras palavras, se pode ser útil, por razões de descrição científica, distinguir com termos convencionais (ovo fertilizado, embrião, feto etc.) os diferentes momentos em um único processo de crescimento, nunca pode ser legítimo decidir arbitrariamente que o indivíduo humano tem maior ou menor valor (com a resultante variação da obrigação de protegê-lo) de acordo com seu estágio de desenvolvimento.

3. Portanto, é evidente que a comprovada ação “anti-implantação” da pílula do dia seguinte é realmente nada mais do que um aborto quimicamente induzido. Não é intelectualmente consistente nem cientificamente justificável dizer que não estamos tratando da mesma coisa. Além disso, parece suficientemente claro que aqueles que pedem ou oferecem essa pílula estão buscando a interrupção direta de uma possível gravidez já em progresso, da mesma forma que no caso do aborto. A gravidez, de fato, começa com a fertilização e não com a implantação do blastocisto na parede uterina, que é o que tem sido sugerido implicitamente.

4. Como resultado, a partir do ponto de vista ético, a mesma absoluta ilegalidade dos procedimentos abortivos também se aplica à distribuição, prescrição e uso da pílula do dia seguinte. Todos os que, compartilhando ou não a intenção, cooperam diretamente com esse procedimento, são também moralmente responsáveis.

5. Uma outra consideração deve ser feita com respeito ao uso da pílula do dia seguinte em relação à aplicação da Lei 194/78, que na Itália regula as condições e procedimentos para a interrupção voluntária da gravidez. Dizer que a pílula é um produto “anti-implantação”, em vez de usar o termo mais transparente “abortivo”, torna possível evitar todos os procedimentos obrigatórios requeridos pela Lei 194 a fim de interromper a gravidez (entrevista prévia, verificação da gravidez, determinação do estágio de crescimento, tempo para reflexão etc.), praticando uma forma de aborto que é completamente oculta e não pode ser registrada por nenhuma instituição. Tudo isso parece, então, estar em direta contradição com a aplicação da Lei 194, ela mesma contestável.

 

 

6. Finalmente, como tais procedimentos estão-se tornando mais disseminados, nós encorajamos fortemente a todos os que trabalham nesse setor a fazer uma firme objeção de consciência moral, o que gerará um testemunho prático e corajoso do valor inalienável da vida humana, especialmente em vista das novas formas ocultas de agressão contra os mais fracos e mais indefesos indivíduos, como é o caso de um embrião humano.

Cidade do Vaticano, 31 de outubro de 2000

___________
1. http://www.bioetica.org.br/?siteAcao=Noticias&id=1061
2. http://www.zenit.org/pt/articles/deputado-confessa-que-ele-e-muitos-de-seus-colegas-foram-enganados-na-aprovacao-do-projeto-pro
3. “Dilma sanciona lei que dá pílula a vítima de estupro”, em “O Estado de S. Paulo”, 2-8-13.4.http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_academies/acdlife/documents/rc_pa_acdlife_doc_20001031_pillola-giorno-dopo_fr.html

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Onde passa um boi, passa a boiada: “União estável de três abre polêmica sobre conceito legal de família”

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Depois da aprovação das uniões homoafetivas, Brasil caminha para a poligamia legalizada. Como já dizia os antigos, onde passa boi, passa boiada. A justiça abriu a porteira.

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BBC BRASIL | FOLHA DE SÂO PAULO | A união estável “poliafetiva” lavrada no interior de São Paulo pela tabeliã Claudia do Nascimento Domingues entre um homem e duas mulheres trouxe à tona um debate que divide juristas e a sociedade. Num momento pós-união estável homossexual, já aceita pela Justiça, até onde vai o conceito de família no Brasil?

Na visão da advogada e oficial do cartório de notas da cidade de Tupã, não há lei na Constituição brasileira que impeça mais de duas pessoas de viverem como uma família e a ausência da proibição abre caminho para um precedente.

A definição de “união poliafetiva” vem sendo usada por ela na tese de doutorado que desenvolve na USP. “Não sei se esse será o termo mais adequado, mas é o que escolhi para empregar em meus estudos”.

Para ela, há chances de que as uniões poliafetivas tenham uma trajetória semelhante às uniões homoafetivas, entre duas pessoas do mesmo sexo, que após muitos anos de recursos e trâmites em diferentes instâncias do país foram consideradas válidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu por uma “revisão” do texto constitucional no ano passado.

“O modelo descrito na lei é de duas pessoas. Mas em nenhum lugar está dizendo que é crime constituir uma família com mais de dois. E é com isso que eu trabalho, com a legalidade. Sendo assim o documento me pareceu bastante tranquilo. Trata-se de um contrato declaratório, não estou casando ninguém”, diz Claudia.

