Casais e infertilidade:10 alternativas para evitar a ‘fertilização in vitro’ e seus dilemas éticos e morais.

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Meu recente artigo  sobre a fertilização in vitro (FIV) (o texto está no final desse artigo ) mexeu com todos. Por quê? Porque a infertilidade, que leva à procura da FIV, é uma carga realmente pesada e solitária.

Ninguém pensa em infertilidade simplesmente ao olhar para você, em especial nestes tempos em que tanta gente opta por não ter filhos. Apesar de estar em voga uma superexposição dos detalhes mais íntimos da vida pessoal dos indivíduos, a infertilidade continua sendo uma provação silenciosa. Mas ela não é o tipo de coisa que pode ser ignorada. A natureza, afinal, recorda mensalmente à mulher que o seu corpo não está cooperando com ela. A dor da infertilidade é diferente de outras formas de sofrimento: como os nossos corpos carregam em si o potencial para a maternidade e para a paternidade, a infertilidade machuca a própria concepção de feminilidade ou de masculinidade. A mulher infértil tem útero, mas nenhuma criança se aninha nele. Tem seios, mas eles não amamentam um filho. A esterilidade do homem pode levá-lo a se sentir inseguro na sua masculinidade e a sofrer profundamente pela impossibilidade de gerar uma família. E como as crianças são o sinal visível do amor conjugal que literalmente torna marido e mulher um só corpo, a infertilidade fere o próprio cerne do matrimônio. Para dificultar ainda mais, homens e mulheres simplesmente não se comunicam da mesma forma: as suas diferentes formas de lidar com o sofrimento podem forçar o casamento até o ponto de fraturá-lo.

Nada cura completamente a dor da infertilidade, mas a fertilização in vitro (FIV) apresenta a si mesma como uma esperança para os casais que padecem essa dor. Acontece, porém, que a profunda dor da infertilidade e o desejo bom e natural de ter filhos não legitimam o uso de qualquer meio para curar essa dor e satisfazer esse desejo. Esta foi a dolorosa verdade escrita em meu primeiro artigo: alguns recursos, e a FIV é um deles, simplesmente têm custos colaterais que são altos demais.

As reações ao texto foram variadas. Muitos leitores me escreveram agradecendo pelos esclarecimentos sobre os desafios morais envolvidos na FIV. Outros escreveram surpresos, dizendo que não conheciam alguns dos aspectos mais problemáticos da FIV. Alguns perguntaram se esta prática seria aceitável caso prescindisse do diagnóstico genético pré-implantação, da redução seletiva e da criação de embriões excedentes: isso eliminaria algumas das objeções mais graves, mas permaneceriam outras também muito sérias. No meio de tudo isso, vemos a indústria multibilionária do aborto e da eugenia, entre cujas consequências estão as centenas de milhares de pequenas vidas armazenadas em freezers como se fossem meras “coisas”.

Alguns leitores me escreveram indignados, ou até com raiva, por causa da minha crítica a um procedimento que lhes trouxe esperança e que, em alguns casos, resultou no nascimento do tão esperado e muito amado filho. Parece impossível, afinal, dizer que alguém comete um erro ao recorrer à FIV por desejar profundamente um filho. Mas criticar a fertilização in vitro não equivale, de forma alguma, a sugerir que as crianças concebidas através dessa técnica não sejam “filhas de Deus” ou não tenham dignidade humana. Elas são desejadas e queridas além de toda medida, como todas as crianças deveriam ser. A história humana está repleta de situações questionáveis de concepção: a dignidade da criança nunca é diminuída por causa disso. Mas as situações questionáveis são, precisamente, questionáveis. E este fato precisa ser reconhecido.

