Corpos incorruptos, embalsamados e múmias naturais: existem diferenças!

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Corpos incorruptos, embalsamados e múmias naturais: existem diferenças!

Postado em 1 de julho de 20151 de julho de 2015 por Carmadélio

O QUE É UM CORPO INCORRUPTO?

Os corpos de santos (ou partes de seus corpos) expostos ou guardados em nossas capelas e igrejas podem estar preservados por um desses três fatores:

  • milagre;
  • tratamento químico (embalsamamento ou outra técnica);
  • preservação acidental natural (pela secura extrema do ambiente ou outros fatores).

O corpo miraculosamente incorrupto é aquele que foi encontrado intacto anos após o seu sepultamento. Não pode ter sido submetido a técnicas de preservação química, e seu estado não pode ser explicado por condições naturais do ambiente.

Os casos de corpos incorruptos são numerosos entre os santos católicos. Não são prova de santidade – pois grandes santos tiveram seu corpo completamente decomposto – mas certamente são um belo sinal de Deus, e têm seu peso nos processos de beatificação e canonização.

Seguindo essa definição, não se pode afirmar, por exemplo, que o venerável corpo de São Pio de Pietrelcina está incorrupto, como tantos acreditam. É verdade que, ao ser exumado, o corpo foi encontrado estava em bom estado de conservação – o que pode ser explicado pelo caixão triplo e outras condições do túmulo – mas já apresentava marcas relevantes de decomposição.

O porta-voz dos capuchinhos, Frei Antonio Belpiede, informou à imprensa o parecer da equipe médica que trabalhou na exumação do corpo do santo: “O corpo está bem conservado apesar dos 40 anos de sua morte. Os ossos estão bem ligados, ainda existem tecidos em volta deles; porém, não existe nada de extraordinário ou miraculoso”.

Talvez o Frei Belpiede tenha exagerado ao dizer que não havia “nada de extraordinário ou miraculoso” em relação ao corpo de Padre Pio. Um fenômeno incomum chamou a atenção dos médicos: não se verificou mau-cheiro ao abrir o caixão, apesar da grande umidade.

Antes de expor essa comovente relíquia aos fiéis, na igreja de San Giovani Rotondo, os especialistas cobriram o rosto do santo com uma máscara de silicone e trataram o corpo quimicamente, para impedir a sua deterioração.

 

A PRUDÊNCIA DA IGREJA

Há uma porção de sites católicos divulgando fotos de corpos de santos, garantindo que se tratam todos de corpos incorruptos. Muitos o são, de fato, mas nem todos. Na verdade, alguns são somente múmias ressequidas por algum fenômeno natural, outros passaram por algum processo de embalsamamento antes de serem sepultados. E alguns, ainda, são apenas imagens de cera contendo relíquias – como é o caso do Beato Sánchez del Río.

 

É claro, a visão desses corpos é cativante e impressiona, mas um pouco de ceticismo é bom para a fé. Ser cético não é duvidar por orgulho ou falta de simplicidade do coração, é pedir motivos razoáveis para crer. É parte integrante da fé católica a PRUDÊNCIA para com qualquer suposto fenômeno sobrenatural. A fé, ao contrário do que muitos pensam, não abre mão da razão (já explicamos isso em um post anterior, confira aqui).

Um exemplo recente dessa prudência ocorreu em 2001, quando o corpo de São João XXIII foi exumado, e encontrado intacto 38 anos após a sua morte. Os fiéis mais empolgados logo gritaram “milagre!”, mas o Vaticano esclareceu que não havia nada de sobrenatural no fato. Segundo a Rádio Vaticana, o corpo do papa não foi embalsamado, mas recebeu um tratamento químico para ser preservado da decomposição.

CORPOS INCORRUPTOS DE OUTRAS RELIGIÕES?

Tentando desprezar ou diminuir esse milagre, muitos dizem que o fenômeno dos corpos incorruptos não é exclusivo dos santos católicos, e acontece também a membros de outras religiões. Não é bem assim… Na verdade, o que vemos por aí são alguns poucos casos de múmias ressequidas – os primos do Mumm-Ha – ou de corpos que passaram por algum processo intencional de preservação.

