Porque a Igreja não aceita a Maçonaria?

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Algumas razões:

1) Racionalismo

– Doutrina que privilegia a razão como fonte única de conhecimento verdadeiro. Não há síntese possível entre a doutrina católica e a doutrina da Maçonaria racionalista ou com a de uma Maçonaria que se diga espiritualista. O iluminismo, quer em sua forma racionalista, deísta e laicista, defensora da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, quer em sua forma espiritualista gnóstica, defensora de que há no homem uma centelha, ou semente, divina, é essencialmente errado e absolutamente inaceitável. (Cfr. Sobre os dois tipos de iluminismo : Antoine Faivre, L´Ésotérisme au XVIII éme Siècle en France et en Allemagne, Seghers, Paris, 1973).

2) Deísmo

– Doutrina que defende que Deus criou o Mundo e dotou-o de leis de modo a que perdure, mas não intervém no seu funcionamento. A Maçonaria sempre afirmou, e continua a afirmar, a prioridade absoluta da razão natural como fundamento da verdade, da moralidade e da própria crença em Deus. A Maçonaria não é um ateísmo, pois admite um “deus da razão”. Exclui qualquer revelação sobrenatural, fonte de verdades superiores ao homem, porque têm a sua fonte em Deus, não aceitando a objetividade da verdade que a revelação nos comunica, caindo na relatividade da verdade a que cada razão individual pode chegar, fundamentando aí o seu conceito de tolerância. O deísmo maçônico pode desembocar no agnosticismo e materialismo. “O deísmo é a crença na existência de Deus, sem revelação nem culto. É a religião da razão.” (RAGON, J-M. Ritual do Aprendiz Maçom. Pensamento, p.51)

3) Relativismo religioso

– nega-se, a validade perene da verdade. Afirmam que o que era verdade numa época, pode já não sê-lo noutra. A validade perene da verdade fica subjugada ao tempo e lugar. Nega-se a validade da verdade que pela sua real sabedoria consegue superar as fronteiras do espaço e do tempo. Assim, como dissemos, relativizando a verdade, o certo e o errado, caímos na fossa, porque eliminada a culpa, não há arrependimento, sem arrependimento, não há reparação. Tudo se torna permitido, porque o que é certo para uns, podem não ser para outros, o que é errado para uns pode não ser para outros. Se seguirmos a ideologia relativista, não poderíamos julgar ninguém por nada, já que o que se considera errado agora poderia tornar-se certo no futuro! Ora, neste sentido não haveria verdade para ninguém, o que é um absurdo e contraproducente. Neste sentido, o infanticídio não é objetivamente um bem ou um mal; pelo contrário, é um bem numa sociedade que o aprove e um mal numa sociedade onde não obtenha aprovação, já que a moral é um produto da cultura e não se tem meios claros para resolver as diferenças, bastando para tal ser tolerantes com outras culturas e não olhá-las como estando erradas, mas como sendo diferentes. Admitir o relativismo implica que a intolerância e o racismo sejam um “bem” se a sociedade o aprovar como um “bem”. Se todas as coisas são aparentes e relativas, então podemos afirmar que não existe nada de verdadeiro, livre e absoluto entre as pessoas. Em outras palavras, se todas as pessoas negam a verdade absoluta e estabelecem verdades relativas unicamente provindas de suas experiências, então tudo é aparente ao indivíduo. Perguntamos: partindo dessa premissa, como então poderá alguém julgar o que é realmente certo ou errado, verdade ou mentira? Mas sabemos que quando temos idéia de um ser que corresponde ao que ele é, então possuímos a verdade sobre aquele ser. Verdade é a correspondência entre a idéia que se tem de um ser e o próprio ser conhecido. A verdade não depende do que cada um acha, mas depende do objeto. A Verdade é objetiva. Ainda que todo o mundo dissesse que sol é frio, ele continuaria quente. A verdade não depende do que achamos e nem do que a maioria acha. O próprio postulado relativista muito em voga atualmente afirma irracionalmente que a verdade não existe. Ora, a sentença “a verdade não existe” é contraditória, porque :

a) ou essa tese é correta

b) ou é falsa.

Se a tese é correta, então eis aí a única coisa de que o homem pode ter certeza, a única tese realmente segura, a única verdade: a de que a verdade não existe. Aí está a verdade. Portanto, a verdade existe. Se a tese afirmada é falsa, então a afirmação oposta é certa. E a verdade então existe. Portanto, as duas pontas do dilema levam à conclusão de que a verdade existe. As verdades cujo prazo de validade se esgota em alguns anos são mentiras camufladas, manipulação da linguagem, arremedos de verdade que, como tais, causam medo, e não alegria. “Os homens não criam verdades, apenas constatam” (Santo Agostinho, A doutrina cristã, Iib, 33, 50.); “Não é o ato de reflexão que cria as verdades. Ele somente as constata” (Santo Agostinho, A verdadeira religião, VI, 40, 74.)