Ela explica que, em termos oficiais, trata-se de uma “escritura pública declaratória de união estável poliafetiva”, o que, traduzindo em poucas palavras, significaria um contrato onde os três envolvidos deixam claras suas vontades e intenções como família. Cabe a empresas, prestadoras de serviços, órgãos públicos e à Justiça, em casos de ações judiciais e subsequentes recursos, decidirem se aceitam o documento ou não.

“O que se previu ali são posições declaratórias, é a vontade dessas pessoas declarada num documento público. Divisão de bens, responsabilidades, direitos, com algumas limitações. Eles não podem, por exemplo, distribuir uma herança como se fossem casados, o que não são e nem pretendem ser”.

A tabeliã acrescenta que o trio, que até o momento optou por não falar à imprensa, já tem conta corrente aberta como família, “porque a escritura permite, a lei não proíbe e o banco aceitou”.

‘Três é demais’ 

Outros juristas defendem que a família só pode ser constituída por um casal, ou seja, duas pessoas, e rejeitam o conceito tanto em termos jurídicos quanto morais.

Num sinal de novos tempos, no entanto, mesmo os mais conservadores tomam por base que a definição de casal hoje no Judiciário brasileiro já admite um homem e uma mulher, dois homens ou duas mulheres, acatando a decisão do STF. Mas três é demais.

“É um absurdo. Isso não vai para frente, nem que sejam celebradas milhares dessas escrituras. É algo totalmente inaceitável, que vai contra a moral e os costumes brasileiros”, avalia a advogada Regina Beatriz Tavares da Silva, presidente da Comissão de Direito da Família do Instituto de Advogados de São Paulo (Iasp) e doutora na mesma área pela USP.

Para ela, as cláusulas constantes no documento, que versam de temas que vão de comunhão de bens, separação, direitos, responsabilidades e até mesmo filhos em comum, tendem a ser rejeitadas por empresas, prestadoras como planos de saúde e seguradoras, além dos tribunais.

“É uma escritura nula, sem valor algum, por não cumprir os requerimentos constitucionais”, diz.

José Carlos de Oliveira, professor de direito e doutor pela Unesp, diz que o documento é inválido por “contrariar frontalmente a Constituição” e que o Supremo jamais referendaria o novo tipo de família.

“A escritura em questão alterou de forma unilateral aquilo que já é tipificado pela lei, ou seja, que uma família é constituída por duas pessoas somente, sejam heterossexuais ou homossexuais. Fizeram um contrato de acordo com os interesses deles, que, se chegar ao STF, será prontamente julgado como ilegal”.

Ambos advogados, no entanto, admitem que em alguns casos pontuais o documento poderá vir a servir como um “início de prova” de união estável, como em compras de imóveis, como se fossem “sócios”, mas ainda de forma “discutível”.

Para a tabeliã, o documento tem total validade. “Não posso imaginar um tabelião criando um documento que não tenha valor. Não faz sentido. Como valor de documento, é algo público, registrado, indiscutível. Poderemos discutir quais são as eficácias legais das regras contidas neste documento, isso sim. São duas coisas diferentes, e me assusta que alguém ligado ao direito diga simplesmente ‘isso vale ou não vale’”.

Moral

Muito além das minúcias jurídicas quanto à validade da escritura da união poliafetiva, o debate moral iniciado pelo caso deve criar polêmica na sociedade brasileira, questionando até onde se pode estender o conceito de família no país.

“O fato de eles viverem de tal jeito não afeta a minha vida, é a liberdade privada deles. Gostaria que fosse muito simples: você vive como quer, do jeito que quer, não afeta a vida dos outros, e ninguém tem que se intrometer. Mas a realidade no Brasil, como nós sabemos, não é essa”, diz a tabeliã de Tupã.

“No Brasil ainda se pensa muito de forma individual. Se algo não é bom para mim, não é bom para ninguém. Tudo bem, eu continuo não querendo para mim, mas eles não me afetam, vivendo em três, ou em cinco. Agora me afetam, por exemplo, quando fazem de conta que têm um casamento maravilhoso mas têm dois amantes, três amantes. Isso me afeta, fazer de conta que não sei”, complementa.

Na visão de Regina Beatriz Tavares da Silva, o Judiciário e a sociedade jamais aceitarão este tipo de família. “É uma promiscuidade que envolve mais de duas pessoas. Classifico como poligamia, amantes, relações paralelas. É preciso usar os termos certos”.

Claudia defende que a situação não implica em poligamia já que não se trata de um casamento e avalia as rejeições ao conceito de poliafetividade como invasão da esfera privada do cidadão.

“É um absurdo por qualquer olhar que se dê. Não importa se tem escritura ou não. Na minha concepção é o ser humano fazer a limitação moral que a lei não faz. Vamos então morar em um país onde as leis sejam inteiramente morais. Legalmente não podemos aplicar isso no Brasil”, diz a tabeliã.