Um dos casos mais famosos e recentes é o do Lama Itigelov, (imagem acima) que teria alcançado a auto-mumificação por meio da sua vida ascética. Ele foi exumado em 2002, e estava em bom estado de conservação. O que poucos dizem é que o relatório de um patologista presente na exumação observou que o corpo tinha um alto nível de sais de bromo. É claro: cumprindo com um dos últimos desejos de Itigelov, seu corpo tinha sido enterrado embalado em água salgada, um desidratante utilizado há milênios para preservar a carne.

Além disso, Itigelov  usou uma técnica chamada sokushinbutsu, que consiste em uma série de procedimentos que, por efeito puramente físico e nada sobrenatural, levam à morte e mumificação (sim, é uma forma de suicídio). O sokushinbutsu foi praticado por séculos por alguns monges budistas, até ser proibido pelo governo do Japão, no século XIX.

O CORPO INCORRUPTO MAIS CÉLEBRE

Entre os numerosos casos de corpos de santos incorruptos, o mais famoso é o de Santa Bernadette, a vidente de Lourdes. Trata-se de um fenômeno ricamente documentado. Está exposto em uma urna de cristal na capela do convento de Saint-Gildard, na cidade de Nevers, França.

Trinta anos após o velório da santa, em 1909, foi realizada a primeira exumação, com a presença de autoridades médicas. Os doutores Ch. David e A. Jordan atestaram que o corpo estava intacto, havendo apenas rigidez cadavérica. Outra exumação foi realizada dez anos depois, quando o Dr. Comte atestou que o corpo permanecia intacto, mas praticamente mumificado.

O perito retirou duas costelas e um pedaço do diafragma como relíquias, a pedido do bispo. Em 1923, foi realizada uma terceira exumação, em que o médico retirou mais relíquias. O Dr. Comte verificou, então, que o fígado da santa estava macio e em prefeito estado, o que realmente não é normal.

Como os olhos e nariz da santa estavam encovados e a pele escurecida, foi colocada uma máscara de cera sobre o rosto e mãos. E assim ele permanece até hoje, em exibição (foto abaixo).

CORPO INCORRUPTO, MAS NÃO PARA SEMPRE

O fenômeno da incorrupção não deve ser entendido como se o corpo nunca fosse se desfazer, mas apenas como uma demora maior para que isso aconteça. Eventualmente, todos os corpos se desfarão. Só que os corpos de santos incorruptos levam muito tempo para isso, e o fazem sem deixar cheiro desagradável.

Mas, de modo geral, os corpos incorruptos de santos permanecem por muitos anos como “mortos vivos”: as órbitas oculares e órgãos internos se apresentam íntegros (como foi o caso de Santa Catarina de Labouré); alguns até mesmo são flexíveis e não apresentam rigidez cadavérica (como foi o caso de São Charbel). Porém, a manipulação desses corpos – seja para a retirada de relíquias, seja para autópsias que comprovem o milagre – acaba adiantando a sua deterioração, que aconteceria mais cedo ou mais tarde.

Este foi o caso de São Francisco Xavier. Em 1552, ele foi enterrado na Ilha de Sanchão, próxima à China. Seus companheiros queriam que o corpo se desfizesse o mais rápido possível, para que pudesse ter transladado para outro local; por isso, colocaram vários sacos de cal (substância altamente corrosiva) sob e sobre o corpo. Entretanto, sendo desenterrado meses depois, o corpo permanecia em perfeito estado.

E assim o corpo de São Francisco Xavier permaneceu, miraculosamente intacto, flexível e rosado, por mais de 60 anos! Mas a sanha pelas relíquias acabou por destruir a beleza dessa relíquia única: as autoridades de Roma solicitavam partes do corpo para serem veneradas em suas igrejas. Em 1614, amputaram-lhe o braço direito, para que este fosse levado para junto do corpo de Santo Inácio de Loyola; o corpo teve uma hemorragia e começou a ressecar.

Em 1636 arrancaram mais algumas partes do corpo do padroeiro das missões, inclusive órgãos internos. Foi então que ele virou uma múmia feia de assustar, mas, ainda assim, muito amada pelo povo de Goa, onde a relíquia eventualmente é exposta.

Para quem quiser estudar o assunto dos corpos incorruptíveis mais a fundo, recomendamos o livro “The Incorruptibles”, de Joan Caroll Cruz.

Fonte: O Catequista - blog Carmadélio - http://blog.comshalom.org/carmadelio/46500-corpos-incorruptos-embalsamados-e-mumias-naturais-existem-diferencas

 

 

 

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