É moralmente lícito matar animais para comer?

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Sim, desde que a morte do animal não seja cruel.

Também é lícito, segundo a moral, utilizar animais em pesquisas de laboratório, se o intuito for salvar vidas humanas.

Por outro lado, vitimar animais ou simplesmente maltratá-los para simples deleite, divertimento, entretenimento já é imoral, pois mesmo que o animal não tenha a mesma dignidade do ser humano, sua vida, por ser um dom de Deus, merece respeito e reverência, como toda e qualquer vida. Que o diga São Francisco de Assis, o santo católico que mais respeito e reverência mostrou para com os animais, a ponto de chamá-los de irmãos.

O princípio lógico no qual se baseiam essas regras de conduta moral para com os animais está no fato de que ao homem foi dado por Deus o poder de governo sobre toda a criação visível. E isso requer de nós sabedoria e zelo pelas coisas criadas.

Hoje em dia há um conflito de interesses acerca da utilização de animais para o abate. Como disse, o abate de animais para matar a fome é plenamente lícito. São Francisco mesmo recomendava que se comesse carne aos domingos. E não negaria dar um pedaço de carne cozida a um leproso para que não morresse de fome, pois o sentido da vida humana é Deus, que é eterno, e o sentido da vida dos animais é servir ao homem. Assim Deus dispôs todas as coisas.

Enquanto os adeptos de dietas vegetarianas estritas acusam os carnívoros de crueldade ao matar animais para comer, esquecem de que a indústria de grãos, vegetais e mel são as que mais exterminam vidas, chegando à quase extinção, como é o caso do tatu. Sem falar no fato de que, sem comer carne o cérebro do homem jamais teria chegado ao tamanho que chegou, pois seu principal alimento é a gordura saturada dos animais.

Muitos ambientalistas naturalistas são contra aves presas em gaiolas, eu também sou, mas muitos desses ambientalistas se esquecem de que algumas espécies de aves estão sendo dizimadas pela agricultura. Alguém já viu uma revoada de pássaros sobre uma plantação? Alguém já viu peixes em riachos onde são despejados insumos e defensivos agrícolas? Alguém já viu borboletas e formigas numa agricultura?

Abelhas, formigas, joaninhas, besouros, pulgões, aranhas, pássaros, tatus, borboletas, morcegos, centopeias, lagartos, camundongos, guaxinins, furões, cobras, sapos, gafanhotos, peixes, esquilos, etc, etc, etc, todos são vítimas do holocausto da agricultura. Sem contar que o homem também é vítima indireta desse morticínio. Ou seja, se é cruel matar uma vaca, não é cruel também matar tantos animais para obter grãos? Sem falar que, com a técnica adequada, uma vaca pode ser morta em questão de poucos segundos, já os víveres campesinos agonizam horas ou dias sob os efeitos dos venenos. Não há crueldade também nisso daí? Vamos continuar condenando os carnívoros enquanto comermos sem culpa aquele pão de centeio integral com alface e chá?

O fato é que matar animais para sobreviver não é o problema, o problema é como se faz isso.

A agropecuária não trabalha segundo princípios morais, infelizmente. O modelo ideal de sustentabilidade ficou para trás no tempo quando uma família criava suas galinhas, tinha uma vaquinha, sua horta e usufruía de tudo isso sem malefício algum.

A coletivização sempre é e sempre será um problema. O mercado sobreviveria melhor se os governos parassem de custear corporações gigantescas que exterminam pequenos produtores, artesãos, cooperativas e manufaturadores.

Voltando ao núcleo da família produtora, ganharíamos nós e os animais, com sustentabilidade e sem intromissão do Estado. Não haveria necessidade de tantos agentes químicos poluindo e matando a vida no planeta.

Autor: Lister Leão

O Catecismo da Igreja fala sobre isso:

2416 Os animais são criaturas de Deus, que os envolve com sua solicitude providencial[a23] . Por sua simples existência, eles o bendizem e lhe dão glória. Também os homens lhes devem carinho. Lembremos com que delicadeza os santos, como S. Francisco de Assis ou S. Filipe de Neri, tratavam os animais.

2417 Deus confiou os animais à administração daquele que criou à sua imagem. E, portanto, legitimo servir-se dos animais para a alimentação e a confecção das vestes. Podem ser domesticados, para ajudar o homem em seus trabalhos e lazeres. Os experimentos médicos e científicos em animais são práticas moralmente admissíveis, se permanecerem dentro dos limites razoáveis e contribuírem para curar ou salvar vidas humanas.

2418 É contrário à dignidade humana, fazer os animais sofrerem inutilmente e desperdiçar suas vidas. E igualmente indigno gastar com eles o que deveria prioritariamente aliviar a miséria dos homens. Pode-se amar os animais, porém não se deve orientar para eles o afeto devido exclusivamente às pessoas. 

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