“Como é que vão resolver? Não sei. Estamos vendo decisões surpreendentes, e é como um dos juízes do STF colocou muito bem na votação da união homoafetiva no ano passado: ‘a realidade não pode ser afastada’”.

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13 Idéias geniais para se libertar da TV

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Como se sabe, a televisão tem destruído muitos lares em virtude da falta de diálogo que passa a existir entre os membros da família. Ao longo destes 50 anos, tornou-se verdadeiro vício de forma que, atualmente, não é difícil encontrarmos em toda casa um aparelho de TV para cada membro da família, para que não haja a "concorrência interna" pelos programas que passam no mesmo horário. A família torna´se, assim, prisioneira da televisão.

Com o objetivo de despertar o hoje incomum diálogo familiar, a criatividade e o compartilhamento do afeto entre os membros da família, transcrevemos abaixo 13 idéias para se libertar da TV sugeridas pela organização argentina"TV La Familia Internacional´. Como advertem os seus diretores,"não se trata, de maneira alguma, de um boicote´, mas cortar a dependência da TV para promover uma vida mais sã, motivar o diálogo e dedicar mais tempo para brincar com as crianças, para pensar, para passear e compartilhar o tempo em conjunto com os demais membros. A idéia é apenas experimentar! Por que não tentar? Por que não tentar se dedicar mais à sua própria família?

1. Remova a sua TV para um lugar menos importante na casa. Isto ajudará muito no seu processo de libertação.
2. Esconda o controle remoto.
3. Não permita a existência de uma TV no quarto de seus filhos, pois ela os distancia da vida familiar e do contato com os demais membros, não os deixa dormir bem e também torna difícil controlar a programação imprópria para menores. Se você remover a TV do quarto de seus filhos, compense´os com algo que gostem e que lhes faça bem.

4. Não assista a TV durante as refeições pois é um ótimo momento para se cultivar o diálogo familiar.

5. Determine claros limites para se assistir aos programas da TV, por exemplo, meia hora, uma hora... Estabeleça as normas de forma positiva, isto é, não diga:"você não vai ver televisão!´, mas"você pode ver tanto tempo por dia´ ou"vamos fazer tal coisa´.

6. Não use a TV como babá. Faça com que seus filhos participem das tarefas domésticas, para que se sintam úteis. Dê´lhes a oportunidade de sentir que podem ajudá-lo bastante.

7. Fixe alguns dias da semana como dias sem TV e realize noites de entretenimento familiar.

8. Não faça da TV instrumento de recompensa ou castigo pois isto aumenta ainda mais o seu poder de influência.

9.Escute o rádio ou a sua música favorita ao invés de deixar a TV ligada em um outro cômodo da casa, usando-a como"som ambiente´.

10. Não pague para assistir TV; ao invés, utilize essa verba para comprar jogos ou livros.
Não se assuste se o seu filho lhe disser:"não tenho o que fazer!´. Isto irá despertar´lhe a criatividade.

11. Não permita que a TV supere o mais importante: o diálogo familiar, a criatividade, a leitura e a diversão.

12. Pense sempre na possibilidade de assistir cada vez menos TV. Quando você conseguir se libertar, ficará espantado com quanto tempo perdeu para se dedicar à família, à criatividade, ao amor e às outras formas de entretenimento. Contudo, após a libertação, passará você a controlar o botão de liga/desliga da TV... E o mais importante: à hora que você bem quiser!

TV La Familia Internacional

Presidência: Buenos Aires (Argentina)


Tel.: 00-5411-4766-0712

 

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por
www.cleofas.com.br
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Ocidente: 50% dos adultos vivem sozinhos, as pessoas não somente deixaram de ter filhos, mas também deixaram de se casar.

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De alguma maneira o livro, “Going solo” (foto abaixo )é um livro importante, ainda que com uma mensagem sombria, que poderia ser resumida na única estatística mencionada pelo autor: nos EUA, em 1950, apenas 22% da população era solteira; hoje, este número superou os 50%: 31 milhões de pessoas vivem sozinhas. Eric Klinenberg, professor de sociologia da Universidade de Nova Iorque, analisa esta estatística e nos mostra suas conclusões.

Acho que as conclusões são mais desanimadoras do que Klinenberg considera. Ainda que ele comece citando o Gênesis (”Não é bom que o homem esteja sozinho”) e debata a longa evolução que houve no núcleo familiar, fica claro que ele é otimista diante da mudança rumo ao futuro social da espécie humana, apesar do distanciamento da unidade familiar tradicional.

A mesma tendência é observada na Europa: na primavera de 2007, o Conselho da Europa realizou uma reunião de alto nível para analisar os desafios apresentados pela questão demográfica; segundo os dados divulgados nesta reunião, 30% dos europeus vive em lares unipessoais, e a tendência só aumenta.