4) Livre-pensamento ou doutrina do juízo privado

– “Aqueles que, abandonando os ditados das verdades e da moral religiosa da Revelação Tradicional, e não aceitando nenhum ensinamento dogmático no terreno da autoridade, baseiam suas crenças apenas em sua própria razão. O Renascimento, Reforma e o Iluminismo plasmaram o indivíduo ocidental moderno, que não é oprimido por fardos exteriores, como autoridade e a tradição. As pessoas estão menos inclinadas a se submeter a juízos “oficiais”. Com este culto do homem, a religião sai da esfera comunitária e é conduzida à esfera do privado, o que prepara o terreno para a “sacralização” do eu, do indivíduo, e dos valores individuais em detrimento dos valores comuns. Pierre Collin sustenta que ‘no fundo, o homem moderno é o homem antigo, o homem anterior ao cristianismo, que pretende não depender senão da natureza e da razão’. ‘Pois bem, no mesmo momento em que o Renascimento proclamava esta soberania dos direitos da natureza e da razão, o Protestantismo, de seu lado, estabelecia o princípio da livre interpretação das Sagradas Escrituras, e o substituía, em matéria de doutrina, ao dogma da autoridade da Igreja’ (Pierre Collin, op. cit. p. 46). O livre pensador é o homem que não reconhece outra autoridade religiosa sobre ou fora dele mesmo, que retira da sua própria consciência a verdade religiosa da qual ele vive: o homem moderno é aquele que entende não depender senão de si mesmo, dito de outro modo, aquele que é Deus por si mesmo. De um lado e do outro, Vós o vedes, chega-se à doutrina da autonomia e da glorificação pessoal do homem. Este é o espírito moderno, tal qual ele,hoje, nos aparece constituído, e ele é radicalmente contrário ao espírito cristão’ (M. Baudrillart, discurso citado, apud. Pierre Collin, op. cit., p. 46.).

5) Crença no progresso contínuo (fetiche do progresso)

Na História da Humanidade encontramos progressos e retrocessos, numas áreas e noutras. Haverá bases suficientes para se poder afirmar, em rigor, que a humanidade progride sempre, sem parar? Faz sentido, a crença moderna no progresso contínuo produto da sociedade industrial? Não servirá esta idéia gratuita do progresso absoluto uma arma de arremesso do laicismo materialista (agora dominante) contra a intelectualidade do passado (considerada “caduca” ou “primitiva”, ou ainda “antiquada”)?

Muito conveniente são as palavras do Papa Bento XVI a esse respeito: “No século XIX, já existia uma crítica à fé no progresso. No século XX, Teodoro W. Adorno formulou, de modo drástico, a problematicidade da fé no progresso: este, visto de perto, seria o progresso da funda à megabomba. Certamente, este é um lado do progresso que não se deve encobrir. Dito de outro modo: torna-se evidente a ambiguidade do progresso. Não há dúvida que este oferece novas potencialidades para o bem, mas abre também possibilidades abissais de mal – possibilidades que antes não existiam. Todos fomos testemunhas de como o progresso em mãos erradas possa tornar-se, e tornou-se realmente, um progresso terrível no mal. Se ao progresso técnico não corresponde um progresso na formação ética do homem, no crescimento do homem interior (cf. Ef 3,16; 2 Cor 4,16), então aquele não é um progresso, mas uma ameaça para o homem e para o mundo. Antes de mais, devemos constatar que um progresso por adição só é possível no campo material. Aqui, no conhecimento crescente das estruturas da matéria e correlativas invenções cada vez mais avançadas, verifica-se claramente uma continuidade do progresso rumo a um domínio sempre maior da natureza. Mas, no âmbito da consciência ética e da decisão moral, não há tal possibilidade de adição, simplesmente porque a liberdade do homem é sempre nova e deve sempre de novo tomar as suas decisões. Nunca aparecem simplesmente já tomadas em nossa vez por outros – neste caso, de facto, deixaríamos de ser livres. A liberdade pressupõe que, nas decisões fundamentais, cada homem, cada geração seja um novo início.”(Carta Encíclica Spe Salvi, Papa Bento XVI)

Fonte: Adversus Haereses

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