Depois de ser abusada, minha mãe não abortou, perdoei e confessei o meu pai.

 

 

ACI

Eu poderia estar em uma lata de lixo, mas me deram a vida”, afirma o sacerdote Luis Alfredo León Armijos,(foto) de Loja (Equador) quem aos seus 41 anos compartilha sua história. O seu nascimento foi fruto de um estupro quando sua mãe tinha apenas 13 anos. O presbítero também conta como conheceu e perdoou o seu pai a quem confessou e que agora leva uma vida de fé.

Em diálogo telefônico com o grupo ACI em 6 de fevereiro, o sacerdote diocesano e pároco da Paróquia São José em Loja, relatou que sua mãe, María Eugenia Armijos Romero, quando ainda era menor, cuidava e limpava uma casa em Loja para ajudar os seus pais e seus sete irmãos: “o dono da casa aproveitando que estava sozinho, abusou dela deixando-a grávida”.

Apesar do rechaço de sua família que “não queria que o bebê nascesse e por isso batiam na sua barriga e davam-lhe algumas bebidas para que abortasse”, María sempre defendeu a vida de seu filho e ao ver-se sozinha e sem apoio “orou e sentiu em seu coração que o Senhor lhe dizia: defende essa criança que está em ti”, contou o Pe. León.

María fugiu de Loja para a cidade de Cuenca onde sobreviveu por seus próprios meios. No domingo 10 de outubro de 1961 às 10:00 a.m., em um parto cheio de complicações por sua pequena idade e fraca contextura, nasceu Luis Alfredo com alguns problemas respiratórios que o amor de mãe também ajudou a sanar.

Depois de um tempo e com a ajuda paterna, María voltou para Loja para começar “uma vida como mãe solteira. Meu pai aceitou reconhecer-me e encarregar-se de mim, mas isso não quer dizer que as coisas estavam bem entre eles”, relatou o Pe. León.

O presbítero recorda que seu “pai visitava sempre a casa e cumpria suas obrigações para conosco. Eles (seus pais) tiveram mais 3 filhos, e minha relação com ele era distante, mas boa. Eu tinha muito respeito por ele, infundia autoridade, foi muito forte comigo, me levava para trabalhar”.

Quando o Pe. León tinha 16 anos o convidaram à Renovação Carismática onde “tive meu primeiro encontro com Cristo, aprendi de seu amor maravilhoso”, e começou a pregar e dar catequese “em todo lugar que Deus me colocava” como nos ônibus e nas casas de recuperação de menores.

Aos 18 anos sentiu o chamado à vocação sacerdotal e ingressou no Seminário de Loja sobrepondo-se à oposição do seu pai. “Ele me dizia: você não pode ser sacerdote porque você deve saber bem quem você é”.

Com uma permissão especial do Bispo por sua pouca idade, foi ordenado aos 23 anos: “foi toda uma bênção para minha vida”, recorda.

Dois anos depois ingressou no Caminho Neocatecumenal e sua mãe lhe contou, depois de terminar a relação com seu pai, como foi que veio ao mundo. Isso marcou o ponto de início para um caminho de reconciliação de ambos. O sacerdote ajudou a sua mãe a entender que não podia odiar o seu pai e que Deus a convidava a amar sua própria história.

O sacerdote relatou ao grupo ACI que com esta experiência ele compreendeu que sempre tinha pregado aos outros sobre o amor de Cristo em suas vidas e agora entendia que “Deus me permitia ser sacerdote não para julgar, mas para perdoar, para ser instrumento de sua misericórdia, e eu tinha julgado muito o meu pai por tudo”.

Anos mais tarde recebeu uma ligação do seu pai “ia fazer uma operação e estava com medo, e me disse: quero que me confesse”. Depois de 30 anos sem comungar, “meu pai retornou à comunhão, à Eucaristia”.

“Eu lhe dizia: pai, você merece o céu, uma vida eterna, assim como a Igreja também está me fazendo ver o céu, e nesse momento os olhos do meu pai se encheram de lágrimas”.

Quando o Pe. León prega para mães gestantes que passam por dificuldades lhes recorda que assim como Jeremias, Deus forma no ventre a vida de um filho, e que não o vejam como “um filho que traz sofrimento, que traz dor, eu lhes digo que um filho traz a salvação, traz bênçãos”.

“Como Jesus Cristo que foi insultado, açoitado, já desde menino foi causa de cruz e de dor, em seus filhos recebam a bênção de Jesus” adicionou.

O presbítero aconselha aos filhos que conheçam bem “a própria história. Aprendam a ver as coisas desde o amor de Deus. Podemos inteirar-nos de nossa história e odiar a própria vida, julgar a Deus como aconteceu comigo, mas descobri que o amor de Deus tinha estado aí me cuidando em toda a vida”.

“Jovem, se o pai da terra errou e te falhou, Deus Pai nunca nos falhou. Se for filho e mãe solteira deve ver em sua vida como Deus Pai te cuidou”, exorta.

“Eu poderia estar em uma lata de lixo, mas me deram à vida, eu digo é uma gratuidade, tudo o que tenho, a vida em si mesmo é um dom delicioso que Deus dá”, concluiu.

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