Os fundamentos racionais, teológicos e filosóficos da condenação da fertilização in vitro pela Igreja me convencem. Eu incentivo toda pessoa que deseja sinceramente entender mais profundamente estas questões a ler a explicação da Igreja sobre a sua oposição à fertilização in vitro. A Igreja católica ensina claramente que a fertilização in vitro é moralmente inadmissível em quaisquer circunstâncias e explica com objetividade os seus porquês. Em vez de copiar e colar esses argumentos, porém, eu optei por apresentar dez pontos que considero interessantes para qualquer pessoa, independentemente da sua crença. Se, no fim, a sua consciência não se sentir interpelada pelos claros ensinamentos da Igreja sobre as questões morais envolvidas na FIV, ou se nenhum dos dez pontos que eu vou apresentar logo abaixo lhe interessar, você provavelmente continuará defendendo a FIV ou a justificando sejam quais forem os argumentos que os outros apresentarem.

Como enfrentar a infertilidade sem recorrer à fertilizaçãoinvitro?

O que fazer se você já recorreu à FIV, mas, por causa do baixo índice de sucesso dessa técnica, ainda assim não conseguiu ter filhos?

Eu não sou médica. Eu apenas padeci este mesmo sofrimento e, humildemente, compartilho alguns conselhos que ajudaram muito a mim e ao meu marido.

1) Faça um bom tratamento médico.

É importante lembrar que o sistema reprodutivo não é um componente independente em nosso corpo: muitas vezes, a infertilidade pode ser o indicativo de um problema sistêmico. Sempre vale a pena procurar assistência médica completa: ela pode revelar problemas de saúde subjacentes, que um exame típico para a FIV pode não identificar. Assuma um papel ativo na sua saúde. Eu procurei tratamento através da NaProTechnology e da imunologia reprodutiva. Identifiquei condições subjacentes que afetam o meu estado geral de saúde e não simplesmente a minha fertilidade: são condições tratáveis ​​e controláveis. Pergunte ao seu médico: “Como você pode me ajudar a ser uma pessoa saudável, independentemente de eu conceber ou não um bebê?”. Se o médico não estiver interessado em prestar este tipo de cuidados, procure outro.

2) Cuide bem de você.

É fácil se deixar envolver por uma abordagem médica focada só na infertilidade, negligenciando a vida saudável como um todo. Coma alimentos nutritivos. Tome suplementos adequados. Exercite-se. Durma bem.

3) Ame o seu cônjuge.

A infertilidade pressiona intensamente o casamento e a intimidade. Assim como a contracepção e a pornografia reduzem o cônjuge a um objeto de prazer, o foco exagerado na fertilidade reduz o cônjuge a um mero meio para ter filhos. Não negligencie o seu casamento por causa do seu desejo intenso de ter filhos. Antes, faça da infertilidade uma ocasião de aceitação do cônjuge com todas as suas fragilidades e fraquezas. Amem-se. Concentrem-se em seus interesses comuns e na sua “amizade conjugal”. Protejam a sua intimidade.

4) Compartilhem a sua carga pesada.

A infertilidade é silenciosa e solitária e impõe cargas diferentes a homens e mulheres. Procure aconselhamento profissional, psicológico, espiritual, de grupos de apoio ou de amigos próximos: não tenha medo de procurar apoio externo. Ao mesmo tempo, dê apoio aos outros, que vão gostar da sua companhia e podem se beneficiar com as lições que você aprendeu ao longo do caminho.

5) Proteja o seu coração.

A infertilidade pode ser dolorosamente recordada em situações do dia-a-dia. Ouvir mulheres se queixando de estarem grávidas, por exemplo, pode evocar cruelmente a experiência que talvez nunca tenhamos. Ou ouvir um amigo planejar o próximo filho, como se engravidar fosse fácil para todos; ou uma amiga declarando que está “acabada” pelo trabalho que os filhos dão, quando você nem teve a chance de começar… Pode ser difícil frequentar chás de bebê ou mesmo ficar perto de crianças pequenas. Conheça os seus limites e proteja o seu coração com antecedência. Pode ser necessário evitar certas pessoas ou situações, especialmente nos momentos mais difíceis da sua jornada.

6) Eduque os outros.