O que acontece na sociedade americana e ocidental em geral quando, pela primeira vez na sua história, a maioria dos adultos americanos é solteira? É um problema, um sinal de fragmentação narcisista? O autor prefere não pensar nisso. Não há precedentes ao estado atual das coisas. Ainda que Walt Whitman, Emerson e Thoreau tenham elogiado o homem autossuficiente, o autor argumenta que, na realidade, todos eles estiveram muito envolvidos na sociedade em que viveram.

Acrescenta que “Robinson Crusoe”, o clássico de ficção sobre a solidão, “antes da pegada do homem na areia, é essencialmente uma história de terror”. Ele não parece muito disposto a aumentar as possibilidades do “terror”, preferindo explicar o aumento das pessoas que vivem em solidão dizendo que “mais pessoas podem se dar a este luxo”.

A liberdade e a escolha pessoal são virtudes modernas muito valorizadas, junto ao aumento do status da mulher, a revolução nas comunicações e a longevidade. “Viver sozinhos nos ajuda a alcançar os valores modernos sagrados: a liberdade individual, o controle pessoal, a autorrealização.” As pessoas também vivem sozinhas devido aos divórcios e à viuvez.

O problema, segundo Klinenberg, é encontrar formas de auxiliar os que sofrem pelo isolamento social, buscando ajudá-los a aceitar a realidade cotidiana, sem tentar mudá-la. “O que importa não é se estamos sozinhos, mas se nos sentimos sozinhos“, argumenta. Penso que as duas realidades costumam andar juntas, especialmente para os idosos.

As cidades modernas e os subúrbios, que evoluíram de um modelo social antigo, as necessidades das unidades familiares, poderiam se adaptar mais a esta nova revolução social, segundo o autor. Sendo assim, então não haveria mais volta para as comunidades nas quais a maioria das pessoas está casada e os idosos podem ser cuidados dentro das famílias e em sua comunidade local?

Para Klinenberg, a vida na comunidade moderna implica em fazer concessões aos cinco milhões de americanos com menos de 35 anos que vivem em apartamentos de sua propriedade. Ele admite, no entanto, que “muitos jovens adultos que vivem sozinhos consideram isso como uma etapa, não como um ponto final”.

Por outro lado, cada vez mais, a maioria deles acaba enfrentando este “ponto final”: crescem em famílias pequenas, com um quarto só para eles, com os pais trabalhando fora; além disso, têm computadores, tablets e iPhones. A atual geração da juventude de classe média tem como objetivo subir na carreira profissional, geralmente em detrimento das relações pessoais.

Grande parte da obra de Klinenberg está dedicada a longas entrevistas com pessoas que vivem por conta própria: jovens, carreiristas preocupados, divorciados de meia-idade, solteiros idosos e viúvos. Todos eles têm uma história a contar, seja de relacionamentos fracassados, da alegria da liberdade ou dos medos e incertezas da velhice.

Klinenberg também descreve o mundo das antigas pensões dos EUA, a espécie descrita por Steinbeck, quando uma população de trabalhadores em mudança viveu em “SRO” – ocupação de quartos individuais.

Sua descrição me lembra as pinturas de Edward Hopper: pessoas sozinhas que alugam quartos em edifícios desolados, sempre isolados da comunidade.

Outra estatística: em 1950, somente 1 de cada 10 americanos com mais de 65 anos vivia sozinho; hoje, há 1 de cada 3. O autor aceita que há um “inquietante problema social” com este grupo de idade, dada a crescente longevidade e a falta de cuidados adequados e lares na comunidade (parece que os EUA não são muito diferentes do Reino Unido, neste sentido).

De “Dinks” (duas rendas sem filhos), ele acredita que passamos para “Sinks” (uma renda sem filhos). De mal a pior, poderiam sugerir alguns, mas o autor objetaria: precisamos “enfrentar os desafios de uma sociedade de indivíduos”, ao invés de questionar este tipo de modelo, segundo sua opinião.

Sua solução: redesenhar a vida sozinho e os “SRO”, reorganizando os subúrbios: repensar a assistência aos idosos (incluindo a possibilidade de assistência mediante robótica sofisticada), entre outras coisas.

Eu gostaria de destacar que o próprio Klinenberg é casado e tem dois filhos, ou seja, não adotou o modelo de vida que promove.

Acho que, no fundo, esta situação muitas vezes é imposta às pessoas pelas circunstâncias; alguns optam por viver desta forma de maneira permanente, e os que o fazem geralmente foram feridos por relacionamentos anteriores. Como comentei no início, é um livro sombrio, ainda que o autor não tinha esta intenção.

(Publicado originalmente por MercatorNet em 4 de julho de 2013)

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