A ciência pode explicar os milagres de Lourdes?

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Qual é a postura da ciência com relação às curas extraordinárias que acontecem em Lourdes?

 

 

 

 

© VINCENT/Sanctuaire / Lourdes/CIRIC

Os milagres devem curar tanto o corpo quanto a alma

O papel dos cientistas especialistas no reconhecimento dos milagres é declarar que o fato não pode ser explicado cientificamente. Mas este é só o primeiro passo; o verdadeiro sinal de um milagre são os frutos de fé, esperança e caridade.

Em Lourdes, Nossa Senhora nunca falou de curas. No entanto, estas começaram a acontecer a partir do momento em que a fonte foi descoberta. As curas foram imediatamente registradas por um médico; depois foram examinadas por uma comissão e por um especialista. Finalmente, sete foram consideradas como “milagrosas” e foram um dos argumentos que levaram o bispo local a declarar as aparições como “autênticas”.

Lourdes é identificada com os milagres. Mas hoje a palavra “milagre” tem pouco significado religioso e já não se aplica especialmente às curas. Uma partida de futebol que começou mal e que termina com uma vitória é considerada um milagre. Da mesma maneira, o acidente que não provocou mortos é visto como milagroso.

Nas palavras de Nossa Senhora que Bernadette repetiu, as curas nunca foram mencionadas. “Vá beber na fonte e lave o rosto”, disse a Virgem: este é um convite à penitência. Bernadette sempre foi muito reservada quanto ao tema dos milagres. Ela mesma nunca se curou da sua asma; tornou-se enfermeira e não tratou seus pacientes com a água de Lourdes. Ela sempre afirmou que essa água era inútil sem fé e oração.

As curas tiveram certo lugar no reconhecimento das aparições. Na pequena cidade de Lourdes, havia vários médicos. Um deles, Dr. Dozous, trabalhou imediatamente para identificar os casos de cura. O bispo nomeou uma comissão para estudar todos estes casos. Depois do seu exame inicial, confiou o assunto a um especialista de Montpellier, o Dr. Vergez. Este médico identificou 7 curas como inexplicáveis.

Este é o terceiro argumento a favor das aparições, depois da qualidade do testemunho de Bernadette e dos frutos espirituais da mensagem de Lourdes.

Declarando uma cura como “milagrosa”, a Igreja dá uma indicação que não compromete a fé. Ela se apoia em um relatório médico: esta cura é explicável, atualmente, pela ciência? Mas a declaração da Igreja vai além do relatório médico: esta cura trouxe frutos espirituais na vida da pessoa em questão?

Nossa época, de certa forma uma época de descrença, se compraz muito com acontecimentos paranormais – aqueles que creem neles os chamam alegremente de “sobrenaturais”. Infelizmente, com frequência tais acontecimentos são portadores de má sorte. A Igreja foi cautelosa durante muito tempo com relação ao sobrenatural. Inclusive já se disse dela em várias ocasiões que é conservador demais. A Igreja põe sua fé em Jesus, e não nesta ou naquela cura ou milagre. Nem sequer as aparições de Lourdes ou os milagres reconhecidos são objeto de fé – inclusive para os católicos mais fiéis. Por outro lado, seria absurdo não levá-los em consideração.

Jesus advertiu: “Levantar-se-ão falsos cristos e falsos profetas, que realizarão grandes sinais e prodígios, para enganar, se fosse possível, até os próprios escolhidos”. O verdadeiro sinal do sobrenatural é a fé, a esperança e a caridade. O laudo médico é apenas um primeiro passo, mas é necessário para evitar deixar-se enganar por doenças imaginárias.

Mas não é a medicina que estabelece as conclusões. Os médicos que atualmente são considerados autoridades em Lourdes se defendem muito bem: dizem que só pretendem evitar que a Igreja cometa algum erro.

O laudo médico deve responder a certo número de critérios que foram determinados no século XVIII para o exame das curas milagrosas, necessárias para as beatificações e canonizações.

Para que uma cura seja reconhecida posteriormente como milagre, é necessário que a medicina verifique os seguintes aspectos: o diagnóstico deve ser certo; a possibilidade de cura, nula; não pode ter sido administrado medicamento algum; não deve haver sequelas nem convalescença; a cura deve ser definitiva.

Sem conhecer os padrões usados em Roma para as causas dos santos, os médicos Dozous e Vergez os aplicaram de forma intuitiva aos casos que eles analisaram. Mas desde então, a medicina mudou muito.

Estes critérios apresentam dúvidas hoje, ainda que sejam uma proteção contra o risco de uma inflação de milagres. Um investigador já não pode dizer que uma cura é inexplicável para sempre. Só pode dizer que são inexplicáveis no momento atual da pesquisa científica.

Hoje, de fato, vários destes critérios apresentam objeções. Como posso ter certeza do diagnóstico, se a pessoa foi curada? Os exames foram feitos de forma correta? Hoje já não podemos continuar dizendo que uma cura é impossível; dizemos que o prognóstico é pouco favorável e que isso torna a cura altamente improvável, segundo as estatísticas. Acima de tudo, seja qual for a doença, tentamos curá-la. E a Igreja sempre incentivou o uso da medicina.

Os demais critérios continuam sendo válidos, mas atualmente, para o reconhecimento de um possível milagre, é preciso cumprir cada um dos critérios. Por isso, não é de surpreender que os milagres reconhecidos sejam escassos. Não é porque a fé mudou, mas porque a cultura mudou: a ciência antes era afirmativa, enquanto a pesquisa agora é um perpétuo questionamento.

Um pesquisador hoje, seja qual for o seu campo, nunca dirá que um fenômeno não pode ser explicado; ele dirá que não tem a chave, mas que está em busca dela: ele é pago para isso.

Certos males que antes eram incuráveis hoje já não o são; por isso, antes de que existisse o atual tratamento, sua cura poderia ser considerada um milagre.

Depois de um século e meio, as teorias que pretenderam explicar as curas de Lourdes não refletem a realidade. Os médicos de hoje sabem que não conhecem tudo: Lourdes lhes interessa.

É interessante que, depois de 150 anos, continuemos ouvindo as mesmas explicações falsas: que a água de Lourdes deve ter propriedades terapêuticas, quando um grande número de curas não tem nada a ver com ela; que o fervor explicaria as curas, quando os que se curam não são os mais fervorosos. E o que dizer do fervor de uma criança de dois anos, como Justin Bouhort, ou de uma de três anos, como Francis Pascal?

 

Uma pessoa honesta reconhece que nunca terá todas as respostas. Os cristãos veem nestas curas inexplicáveis sinais da ressurreição e se alegram quando constatam que a medicina cura novas doenças.

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