Pode ser útil compartilhar a sua situação e ajudar as pessoas a serem mais sensíveis a este sofrimento e a apoiarem quem o padece. Você pode, por exemplo, compartilhar informações sobre a FIV com o seu médico; ou pedir que o seu pároco tenha especial sensibilidade para com quem sofre a infertilidade e se lembre deles nas intenções de oração da liturgia; ou começar um grupo de apoio na sua paróquia ou na sua comunidade…

7) Reze.

Mesmo desejando muito o dom de um filho, eu relutava, no fundo, a implorar a Deus essa graça. Eu era tão abençoada em outras áreas da vida, como o casamento e a família, que achava egoísta pedir graças adicionais. Em certo momento crítico, tive a felicidade de conversar com um bispo sábio sobre a nossa luta. De forma muito suave e paternal, ele me alertou contra o desespero e aconselhou: “Nunca deixe de pedir a Deus qualquer coisa de que você precisa. Ele não vai recusar”. O bispo estava certo. Deus não me recusou os dons de que eu mais precisava: aceitação, paz e alegria. Eu também encontrei consolo ao meditar nas Escrituras, especialmente nas passagens sobre as mulheres estéreis da Bíblia e sobre o testemunho de perseverança na oração. Ler a vida de alguns santos também foi útil para mim.

8) Valorize o papel do sofrimento.

É muito fácil deixar a infertilidade transformar você numa pessoa amarga e triste, contagiando o seu casamento e a sua fé. Eu tomei a decisão de não ser infeliz e tive a graça de entender que Deus não queria isso para mim. Eu queria um casamento feliz. Queria olhar para as crianças com alegria, não com ressentimento ou inveja. Meditei sobre o papel do sofrimento em nossa vida e sobre como lidar com ele, fosse em forma de infertilidade, fosse em forma de qualquer outra coisa (e sempre há alguma coisa!). Reconheci que, em vez de fugir do sofrimento ou deixá-lo definir a minha vida, eu precisava praticar a gratidão e o amor altruísta. Em sua encíclica sobre a esperança, “Spe salvi”, o papa emérito Bento XVI resumiu: “Não é evitando o sofrimento ou fugindo dele que nos curamos, mas aceitando-o, amadurecendo através dele e encontrando sentido através da união com Cristo, que sofreu com infinito amor”.

9) Tenha esperança.

É um desafio particular quando os ciclos menstruais se transformam em ciclos contínuos de esperança e decepção, todos os meses… Josef Pieper nos lembra que a esperança não é a “presunçosa antecipação de uma realização”, mas “o poder de aceitar pacientemente um ‘ainda não’”. Bento XVI, também na “Spe salvi”, diz: “É esperança, não ainda cumprimento; a esperança nos dá a coragem de nos colocar do lado do bem, mesmo em situações aparentemente sem esperança…”. Eu aprendi, além disso, que, ao esperar um bem que pode não vir, eu fico aberta a bens que nunca poderia imaginar que viessem. Deixe-se surpreender pela esperança!

10) Abra-se a outras maneiras de ser “fértil”.

Todos os casamentos são chamados a ser frutíferos, mesmo que isso não seja possível no sentido biológico. A infertilidade é uma ocasião para descobrirmos outros modos de realizar o desejo de cuidar dos outros. Os modos não são os mesmos para todos. Você pode adotar ou ajudar um orfanato. Há quem descubra outras vocações, como cuidar de pessoas idosas, pobres ou doentes, ou realizar trabalhos missionários. São vocações que podem ser incompatíveis com a educação de filhos próprios. Em nosso caso, optamos pela adoção. Ela será o tema de outro artigo, mas adianto: ao descobrirmos a nossa vocação de pais adotivos, meu marido e eu acabamos nos tornando gratos pela nossa infertilidade biológica.

Autora do artigo, Elizabeth Kirk via Aleteia

ARTIGO CITADO ACIMA, AQUI.

http://blog.comshalom.org/carmadelio/41217-posso-como-catolico-usar-fertilizacao-vitro-para-alcancar-realizacao-sonho-de-ter-um-filho

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